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Seus pais já foram aliados no passado, mas agora eles se enfrentam

Candidato a prefeito de Campos, Caio Vianna abriu o jogo sobre herança política que o fez chegar ao 2º turno; Wladimir Garotinho não se pronunciou

Eleições 2020
Por Aloysio Balbi
22 de novembro de 2020 - 0h01

Caio Vianna (Foto: Carlos Grevi)

Tendo alcançado o segundo lugar no 1º turno, Caio Viana (PDT), vai disputar com seu contemporâneo Wladimir Garotinho o 2º turno no próximo domingo, caso não haja decisão judicial que mude o cenário do pleito. Nesta entrevista ele falou sobre a primeira semana de campanha do 2º turno, projetos administrativos, do seu pai Arnaldo Vianna e de alianças. Conclamou a população que se absteve no 1º turno a comparecer às urnas e diz que está preparado para sentar na cadeira de prefeito.

Estamos fechando a primeira semana da campanha do 2º turno e entrando na segunda. O que você fez nesta primeira semana em termos de movimentação política?
Primeiro a gente agradeceu a toda nossa equipe que trabalhou na coordenação da campanha. Agradecemos ao eleitor que nos concedeu a vitória de ir ao 2º turno. Nossa campanha foi a que mais cresceu durante o 1º turno e a gente cresceu falando a verdade, ouvindo a voz das ruas, conversando com a população, pontuando nosso plano de governo baseado em resultados. Esse plano foi elaborado escutando a população, um programa que tenho certeza que vai resgatar os bons tempos de Campos. Então, ao longo desta primeira semana, a gente fez agradecimentos, intensificou as alianças políticas para que a gente esteja mais forte no segundo turno e faça essa virada para que a gente consiga ter a vitória no próximo dia 29. Entendemos que todas as alianças políticas são importantes, sendo feitas na base do diálogo, mas levando sempre em consideração o fato do povo estar em primeiro lugar.

Nessa primeira semana você recebeu mais apoio ou pediu mais?
Olha, em cada campanha a gente pede mais apoio e ao mesmo tempo estamos recebendo muito apoio, porque a população abraçou nossa candidatura e entendeu que ela representa o bem para a nossa cidade. Hoje a gente tem um 2º turno onde a gente enfrenta o retrocesso e a população percebe isso. Quero ter o apoio dos que não votaram no 1º turno, no sentido de que eles votem. E frisar que estou concorrendo com um candidato que, se ganhar, vai jogar com liminar jurídica, o que cria um ambiente péssimo para Campos.

Dizem que você e o Wladimir chegaram a conversar bem antes das eleições buscando uma alternativa para Campos, mas não chegaram a um acordo em torno de um terceiro nome. Isso realmente aconteceu?
Na verdade não há como ter acordo com os Garotinhos. O Wladimir é candidato porque alguém mandou. Eu sou candidato porque trabalhei a minha vida inteira para ser prefeito da minha cidade para ajudar o povo. Essa é a grande diferença. Não sou candidato de última hora porque alguém mandou. Na verdade, houve por parte dele a tentativa de conversa, mas não há conversa porque eu sempre fui candidato.

Você diz que Campos tem que retomar o crescimento econômico e social, sendo que uma coisa depende da outra. Em um primeiro momento como isso vai acontecer caso seja eleito?
Não existe mágica nem nenhuma solução para um problema complexo. Mas existem diversas medidas que precisam ser tomadas que vão dar resultados em curto, médio e longo prazos. São diversas medidas, passando por ajustes da máquina administrativa para que tenhamos mais fôlego para gerar investimento, passando por interlocução com outros poderes, tanto com o Governo do Estado quando o Federal, com parlamentares, para que desta forma a gente consiga trazer dinheiro novo. Precisamos fazer uma coisa que na última década fizeram exatamente o contrário que é fazer o dinheiro de Campos ficar em Campos. Dessa forma a gente reativa outra vez a economia. Há várias formas de atrair empresas para a cidade, principalmente recolocando Campos no cenário produtivo de novo. Campos sempre foi reconhecida como a capital do interior do estado do Rio de Janeiro, a principal produtora de petróleo do Brasil e perdemos esse status. A gente precisa recuperar isso. Eu venho propondo desde 2016 aproveitar a oportunidade do Porto do Açu e transformar Campos em um grande polo logístico. Criando Zonas Especiais de Negócios, trazendo empresas, gerando emprego e renda. E investirmos também na nossa vocação principal que é a agricultura.

