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Mosteiro de São Bento será tombado

Um dos prédios mais importantes da história de Campos, erguido no século XVI, finalmente chama a atenção do Inepac

Patrimônio
Por Redação
9 de novembro de 2020 - 0h01

Joia rara| No coração da Baixada Campista o imponente prédio do Mosteiro foi construido pelos monges beneditinos há 372 anos (Fotos:Arquivo/Silvana Rust)

O secular Mosteiro de São Bento, localizado na Baixada Campista, está prestes a ser tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio. O tombamento é importante para destacar a importância histórica e arquitetônica deste que é um marco da cultura religiosa no município, e também facilitar futuras obras de restauração para preservar o local.
A imponente construção do século XVI, que já é tombada pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Coppam), órgão da Prefeitura de Campos, é uma das mais antigas da região Norte Fluminense.

“O imóvel tem 372 anos e é a quarta edificação mais antiga do município. A arquitetura tem o estilo colonial religiosa e poucos prédios da região são assim. A nossa cidade é conhecida pelo estilo neoclássico e essa arquitetura do Mosteiro é muito mais antiga. Então, ela faz parte do início da história da colonização na nossa região e mostra a presença dos portugueses por aqui”, explicou a historiadora Graziela Escocard, diretora do Museu Histórico de Campos.

Edifício com mais de três séculos fica no distrito de Mussurepe, Baixada Campista

Este estilo arquitetônico, com influência portuguesa, também é destacado pelo diretor do Inepac, Cláudio Prado. “Todas as construções do período colonial eram bem fortes e simples. Naquela época, existia ainda um receio de ataques indígenas, então elas têm uma aparência fechada de forma que protegessem os monges que estavam lá dentro”, destacou.

Ainda segundo Prado, a construção é genuinamente de grande significado histórico para todo o Brasil. “O Mosteiro de São Bento é de importância imensa, pois é um marco na arquitetura colonial. A gente não entende como ele foi deixado de lado no passado e não foi tombado antes. É uma construção que tem relevância não só para o Estado, mas também para a Federação. É um conjunto que está praticamente intocado, que tem um grande valor arquitetônico histórico. A gente, no futuro, pode até pensar em um melhor aproveitamento daquela área”.

O mosteiro fica no distrito de Mussurepe e, no passado, foi a sede da fazenda dos monges beneditinos, que habitaram a região. Para Graziela Escocard, o tombamento também é importante para a conscientização da população.

“Não basta apenas tombar, tem que conscientizar sobre a conservação. Esse tombamento ressalta a importância desse prédio para a história. A gente tem que criar meios para que a população tenha essa conscientização, para garantir a preservação do local. Queremos que o prédio se mantenha ‘vivo’ ainda, que essa história se mantenha na mente da população e que as pessoas reconheçam que é um prédio de grande valor histórico. É importante a gente perceber o quanto a história viva da cidade está representada a partir dos patrimônios dela. E esse prédio conta a história dos monges beneditinos na região”, explicou.

O Mosteiro de São Bento é um dos marcos da presença dos monges, que construíram 34 capelas na Baixada Campista e evangelizaram várias pessoas, deixando um legado de fé e de cultura iniciado há séculos pelo Frei Fernando.

Com o passar dos anos, os monges envelheceram e houve dificuldade de passar a tradição para os jovens. Por isso, com a redução gradativa do número de monges para administrar o local, das 34 igrejas que eles fundaram, 32 foram transferidas para a Diocese de Campos e apenas duas continuaram a ser administradas por eles: uma é a igreja do mosteiro e a outra fica no Farol.

Tombamento

Segundo Prado, o tombamento é um processo complexo. Inicialmente é feita uma pesquisa histórica no Inepac. A partir desta pesquisa, os técnicos avaliam se o imóvel está dentro dos requisitos necessários. Após esta etapa, é feito o levantamento arquitetônico para avaliar as características da construção.

“A gente identificou que o Mosteiro precisava de uma assistência, porque o tombamento não é só um papel. O tombamento é também uma forma para o Executivo reconhecer a importância daquele bem e ajudar na recuperação dele. A gente tem leis que incentivam empresas privadas a ajudar na restauração de bens. Criamos mecanismos e estratégias para que estes bens possam ser recuperados. Ou seja, a gente está olhando mais adiante e preocupado com o futuro”, destacou Prado.

O processo para o tombamento do Mosteiro foi concluído pelo Inepac e, atualmente, está em andamento a parte burocrática, que é a etapa final. A expectativa é que ainda neste ano haja a publicação em Diário Oficial.