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O centenário de nascimento do deputado Alair Ferreira

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
8 de novembro de 2020 - 0h01
Para Campos, morte do deputado resultou em perda de representação política – lacuna que decorridos 30 anos se mostra ainda mais aberta 

Não gratuitamente e tampouco por acaso, a página deixa de lado o assunto predominante do momento – as eleições municipais do próximo domingo – e abre espaço para ligeiras considerações sobre a trajetória do deputado federal Alair Ferreira, cujo centenário de nascimento transcorre nesta segunda-feira, 09 de novembro.

Figura pública singular, não há exagero algum em reconhecê-lo como um dos políticos mais destacados da história de Campos, cuja liderança e atuação parlamentar em favor do Norte Fluminense e, em particular, da terra goitacá, foram sem igual a partir dos anos 1950, até fins da década de 80.

Cabe ressalvar, desde os tempos em que fizera parte do Conselho da Santa Casa, bem como na condição de presidente da Associação Comercial de Campos, Alair já se notabilizava como pessoa preocupada com os destinos da cidade, o que se mostrou ainda mais evidente quando se elegera presidente do diretório local do Partido Social Democrático (PSD) – sigla política de enorme expressão, da qual era filiado o então presidente da República, Juscelino Kubitschek. 

A partir daí foram oito mandatos consecutivos de deputado federal e uma atividade intensa que resultou em inúmeras realizações para Campos, particularmente através de grandes obras e do incentivo ao ensino superior. Para citar, entre tantas, apenas uma, foi graças aos esforços de Alair que se construiu o dique nas duas margens do Rio Paraíba, livrando a cidade das seguidas enchentes que tanto prejuízo causavam. 

Liderança – A estatura política de Alair Ferreira se fazia ver não apenas na influência junto aos pleitos municipais de Campos, bem como no prestígio que desfrutava entre as mais altas autoridades do País, sendo incontáveis o número de vezes que trouxera à cidade presidentes da República e ministros de Estado – visitas as quais favoreciam a viabilidade de melhoramentos e benefícios para o município. 

Detalhe interessante, na política local mantinha papel de magistrado e não se intrometia nos assuntos domésticos da administração. Eleito o prefeito, não se envolvia em saber quem seria secretário desta ou daquela pasta ou se o chefe do executivo faria assim ou assado, – o mesmo valendo para a composição da Câmara de Vereadores. Se mantinha acima disso. 

Lacuna– Presidente estadual da Arena, Alair possivelmente seria indicado governador do antigo Estado do Rio de Janeiro na sucessão de Raymundo Padilha, não fosse a fusão GB-RJ, em meados dos anos 70, que colocou Faria Lima à frente do executivo fluminense. 

Enfim, neste texto que em boa parte se afigura a uma homenagem, há que se considerar que o tempo vem se incumbindo de mostrar o recuo político e a perda de representação sofridos por Campos a partir da morte do saudoso deputado – uma lacuna que decorridos mais de 30 anos se mostra cada vez mais aberta. 

Alair Ferreira morreu em Brasília, na manhã de 03 de setembro de 1987. Na noite anterior havia participado, até tarde, de reunião com importantes figuras da política nacional. Tinha 66 anos.