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Como tratar a insônia?

Especialista revela que dependendo do caso, não é preciso utilizar medicamentos

Saúde
Por Redação
20 de dezembro de 2020 - 7h09

Passar a noite em claro, acordado, é a realidade de muitas pessoas. De acordo com a Associação Brasileira do Sono, de cada três brasileiros, pelo menos um tem insônia — um distúrbio que se caracteriza pela alteração do padrão do sono. E conviver com o problema é difícil, de modo que acaba atrapalhando e muito a rotina de uma pessoa que não consegue dormir uma quantidade de horas adequada para sustentar o seu organismo. A insônia gera no dia seguinte, após ficar um bom tempo acordado, cansaço, falta de atenção e outras alterações. É preciso, portanto, entender o que causa essa alteração e tratar de forma adequada, a fim de evitar uma interferência e desgaste na qualidade de vida desse paciente.

A neurologista, Dra. Luiza Lopes, explica que existem vários tipos de insônia e que os estudos sobre o tema avançaram muito ao longo dos anos. Segundo ela, é preciso entender a situação do paciente, antes de mais nada, e saber que cada um tem um padrão de sono diferente do outro. “Às vezes, a pessoa está dormindo a quantidade de horas corretas, mas gostaria de dormir mais ou de ter outro padrão de sono. É muito comum também, principalmente em idosos e adolescentes, os casos de inversão do sono, dormir de dia e ficar acordado à noite. Nestas situações, não se trata de insônias verdadeiras. Logo, só é considerado mesmo um distúrbio do sono, se o paciente realmente está com a alteração da quantidade de horas que está acostumado a dormir, em que há uma mudança no padrão, uma redução. Essa diminuição não precisa necessariamente ser do tempo total, mas sim de iniciar o sono ou de acordar antes do normal. É preciso perceber o padrão de sono do paciente e a quantidade de horas necessárias para que o cérebro dele descanse”, diz.

Causas
A especialista ressalta que existem diversas causas de insônia. Algumas são endógenas, provocadas por doenças capazes de alterar o padrão do sono, sejam elas neurológicas ou não. “Existem os distúrbios do sono primários, quando não há nada especificamente causando, ou secundários, quando há alguma condição que os provoca. Às vezes, o paciente está fazendo um tratamento que gera dor e então ele não dorme ou por causa de um incômodo ou também por transtornos psiquiátricos, que alteram muito o padrão do sono, em que não ele dorme porque está ansioso ou depressivo”, comenta.

Tratamento
A neurologista afirma que existem duas formas de tratamento para a insônia e nem sempre será a medicamentosa. “Inicialmente, orientamos o paciente a mudanças no estilo de vida e alteração de alguns hábitos. Na questão do tratamento não medicamentoso, se fala muito na higiene do sono. É na verdade uma limpeza em algumas coisas erradas que a gente faz que atrapalham o nosso sono. Ela por si só já ajuda muito. Só se lança mão dos medicamentos em último caso. Antes, fazemos todas as orientações, procuramos todas as possíveis causas e corrigimos. Depois de tudo, se não deu certo, aí pensamos nos medicamentos se forem necessários”, garante.

Automedicação
Um dos maiores perigos, seja no problema da insônia ou em outras alterações do organismo, é a automedicação. Um grave problema mundial em que os pacientes acreditam que podem solucionar uma doença ou alteração de saúde tomando remédios por conta própria. “A gente houve muito relatos de pessoas que compram medicamentos, na maioria das vezes os tarja preta, e em muitos casos não foi o médico que prescreveu. Ele consegue comprar sem receita, pega de um vizinho, de um amigo e isso é muito sério. Essas medicações podem causar vício, dependência física e psíquica. Inicialmente, podem parecer que fazem um efeito bom, mas a longo prazo vão causar diversos problemas na vida do paciente e atrapalhando, inclusive, o padrão do sono dele. É importante frisar que só deve tomar medicações para tratar a insônia, principalmente as controladas, com orientação médica”, alerta.

É possível conviver com a insônia?
E a Dra. Luiza ainda pontua que em todos os tratamentos a prioridade é a busca por uma melhor qualidade de vida. “Na verdade, é quase que impossível viver bem com insônia. O paciente não vai viver bem tendo um distúrbio do sono, já que gera cansaço, falta de concentração e outros problemas. Em relação à higiene do sono, uma das coisas que pontuo é que o paciente tenha horários regrados para dormir e acordar, não fazer refeições muito pesadas à noite e evitar só ir para a cama quando estiver com sono. Hoje, é muito comum ir para a cama com celulares, tablets e computadores e isso é muito maléfico. A hora do sono é um momento para o cérebro, que tem que estar tudo em silêncio e sem informações luminosas. Se o paciente consegue seguir essas orientações, melhora muito a qualidade de vida”, completa.