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Seis meses da Covid-19 em Campos

Nesse período, 400 pessoas morreram vítimas da doença

Tudo sobre coronavírus
Por Ocinei Trindade
11 de outubro de 2020 - 16h17

Fase Verde: com a flexibilização, atividades cotidianas têm sido retomadas

Foi em uma segunda-feira, 23 de março, o primeiro registro de caso do Novo Coronavírus em Campos dos Goytacazes. A Vigilância em Saúde revelou que o paciente, de 37 anos, veio de São Paulo, apresentava sintomas leves e foi isolado em casa. Seis meses depois, quase sete mil casos de Covid-19 foram confirmados no município. Até o instante da escrita desta reportagem, o número de mortos se aproximava de 400 pessoas. A grave e misteriosa doença tem sido estudada e combatida com os recursos possíveis. Medicação e vacinas têm sido testados, mas ainda não se sabe quando estarão disponíveis ao público. Até lá, prevenção e distanciamento físico seguem recomendados.

No dia 28 de setembro, Campos entrou na Fase Verde, Nível 2, de acordo com decreto municipal que trata do Plano de Retomada das atividades econômicas. Aos poucos, com a flexibilização, a cidade vem experimentando algo próximo da vida movimentada de antes, mas ainda há várias restrições. Os índices de internação e a procura por serviços médico-hospitalares por suspeita de Covid-19 têm se reduzido nas últimas semanas. Entretanto, ainda é preocupante a situação da pandemia, pois infecções e mortes ainda não cessaram.

“O Nível 2 – Fase Verde do Plano de Retomada indica situação de atenção moderada. Apesar desse avanço dentro do plano, é fundamental que a população esteja atenta aos cuidados essenciais para evitar a propagação do Novo Coronavírus”, orienta a Vigilância em Saúde.

Martha Henriques | Diretora administrativa do Grupo IMNE

Redução de atendimentos

O Centro de Controle e Combate ao Coronavírus instalado nas dependências da Beneficência Portuguesa ultrapassou 16.500 atendimentos durante os seis meses de funcionamento. A unidade teve média de 150 atendimentos por dia. Atualmente, cerca de 60 pessoas buscam atendimento no local diariamente. Segundo a Vigilância em Saúde, há algumas semanas observa-se a redução da ocupação dos leitos de UTI  nas unidades públicas e privadas do município.

De acordo com a diretora administrativa do Grupo IMNE, Martha Henriques, nos últimos 15 dias houve queda dos atendimentos no Setor de Emergência do Hospital Geral Dr.Beda por conta de Covid-19. A unidade chegou a ter mais de 40 pacientes internados com a doença. O último balanço apontava 15 internações. “Reduziu bastante, é notório. Os casos positivos da doença que têm aparecido na Emergência apresentam menos gravidade”, explica. Um levantamento da instituição apontou que até setembro, 6.796 atendimentos foram prestados. Em julho, o número chegou a 1.599 consultas a pacientes com suspeita de ter Coronavírus. Em setembro, o número caiu para 910 atendimentos. A reportagem procurou outras unidades privadas de saúde de Campos para avaliar o período de atendimentos durante a pandemia, mas não obteve respostas.

Presidente do Sindicato dos Médicos, Hélio Novais

Para o presidente do Sindicato dos Médicos de Campos, Hélio Novais, o cenário ainda é crítico, mesmo durante a Fase Verde. “É preciso ampliar a conscientização da população quanto aos riscos da Covid-19, para que as regras sejam mantidas. Devemos usar máscaras em locais públicos e preservar o isolamento social. Os profissionais de saúde estão extremamente sobrecarregados e emocionalmente comprometidos. Quanto às medidas de flexibilização, as vejo com cautela e receio. A economia local precisa ser reestruturada. Todavia, a saúde e a preservação da vida estão em primeiro lugar”.

Investimentos

De acordo com a Prefeitura de Campos, o município recebeu e investiu cerca de R$ 47 milhões de reais em recursos federais; R$ 1 milhão com recursos do governo estadual. Do total, cerca de R$ 25 milhões foram repassados aos hospitais contratualizados. O governo municipal reforçou parcerias com o Porto do Açu, Sest/Senat e Uenf. Análises de testes para Covid-19 são no Laboratório Regional do HGG.

Diretora da Vigilância em Saúde, Andreya Moreira (Foto: Carlos Grevi)

A Vigilância em Saúde não tem como afirmar que o pior já passou. Campos chegou a apresentar média móvel de aproximadamente 60 casos novos por dia no início de agosto e, desde setembro, essa média tem se mantido abaixo de 30 casos, com tendência de queda.  Quanto ao número de óbitos, o município chegou a ter média móvel de aproximadamente 6 óbitos diários no início de julho. Após este pico, temos verificado reduções gradativas com médias móveis inferiores a 2 óbitos por dia desde a última semana de agosto. Em Campos, ainda não está estabelecida a letalidade, uma vez que ainda está em curso a busca ativa de casos. A diretora Andreya Moreira destaca que a doença afeta as pessoas de forma diferente. “Algumas pessoas se recuperam do vírus ou nem mesmo sabem que estão infectadas, enquanto outras pessoas ficam gravemente enfermas”, conclui.