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Na reta final, eleição em Campos está ‘aberta’

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
1 de novembro de 2020 - 0h01

Elevado número de indecisos e mais duas semanas de campanha

Com as devidas vênias aos que guardam percepção diferente, analisar possíveis resultados do pleito de 15 de novembro com base numa determinada pesquisa, no caso a do Instituto Paraná, divulgada no último dia 29, é chover no molhado: basta ler os nomes que aparecem nas primeiras colocações e – com percentuais próximos – projetar que, segundo o apanhado, supostamente estarão no 2º turno. Fácil.

Só que a hipótese aventada não exigiria análise alguma – apenas reprodução do que foi coletado num determinado período. Ou, em outra vertente de entendimento, limitaria as observações sobre os números da pesquisa em si – tema bastante valioso, mas que não é alvo desta matéria.

Assente-se, não se está questionando se os percentuais de intenções de voto apresentados estão próximos ou distantes da realidade do referido período; tampouco se a metodologia empregada foi a mais apropriada, ou não. De certo, a tão longe não se está indo.

Pondera-se, tão somente, que a fotografia do jogo congelada aos 25 minutos do 2º tempo não, necessariamente, será o placar quando soar o apito final. Este, tanto poderá estar mantido, como ampliado do que mostrara anteriormente, como, ainda, ser reverso àquele resultado parcial.

Futebol – Numa analogia com o futebol, no confronto mais importante da América do Sul no ano de 2019, entre Flamengo e River Plate, até aos 43 minutos do 2º tempo o time argentino vencia por 1 a 0 e aguardava o fim da partida para levantar a taça. Instantes depois terminava o jogo: 2 a 1 para o rubro-negro carioca, campeão da Libertadores.

Campanha 

Num período eleitoral curto de 45 dias, os 15 restantes respondem por um terço de todo o tempo estipulado para a campanha – o que não é pouca coisa.

E, bom que se diga, campanha existe para esclarecimento e convencimento do eleitor. Entendimento em sentido contrário seria o mesmo que retirar das campanhas eleitorais qualquer valor.

Erros de pesquisas – De mais a mais, não são poucos os exemplos de erros gritantes, inclusive dos dois principais e mais conceituados institutos de pesquisa do Brasil, – Ibope e Datafolha.

Já mencionado aqui, em 2018 o governador afastado Witzel aparecia nas pesquisas com um terço do que era atribuído a Eduardo Paes. Contudo, passou para o 2º turno com 41,3% – mais que o dobro do que somou Paes (19,56%).

Para o governo de Minas, os mesmos Ibope e Datafolha davam ampla vantagem para Antonio Anastasia, seguido por Fernando Pimentel. Mas quem chegou na frente foi Romeu Zema, com folgados 43%. Também para o Senado mineiro, outro erro ruidoso: Dilma Rousseff, até na véspera apontada como favorita, acabou em 4º lugar.

Indecisos – Há que se considerar, ainda, o quantitativo de eleitores que define ou muda o voto na última hora; às vezes, na véspera. E, no caso específico do levantamento realizado em Campos pelo instituto Paraná, chama atenção o elevado percentual de indecisos captado na pesquisa espontânea do referido instituto.

Em 2016 – Como mera ilustração, no pleito de 2016, salvo se traído o signatário pela memória, no último apanhado feito pelo Paraná Pesquisas antes da votação, os candidatos Rafael Diniz e Chicão Oliveira estavam muito próximos, penso que em empate técnico, com ligeira vantagem para aquele.

Contudo, as urnas revelaram 151 mil votos para o então candidato do PPS, que venceu no 1º turno com quase o dobro dos votos dados ao conceituado médico. Logo, o resultado foi bem distinto do pesquisado, muito embora, a favor do instituto, resida a questão da tendência de crescimento de Rafael, na oportunidade captada pelo Paraná.

Relativismo de eventual vantagem favorece a todos 

Os números apurados em pesquisas de intenção de voto são importantes e devem ser considerados pelos postulantes tanto quanto o fato de que, a 15 dias do pleito, todos os candidatos têm, na teoria, as mesmas chances.

Sem entrar no mérito do lado negativo da divulgação de pesquisas seja ela onde for, o que, em tese, pode influenciar o eleitor a não votar no seu candidato favorito em razão deste aparecer mal posicionado nos apanhados (assunto complexo e já tratado por esta página há algumas semanas), salvo melhor juízo, temos em Campos uma eleição aberta em virtude – principalmente e como já dito – do grande número de indecisos.

Assim, o ‘abrir das urnas’ tanto pode revelar ampliação dos concorrentes que num certo momento estariam a liderar a intenção de voto  – o que, eventualmente, definiria o pleito já no 15 de Novembro – como pode lançar no 2º turno postulantes que semana passada, de acordo com este ou aquele instituto, apareciam em 3º, 4º, 5º, 6º lugar… e assim sucessivamente até às posições supostamente menos favorecidas.

O pleito de 1976

Por questão de espaço, transfere-se para o próximo domingo – ou, talvez, para o on-line do Terceira Via –, texto sobre o interessante e atípico pleito de 1976, reportado décadas depois em livro sobre a política e os políticos de Campos.

Só para adiantar, concorreram Rockefeller de Lima, José Alves de Azevedo, Walter Silva, Raul Linhares e Paulo Albernaz – exceto por Rock, todos de saudosa memória. Mas, o resultado inesperado e surpreendente mostra que eleição só está definida após a apuração.