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Retomada econômica ao ritmo da música

Aos poucos, bares e restaurantes de Campos reencontram o público afastado desde o início da pandemia

Economia
Por Ocinei Trindade
2 de novembro de 2020 - 0h01

Público voltou a frequentar alguns ambientes noturnos da cidade com a flexibilização (Foto: Divulgação)

A cidade de Campos dos Goytacazes se mantém na Fase Verde, Nível 2, no enfrentamento da pandemia de Covid-19. Os riscos de contrair a doença continuam. Porém, com o plano de retomada econômica da prefeitura, flexibilizações em diversos setores foram ampliadas. É o caso dos bares, restaurantes e salões de festas. Houve retorno de apresentações com música ao vivo nesses ambientes, mas ainda com restrições. Artistas e empresários comemoram, embora reconheçam que o movimento de clientes ainda está tímido.

O administrador Paulo Victor Ferreira, responsável por dois estabelecimentos na Avenida Artur Bernardes, diz que o movimento caiu em média 70 por cento durante a semana. “Sexta e sábado percebemos que há uma melhora. Tínhamos 300 lugares disponíveis no Caldo do Evaldo, mas agora só 150 acentos, e metade fica ocupada. Nosso público contava com muitas famílias, mas como a área de recreação infantil impedida de funcionar, clientes deixaram de vir”, explica. As crises sanitária e financeira provocaram a demissão de 18 funcionários, segundo Paulo. “Normalidade, só em 2021, e depois de haver vacina”, acredita.

Fernando Alves fala de recomeço (Foto: Divulgação)

Faz cinco anos que o empresário Fernando Alves abriu o bar e restaurante Cantinho do Peixe. O lugar foi reinaugurado cinco dias antes de ter sido decretada a pandemia de Covid-19 em Campos e em todo o Estado do Rio de Janeiro.

“Amargamos um enorme prejuízo. Ficamos um mês totalmente fechados. Mudamos a estratégia e nos dedicamos ao delivery. Conseguimos nos manter. Agora, com a flexibilização, a gente sentiu muito receio das pessoas saírem de casa. Com a música ao vivo, quase normalizamos a frequência. Estamos tomando todas as medidas sanitárias para dar confiança ao público. Clientes antigos retornaram e conquistamos outros novos. É importante a população se conscientizar. É preciso atenção de todos”, avalia Fernando.

Pedro Barreto destaca cuidados (Foto: Divulgação)

Há quatro anos, o bar Eremita se tornou referência de apresentações musicais de rock, ao vivo. Foram mais de seis meses sem funcionar. O proprietário Pedro Barreto diz que, com a flexibilização e retomada do setor em Campos, há sinais de melhoras nas finanças.

“Com a flexibilização, as coisas estão melhorando. Depois de duas semanas, fizemos alguns pequenos eventos com música ao vivo, que é nosso forte, respeitando o decreto com três músicos. Pude gerar mais empregos. Injetamos muitos recursos, e, agora, está retornando o investimento. Os músicos precisavam retornar. Estamos felizes por recebê-los de volta, mas é preciso consciência para manter o distanciamento e o cumprimento dos decretos municipais. Ainda não é clima de festa e aglomeração. Aos poucos, vamos saindo da crise”, disse Pedro.

Volta musical
Por conta da flexibilização municipal, disque-jóqueis, cantores e instrumentistas estão mais aliviados, já que podem se apresentar em bares e restaurantes. De acordo com a Fase Verde, apenas três músicos podem ocupar o palco, sem pista de dança, sem pessoas de pé, e com mesas afastadas. Entre os que comemoram o retorno à noite musical, estão os artistas Sandro Balli e Marcelo Benjamim.

Sandro Balli vive da música desde os 16 anos. “Voltei a tocar faz 20 dias. Estou feliz, mas não muito à vontade porque o momento inspira cautela. A gente precisa trabalhar, mas a vida é mais importante. A coisa ainda não está normal. Tenho 30% de trabalho que fazia antes. Tinha agenda até a metade do ano que vem. Muita coisa foi cancelada. O lockdown teve seus efeitos negativos. Doenças emocionais surgiram. A parte financeira gera muita preocupação e depressão”, diz.

O cantor Marcelo Benjamim retornou ao palco há duas semanas. Ele se diz apreensivo com este momento. “Fiquei sem nenhuma renda, voltei a trabalhar informalmente com Tecnologia da Informação; um tempo extremamente difícil. Sinto um misto de alívio por retornar ao trabalho e preocupação por ainda não haver vacina. Dependemos que os protocolos sejam cumpridos, e que o público os respeite, para termos o mínimo de tranquilidade”, considera.

Retomada gradativa
O superintendente de Entretenimento e Lazer, Fabiano Gomes, diz que o setor deve melhorar com a retomada gradativa. “A opção foi estabelecer vários protocolos de forma segura e responsável. Teve o retorno das músicas ao vivo. Depois, a flexibilização para 50 pessoas em salão de festas e eventos; e, agora, para 100 pessoas. Fazemos avaliação semanalmente junto às autoridades de saúde, para ver o que pode ser flexibilizado ou não”, explica.

Ainda não estão permitidos liberação de pista de dança, apresentação de quarteto e quinteto em apresentações musicais, eventos com público em pé e em área pública aberta. “Há maior dificuldade em controlar a quantidade de pessoas”, informa.

A equipe de Força-Tarefa do Município atua na fiscalização 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados, em todo território municipal. A população pode denunciar pelos canais de comunicação disponibilizados.