Você fala em criar um ambiente digital entre as secretarias para que haja menos burocracia e ao mesmo tempo quer reviver um projeto onde você atuou no tempo do seu pai que é o “Navegar é Preciso”. Como será isso?
É possível fazer uma coisa grande, diferente daquele momento. Hoje as grandes empresas privadas de tecnologias fazem parcerias com o setor público, com grandes resultados em áreas de cultura e educacionais. Através de Parcerias Público-Privadas (PPP) vamos implantar unidades do Navegar é Preciso que vão funcionar em imóveis que a prefeitura já tem. O grande diferencial do projeto será agora, porque naquela época foi estabelecido para levar internet a quem não tinha. Mas esse mundo mudou. Hoje esse projeto seria além de levar a inclusão digital, levar a capacitação nesta área que emprega e vamos gerar muito emprego. A nossa garotada está ai. Queremos capacitá-la para desenvolver projetos como aplicativos e uma série de atividades que estão gerando empregos e as pessoas não estão capacitadas.

Navegar pode ser preciso, mas as pessoas precisam se locomover também. Como você, se eleito, vai tratar a questão do transporte?
Hoje o transporte público se tornou um tormento para a nossa população. São horas esperando nos terminais de integração para conseguir sua condução. São veículos precários, sucateados. Eu cito sempre o exemplo de um senhor que mora em Guarus e que precisava ir ao HGG que fica também em Guarus, mas tinha que atravessar para o Centro e depois voltar para chegar ao hospital. Um trajeto que de carro levaria oito minutos no sistema de transporte coletivo levou mais de 40 minutos, exatamente porque não há linhas diretas. O que vamos fazer, diferente do que o nosso adversário propõe de forma ridícula, entrando com uma retro escavadeira para destruir os terminais, destruir equipamentos públicos, vamos fazer diferente. Não vamos jogar para a galera. Vou pedir as empresas que instalaram os terminais para retirá-los, e se criar a linhas diretas, com regularidade de horários e fiscalização. Linhas diretas e dando mais velocidade para o cidadão se transportar.

Você fala do legado do seu pai e cita o retorno das bolsas universitárias. Como isso será possível com a falta de recursos? Não seria jogar para a galera?
Absolutamente não e Campos sabe disso. Eu falo em retomar essa ferramenta em partes e ir ampliando dentro da realidade. A Minha referência em relação a Arnaldo é positiva, um governo que deu certo, que saiu com 89% de aprovação e que até hoje, depois de duas décadas, é reconhecido como o melhor prefeito da história da cidade. Todas as pesquisas de levantamento apontam isso e as ruas falam isso. Naquela época, enquanto os royalties estavam iniciando, ele não pegou o auge desta bonança, quem pegou foi a gestão da família Garotinho, e lá atrás preocupado por saber que os royalties eram finitos, fundou a Organização dos Municípios Produtores de Petróleo, fundou o Fundecam. Trouxe empresas. Se as empresas quebraram e os gestores não souberam lidar a culpa é deles e não da ferramenta. A avaliação do Fundecam sempre foi feita pelo Banco do Brasil e hoje, quando o prefeito Rafael Diniz diz que recuperou alguns investimentos que foram feitos e não foram pagos por essas empresas, isso só foi possível porque está previsto no dispositivo legal do Fundecam. Com relação a bolsa universitária, foram milhares de pessoas atendidas que não podiam pagar uma faculdade particular e que hoje são doutores, arquitetos, engenheiros e profissionais diversos que pagam as suas contas e têm condições de viver independente do poder público. Esse é o grande projeto social que emancipa o cidadão tirando ele da dependência.

Você disse que Arnaldo será seu grande consultor e que não vai ter função administrativa. Com vai ser isso?
A nossa prioridade é a Saúde. Temos que reformar o Hospital Geral de Guarus, reformar o Hospital Ferreira Machado e voltar com as Unidades Básicas de Saúde, retomando também o agente comunitário de saúde. Precisamos zerar esse problema de fila de marcação de consultas. Isso é absurdo. E sendo prioridade, a Saúde estará no foco e o Arnaldo terá uma contribuição fundamental nesta área que ele conhece muito bem dando consultoria, mas ele também dará contribuições em várias outras áreas pela tamanha e vasta experiência que ele tem, mas vale ressaltar que o governo será do Caio Vianna, a marca e a forma de governar serão minhas com as referências positivas que Arnaldo deixou, mas o governo será do Caio Vianna.

Wladimir Garotinho
Como Caio, Wladimir Garotinho (PSD) foi convidado pelo Jornal Terceira Via para uma entrevista presencial, na sede do jornal. Candidato a prefeito de Campos mais bem votado no primeiro turno, quando teve a preferência de 106.526 eleitores, mas enfrentando problemas com a candidatura de seu vice na Justiça Eleitoral que colocaram esses votos sub judice, ele não respondeu às tentativas de contato da equipe de reportagem. O Jornal Terceira Via tentou falar com a assessoria política e com a equipe de comunicação de Wladimir tanto por e-mail quanto por telefone e whatsapp, mas, não houve resposta, e o candidato não apareceu. Em respeito à imparcialidade, o espaço que seria dedicado às respostas de Wladimir foi preservado. Porém, sem que Wladimir se disponha a falar, permanece em branco. Principal interessado no que ele teria a dizer, caberá ao eleitor julgar a decisão do candidato de não querer apresentar suas propostas.