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Açu passa a ser o 3º porto do país

Com investimentos de quase R$ 5 bi esse ano, terá início a 2ª termoelétrica gerando mais 4 mil empregos

Entrevista
Por Aloysio Balbi
21 de dezembro de 2020 - 5h00

Vinicius Patel é diretor da Administração Portuária do Porto do Açu, em São João da Barra, concedeu uma entrevista exclusiva ao Terceira Via falando do avanço do empreendimento e do esforço que foi feito para deter a pandemia do COVID/19 entre os mais de 2.300 operários que trabalham neste que é o maior empreendimento privado em curso no país. Ele está na função desde 2019 e já foi CEO da Dome, também do Grupo Prumo, e anteriormente passou pela GranlHC e pela Petroquímica Braskem, sendo graduado em Administração de Empresas com MBA em finanças e Gestão de Negócios.

Patel disse que foi feito um esforço imenso para evitar o contágio do COVID um trabalho que definiu como sucesso, já que poucos colaboradores foram vítima do contágio. Reafirmou a informação de que o Porto vai receber mais de R$ 4 bilhões de investimentos para a 2ª Termoelétrica.

Revelou que a construção da primeira termelétrica e do Terminal de GNL da GNA gerou 5,5 mil empregos no pico da obra. Com a construção da 2ª termoelétrica a previsão é de que sejam gerados no pico das obras cerca de 4 mil empregos. Outra novidade revelada foi a entrada definitiva do Porto do Açu no que se refere ao agronegócio, com a importação de fertilizantes destinados a Minas Gerais e Espirito Santo. Nos últimos dois anos o Porto do Açu passou a ser o terceiro em movimento de cargas, ficando atrás somente do Porto de Santos (SP) e do Porto do Paraná.

Para 2021, a expectativa é ampliar as importações para outros estados, principalmente no Sudeste e Centro-oeste. Com a expansão do Terminal Multicargas e com o novo armazém coberto instalado no T-MULT, o Porto poderá na entressafra movimentar também grãos. Essa é outra aposta para os próximos anos, com a estreia do Açu na exportação de soja. Disse ainda que o heliporto já é uma realidade e está com as obras civis praticamente concluídas. A operação começa ano que vem e tem foco na indústria offshore, suprindo todas as empresas da cadeia de óleo e gás que atuam no Norte Fluminense. O Aeródromo do Açu será um heliporto com 20 posições para aeronaves e capacidade para transportar até 30 mil passageiros por mês.

O Porto do Açu inicia o ano de 2021 com a expectativa de um investimento de R$ 4,5 bi para sua segunda termelétrica. Quantos empregos esse empreendimento vai gerar no curso da obra?
A construção da primeira termelétrica e do Terminal de GNL da GNA gerou 5,5 mil empregos no pico da obra. Com a UTE GNA II, a previsão é de aproximadamente 4 mil empregos no pico dos trabalhos. A construção das térmicas trouxe bons exemplos de diversidade, capacitação e inclusão, proporcionando a oportunidade de formação da primeira turma de soldadoras formada somente por mulheres, reforçando a expressão de nossos valores. Desde o início da obra, já são 20 milhões de horas trabalhadas sem acidentes com afastamento, um benchmark na indústria. Mais de 11 mil trabalhadores passaram pelas obras da GNA, sendo a maioria mão de obra local.
Quando em operação, este será o maior parque termelétrico na América Latina. São mais de R$ 9 bilhões de investimentos para o país, alocados entre UTE GNA I (1.3MW), UTE GNA II (1.7MW) e o Terminal GNL (21MMm3/dia de capacidade de regaseificação).

Em 2019 foi o terceiro porto do país em movimento de cargas, ficando atrás de Santos (SP) e do porto do Paranaguá. A tendência é de um aumento maior no volume de cargas em 2021?
O Porto do Açu é um empreendimento portuário muito jovem, mas que já demonstra sua alta capacidade. Com apenas seis anos de operação, já ocupa a terceira posição em movimentação entre os portos organizados. O Açu é moderno, sustentável e com porte internacional. Por ser o único totalmente privado do país, consegue ser a melhor opção para os clientes, pois todas as movimentações podem ser feitas de forma customizada – o que o torna muito mais competitivo. O Terminal Multicargas (T-MULT), por exemplo, registrou uma média anual de movimentação de 64% desde que foi inaugurado, com aumento expressivo também de cargas e clientes, 12 e 36 respectivamente. A expectativa é ampliar este volume em 2021, principalmente por agregar ao portfólio o serviço de comboios oceânicos entre os portos do Rio e Açu e também pela entrada do Porto no agronegócio, com a consolidação da movimentação de fertilizantes.

A questão das importações de fertilizantes, que neste primeiro momento atende demandas de Minas Gerais, tente a aumentar com importações feitas por outros estados?
O Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes que utiliza e o Porto do Açu inseriu o estado do Rio neste mercado em 2020 – até então, era o único da costa nacional do Rio Grande do Sul até a Bahia que ainda não realizava este tipo de movimentação em navios granel. Já atendemos Minas Gerais e Espírito Santo. Para 2021, a expectativa é ampliar as importações para outros estados, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste. Com a expansão do Terminal Multicargas e com o novo armazém coberto instalado no T-MULT, podemos na entressafra movimentar também grãos. Essa é outra aposta para os próximos anos, com a estreia do Açu na exportação de soja.

