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Uma abordagem de apoio e proteção aos prematuros

O tema tornou-se um desafio na medicina em meio a pandemia do coronavírus

Saúde
Por Redação
5 de dezembro de 2020 - 14h43

Todos os anos nascem 15 milhões de bebês prematuros; a cada dez nascidos, um é prematuro, confirmam dados (Foto: divulgação)

O mês de novembro está se encerrando, mas as campanhas de conscientização que marcaram os últimos dias não podem ser esquecidas. A cor roxa também é muito vista neste período, justamente para divulgar um alerta: é preciso apoiar a causa da prematuridade. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que atualmente, o Brasil é o décimo país com mais partos prematuros no mundo, com cerca de 340 mil nascimentos de bebês nessas condições por ano. A incidência de prematuros já é um problema bastante concreto e é claro que a pandemia tornou esse quadro ainda mais complexo.

Para o médico neonatologista, Dr. Luis Alberto Mussa Tavares, a frase da médica paliativista Cicely Saunders “o sofrimento humano só é intolerável quando ninguém cuida” é perfeita para definir como deve ser a abordagem envolvendo os prematuros e suas famílias. “Traduzindo para o universo da prematuridade, significa que a dor de cada mãe desses bebês só se torna exageradamente grande quando ela não é cuidada. É preciso protegê-los e esta campanha foi criada para discutir e organizar ações sobre a forma de tratamento do parto prematuro, como cuidar de um bebê que nasce antes do tempo. As diversas formas de atuação para diminuir os níveis do sofrimento causados por esses nascimentos ficam no primeiro plano”, ressalta.

 

Pediatra Luis Alberto Mussa defende a Lei do Prematuro

O especialista explica que ao nascerem antes da 37ª semana de gestação, de alguma maneira, esses bebês precisão de alguma atenção além da habitual, seja de aquecimento, oxigênio, observação ou até medidas de terapêutica mais agressivas e afastamento da família. “Para cada uma dessas ações cria-se mecanismos para amenizar os efeitos não só na história da criança, mas principalmente na vida da família, porque a dor é inevitável, mas o sofrimento pode ser abrandado. A mensagem que é preciso passar é que existe uma preocupação específica do ambiente profissional para apoio e a família, sabendo que existe esse apoio, entende que pode contar com as instituições e isso se espalha pelo mundo inteiro através das campanhas. É uma verdadeira corrente do bem!”, encoraja.

Acolhimento
De acordo com o médico, é preciso esclarecer que um bebê prematuro tem vários graus de intensidade e em todos estes casos é preciso acolher e oferecer esclarecimentos as famílias de todas as formas. “Pode ser um prematuro leve que vai ficar algumas horas ou pode ser um prematuro extremo que vai demorar 60 ou até 90 dias na UTI. Pode ser ainda um prematuro com uma comorbidade respiratória, ou um prematuro que está sujeito a processos infecciosos ou até que passa isento de tudo.

Logo, a família tem que ser comunicada e essa comunicação precisa obedecer a um passo a passo respeitoso, para que ela compreenda as interferências daquela prematuridade na saúde do seu bebê, os possíveis mecanismos de modificação dessas condições que são oferecidas pelas UTIs. Caberá à família compreender e ter ciência das possibilidades. A verdade é sempre libertadora nesses casos. A partir dessa consciência que a família tem, podemos falar das visitas, do aleitamento materno e de outros fatores. Os pais serão apoiados a enfrentarem essas dificuldades e entendendo nós iremos resolver e tratar juntos. O grande benefício que podemos oferecer a família é a informação”, comenta.

Como lidar com um prematuro?
Dr. Luis Alberto relata que a neonatologia tem aprendido cada vez mais a lidar com esse bebê ao lado da sua família. Segundo ele, atualmente, já foram criados diversos tipos de abordagens de cuidado, não só com os prematuros, mas também com os pais. “Os riscos de um nascimento prematuro são os mesmos da chegada ao planeta de um cérebro em desenvolvimento. Nós protegemos o desenvolvimento cerebral. E como diminuir os riscos? É possível que a gente não consiga revertê-los, mas conseguimos estar ao lado deles e diminuir a intensidade. Muitas técnicas foram elaboradas e estudadas, no sentido de poupar o bebê, e isso tem levado a resultados muitos bons. Eu citaria o método canguru em que o bebê fica no colo da mãe, os estímulos que a UTI Neonatal Nicola Albano tem em relação ao oferecimento do leite materno, as reuniões familiares que fazemos e mesmo com a pandemia tentamos realizá-las de forma virtual. Eu citaria o grupo de apoio à família com pediatra, psicólogo, nutricionista, fonoaudiólogo, enfermeira e assistente social, de forma a acolher todos os campos do sofrimento humano, a videoteca com orientações, entre outras abordagens. São vários mecanismos para transformar e acolher essa dor”, revela.