Por tradição, mantém a mesma belíssima e iluminada imagem de Jesus Cristo na Manjedoura, como forma de lembrar a todos que é tempo de Natal, de fraternidade e de solidariedade para com o próximo; de perdoar e dar graças pela saúde, pela comida em nossa mesa e pelo teto que nos guarda – os quais, só por vontade e permissão de Deus, nos é conferido.
Ao longo desse período, os textos escritos nesta época versaram ora sobre assuntos favoráveis e promissores, ora a respeito de temas desafortunados, como crise política, corrupção, governos desmoronando, recessão econômica, violência desenfreada, danos provocados por climas extremos, aumento da desigualdade com ampliação desumana da miséria, e outros tantos ligados a questões de infortúnio e flagelo.
Contudo, por mais nefasta que fosse a situação vigente naqueles períodos de fins de dezembro, nenhuma outra, nem de longe, pode, minimamente, ser comparada à provação que se está passando em 2020 e que, infelizmente, alcança a época de Natal, impedindo que a data seja comemorada como mister acontece nesta que é a fase mais bonita do ano.
São tempos de dores e sofrimento como poucas vezes o mundo presenciou e, no caso do Brasil – exceto pela ‘Gripe Espanhola’ ocorrida há 100 anos – sem precedentes.
Período de aflições
O ano de 2020 está sendo marcado a ferro, fogo e mortes pela pandemia do novo coronavírus que atinge todo o mundo em escalada meteórica de contágio. A Covid é uma doença cruel. Quando branda, pode passar assintomática ou resultar em reações leves. Em tese, nesses casos não é conhecido da possibilidade de retorno ou danos futuros. Mas quando a doença ‘entra’ de forma mais agressiva, provoca dores e sofrimento. Pode deixar sequelas ou matar, sendo que o Brasil amarga o penoso número de 185 mil mortes e mais de 7 milhões de pessoas infectadas.
O País, como alguns outros mundo afora, tratou mal a doença, atrasou o tratamento e negligenciou as medidas de restrição. Em atitude negacionista, o próprio governo federal cruzou os braços ante as aglomerações e politizou a pandemia, o que possivelmente fez aumentar o número de vítimas. Sem o exemplo que deveria vir de cima, parte da população não faz sua parte, minimiza a doença e contribui para sua aceleração.
Agora, quando a vacina surge como luz no fim do longo túnel, também sua aplicação gera polêmica. Enquanto o Supremo autorizou que a União, estados e municípios possam determinar a obrigatoriedade da vacinação (o que, por óbvio, será decisão do governo Central e dos entes federativos optarem ou não por implantar o caráter obrigatório) alguns questionam a segurança de algumas dessas vacinas aprovadas em tempo recorde e usam como exemplo ilustrativo alguém ser obrigado a tomar determinado remédio cuja bula alerta para possíveis danos colaterais. Enfim, tudo muito nebuloso.
Se neste espaço, em todos os períodos de Natal, foram pregados votos de recomeço, lembrando que o dia do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo é o tempo certo para a verdadeira renovação, tendo em vista que Sua palavra e Seus ensinamentos é que nos conduzirão à verdadeira transformação – cada qual buscando em si mesmo tornar-se uma pessoa melhor – mais ainda em tempos de angústia, como o de agora, devemos buscar a Cristo e Nele depositar todas as nossas esperanças em dias melhores.
De propósito – conforme dito no início do texto – repete-se a mesma bela ilustração de todos os anos, acrescentando-se os versos de Ivan Lins das letras de ‘Bandeira do Divino’ e ‘Guarde nos olhos’, apropriados ao momento.
Bom Natal para todos. E que daqui a 12 meses possamos agradecer pela pandemia ter ido embora.
Os devotos do Divino
Vão abrir sua morada
Pra bandeira do menino
Ser bem-vinda, ser louvada, ai ai
Deus nos salve, esse devoto
Pela esmola em vosso nome
Dando água a quem tem sede
Dando pão a quem tem fome, ai ai
A bandeira acredita
Que a semente seja tanta
Que essa mesa seja farta
Que essa casa seja santa, ai ai
Que o perdão seja sagrado
Que a fé seja infinita
Que o homem seja livre
Que a justiça sobreviva, ai ai
Assim, como os três reis magos
Que seguiram a estrela-guia
A bandeira segue em frente
Atrás de melhores dias, ai ai
No estandarte, vai escrito
Que ele voltará de novo
E o Rei será bendito
Ele nascerá do povo, ai ai
Guarde nos olhos
A água mais pura da fonte
Beba esse horizonte
Toque nessas manhãs
Guarde nos olhos
A gota de orvalho chorado
Guarde o cheiro do cravo
Do jasmim, do hortelã
Guarde o riso
Como nunca se fez
Corra os campos
Pela última vez
Guarde nos olhos
A chuva que faz as enchentes
Vai um pouco com a gente
Rumo a capital
Vai dentro da gente
Vamos pra capital
Tá nos olhos da gente
Vamos pra capital