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Jorge Hissa, ator e leitor da vida

O campista tem se destacado no cinema, com o curta premiado "Depois que te vi", além do teatro e web

Cultura
Por Ocinei Trindade
4 de novembro de 2020 - 8h54

Ator nascido em Campos dos Goytacazes se destaca no cinema. no teatro e na web (Fotos: Camila Kosckdoski, Chico Lima, Gabi Castro)

Aos 24 anos, o ator Jorge Hissa, nascido em Campos dos Goytacazes, diz se sentir um artista criador. Faz pouco mais de cinco anos que passou a explorar o universo da arte. Na época, tinha sede por buscar algo novo. Ainda tem. Em um curto espaço de tempo profissional, confessa que perde a conta dos trabalhos que já participou. O curta-metragem “Depois que te vi”, dirigido por Vinicius Saramago, é destaque. Ganhou prêmios nacionais e internacionais. Hissa é o protagonista da trama, presente em todas cenas do filme, disponível na Internet.

“O filme `Depois Que Te Vi´ mudou minha vida. Eu era muito novo quando gravei.  Na época,  ainda não via o tanto de estrada que aquela experiência me proporcionaria. É importantíssimo termos essa obra destacada em nossa cultura. É um trabalho lindíssimo, feito com amor e muita verdade. E me arrepio até hoje quando penso nas pessoas que assistiram e foram tocadas por esse filme catártico, que aciona dentro de qualquer um o botão de empatia e amor ao próximo.  É o licor que vez ou outra me invade e me ferve de vontade pela vida”, diz.

Além do filme “Depois que te vi”, Jorge Hissa participou do espetáculo teatral de sua autoria, “O Stand-Up Que Deu Errado”; a peça clássica de Raul Pompeia,  “O Ateneu”; o média-metragem “Gambiarra: O HD de Espadas”; a quinta temporada da Escolinha do Professor Raimundo. “Eu fiz stand-in do ator Marcius Melhem, experiência profundíssima, onde tive imensos aprendizados. Participei de `O Rinoceronte´, peça que fez grande movimento no cenário do teatro carioca de 2019, sendo indicada ao Prêmio Shell de melhor direção”, explica.

O curta-metragem “Depois que te vi”, é aplaudido por onde passa. Prova disso são os vários prêmios alcançados na direção, fotografia e atuação. O mais recente aconteceu no Festival de Kosovo, na Europa.

“Quando se trata de premiação, esse filme é um sucesso. Rodamos mais de 20 países ao redor do mundo. Ganhamos mais de 15 prêmios. Ainda fui presenteado com três prêmios de melhor atuação, sendo um deles internacional. Em outra mostra, cheguei a concorrer com grandes nomes como Tonico Pereira (também campista), Othon Bastos e Suzana Faini”.

Jorge Hissa relembra que o filme premiado foi seu primeiro trabalho no audiovisual.  Na época, tinha 19 anos, e dava os primeiros passos na vida artística.

“Geralmente, não penso muito em protagonismo. Recebo às vezes muito ‘olho grande’ por papéis que faço como protagonista. Acho que os valores nesses casos são subvertidos. A arte do ator não é maior por ser protagonista; é apenas uma parte dos diversos lugares que podemos ir”, defende.

Vida rural em Campos

Morando atualmente no Rio de Janeiro, Jorge Hissa conta que sua relação com a cidade onde nasceu e cresceu sempre pareceu algo distante e desconfortável.

“Eu tive a sorte imensa de nascer em um sítio, afastado do movimento urbano. Sempre foi uma visão muito turva que tive da cidade.. Eram sempre fumaça, amargura e um monocromatismo na alma. Nunca vi vida em Campos. Sempre busquei amizades verdadeiras, e pessoas com amor. Já sofri muito com uma parte da família, e uma parte dos moradores da cidade também. Estou bem afastado do movimento, mas tenho o sonho de levar cultura e meus aprendizados de vida para minha cidade em um futuro próximo”, planeja.

Apesar da pandemia, Jorge Hissa revela que está trabalhando constantemente. Ele faz fotos, grava vídeos, produz conteúdos, movimenta seu público e interage com seus seguidores e fãs nas redes sociais. Atualmente, trabalha no coletivo Parafernalha. O grupo grava remotamente, e, às vezes, presencialmente, com normas de proteção contra a Covid-19.

“Como eu sou só um, tudo fica maior. O trabalho do ator está se transformando a cada dia. Fica difícil saber qual a nossa função no mercado de trabalho, é difícil entender qual o mercado que estamos inseridos. Tento sempre entender como o mundo está caminhando para poder conseguir criar, e também transformar o que está ao meu redor, conforme o que acredito e leio da vida”, conclui.