Parece mesmo que o ano de 2021 será histórico para o Porto do Açu. Além das termelétricas vocês vão construir um heliporto com capacidade para 20 helicópteros. Quando essa obra deve ser concluída?
O heliporto já é uma realidade e está com as obras civis praticamente concluídas. A operação começa ano que vem e tem foco na indústria offshore, suprindo todas as empresas da cadeia de óleo e gás que atuam no Norte Fluminense. O Aeródromo do Açu será um heliporto com 20 posições para aeronaves e capacidade para transportar até 30 mil passageiros por mês.

Hoje trabalham no porto cerca de 7.000 pessoas e em um ano de pandemia, vocês conseguiram lidar bem com esse problema, registrando poucos casos. Como conseguiram isso?
A pandemia foi um grande desafio, mas oportunidade de colaboração e também de grande reconhecimento para o Porto do Açu. Desde os primeiros casos da Covid-19 no Brasil, implementamos todos os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde para garantir a segurança das pessoas e a continuidade das nossas operações. Somos atividade essencial e não podíamos parar. Agradecemos muito o empenho e a confiança dos nossos colaboradores. Sem a contribuição deles não seria possível manter o Açu operando e ainda batendo recordes, como tivemos em minério de ferro e petróleo este ano.
Os esforços foram reconhecidos inclusive internacionalmente: o Porto do Açu liderou a força-tarefa de combate ao vírus entre portos mundiais pela Associação Internacional de Portos (IAPH). O intuito era a troca de boas práticas para mitigar os efeitos da pandemia e, assim, viramos referência entre portos como Los Angeles e Antuérpia.
Outro fator positivo foi que reforçamos a nossa atuação na comunidade. Doamos R$ 2,5 milhões para o Instituto IDor em parceria com outras empresas, 7 toneladas de alimentos adquiridos de produtores locais para instituições de caridade e mais de 100 mil equipamentos de proteção individual para os que atuam na linha de frente da pandemia, no Norte Fluminense.

O foco para operações voltadas para a indústria do petróleo continua. A refinaria Landulpho Alves, da Petrobras, na Bahia, está praticamente vendida para a Mubadala. Isso tem reflexos no Porto do Açu?
O Mubadala é um dos acionistas do Porto do Açu e investe em diversas oportunidades no Brasil, considerado estratégico para o fundo de investimentos. Por enquanto, ainda não há nada definido, mas temos total interesse em atuar em sinergia no futuro.

Quantos navios atracaram no porto do Açu em 2020 e qual a previsão em 2021?
Já são mais de 12 mil acessos no Porto do Açu desde 2014. Para 2021, os prognósticos são de superar os acessos deste ano, que até novembro foram contabilizados em 2.914.

O ano de 2020 foi marcado no Açu com a primeira empresa sediada em Campos exportando, porém mandando mercadorias para o porto do Rio e depois seguir seu destino. Isso pode acontecer com outras empresas locais?
Com certeza. O contrato de cabotagem feeder com a Companhia de Navegação Norsul possui saídas quinzenais e é uma alternativa para as empresas locais exportarem ou importarem seus produtos. É uma opção mais segura, econômica e sustentável do que o transporte de cargas via rodovia.

Empresa chinesas estariam voltando a fretar com o Porto do Açu, e já haveria inclusive negociações bem adiantadas. Isso é realmente fato ou apenas uma expectativa?
A parceria firmada com a SPIC, conglomerado chinês de energia, na GNA é um excelente exemplo dos frutos possíveis desse relacionamento de longo prazo do Açu com a Ásia.

Diria que até o final desta década o Porto do Açu em percentuais estará operando com que capacidade?
A satisfação de estar no Açu e fazer parte desse desenvolvimento é a construção de oportunidades para as pessoas e para a região, atuando de forma responsável e sustentável em uma velocidade de novidades e conquistas que se reflete em raríssimos lugares no Brasil e no mundo. Com isso, posso falar que a expectativa e sonhos são enormes e que chegaremos lá com muita dedicação e respeito às pessoas e ao meio ambiente.

Isso seria suficiente para mudar o perfil socioeconômico da região, mais precisamente de São João da Barra e Campos?
Sim, acreditamos que esta é a região mais promissora do país nos próximos anos. O Porto do Açu já é o principal empregador do Norte Fluminense e vetor de crescimento no estado do Rio. Com o pré-sal, a nova legislação do gás, a plena operação das térmicas em construção e a instalação do parque industrial, este será um empreendimento imbatível no país. O Açu reúne em um só local infraestrutura moderna e localização geográfica privilegiada, com imensa retroárea para a instalação de novas empresas. Com o crescimento do Açu, toda a região do entorno também cresce. Teremos mais oportunidades de emprego, geração de renda e aquecimento do comércio local.

Existe a expectativa de que a operação das duas termelétricas atraia indústrias para se instalarem na região?
O plano para os próximos cinco anos, com a chegada do gás mais competitivo e as duas usinas em operação, é que a atração de empresas que precisam do gás como matéria-prima seja imediata. Assim, teremos cumprido marcos importantes do desenvolvimento do Porto e aberto a fase da industrialização, que se iniciará por indústrias de fertilizantes e petroquímicas e acreditamos que se diversificará para os principais segmentos industriais.