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Eleições 2020: o voto por Campos

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
4 de outubro de 2020 - 0h01

A 40 dias do pleito, um olhar sobre as últimas eleições mostra que grande fatia do eleitorado decide o voto na última semana… até na véspera 

Poucas vezes na história de Campos, que remonta há quase 200 anos de emancipação política, se viu tamanha importância do voto lúcido, consciente e responsável, como na eleição municipal de 15 de novembro próximo.

Ocorre que a cidade, de larga expressão político-econômica – e não se está levando em conta os tempos de Vila – poucas vezes se viu em tamanha crise financeira como a de agora, reflexo do flagrante mau uso dos royalties dos últimos 10/15 anos que, em algum momento, teria que vir à tona.

Retrospecto  Rica nos tempos da aristocracia rural, dos engenhos de açúcar e da agropecuária, e, mais adiante, igualmente próspera na primeira metade de século 20, quando o processo de industrialização fez florescer as usinas açucareiras – as dificuldades começaram no momento em que as finanças dessas mesmas usinas passaram a ruir, panorama que se tornou ainda mais desfavorável com a fusão GB-RJ, em meados dos anos 70.

Mas o maior município do interior fluminense daria ‘seu jeito’. Alavancado pela construção civil, pelo crescimento do comércio e alçado à condição de polo de ensino, Campos driblou a crise em suas fases mais agudas e seguiu em frente, em grande parte devido a uma geração e políticos de notável influência – os quais, para evitar omissões, opta-se pela não citação – mas que foram de extraordinária importância no ofício de representar a planície na esfera estadual e na União.

Os royalties  Um pouco mais à frente viriam os royalties, de início com repasses tímidos, mas que não tardariam para alcançar vultosas somas de dinheiro as quais, em tese, deveriam subsidiar infraestrutura de grande porte capaz de pavimentar uma nova era de prosperidade, garantir desenvolvimento sem igual e elevar substancialmente a qualidade de vida da população.

Mas, com exceções pontuais, a grosso modo não foi o que se viu. O dinheiro dos royalties não contemplou investimentos, mas despesas; não financiou a agricultura – perfil maior do município – e tampouco empreendimentos de infraestrutura e de saneamento.

Também não conferiu alicerce para novas e grandes indústrias, não soergueu parques açucareiros que poderiam, talvez, ser municipalizados, não motivou o agronegócio nos distritos e sequer criou um fundo financeiro de grande monta para, no futuro, aproveitar oportunidades estratégicas de negócio. Nada disso. O dinheiro foi embora com a mesma facilidade que chegou: dissipado em incessante aumento de custeio, desperdiçado em obras de importância relativa e sem qualquer preocupação para com o futuro, como se não houvesse amanhã.

Por fim, quando nos últimos anos a queda na receita dos royalties encerrou o ciclo do ‘boi na sombra’ e inaugurou o de ‘vacas magras’, o município se deparou com a crise financeira em que se vê mergulhado, tendo que buscar alternativas à estiagem econômica.

Futuro – A longa explanação econômica se justifica tendo em conta que é pela política que se terá que buscar as soluções. Daí – e agora se retoma o fio da meada – o voto em Campos, por Campos e em favor de Campos tem tanta importância. Não se fará milagre em 2021, nem em 2022. Mas cabe à seara política traçar os rumos para que a economia cresça e garanta à cidade e sua gente um futuro melhor.

Juiz Ralph Manhães: “Espero que aquela mancha de 2016 não se repita” 

Com 22 anos de magistratura, o juiz Ralph Manhães Jr. observa que a Justiça Eleitoral é a última trincheira no aperfeiçoamento do processo de escolha: “É de importância vital que o eleitor identifique os candidatos mais qualificados os quais, no exercício de seus respectivos mandatos, venham a construir um Brasil próspero, mais justo e igualitário”.

Com essas considerações, que atestam a importância da Justiça Eleitoral na democracia e nos rumos do País, Ralph Manhães, que responde pela fiscalização e propaganda do pleito de 2020, acredita que na reta final a campanha fique mais acirrada, mas se mostra confiante de que os episódios observados em 2016, os quais define como “escandalosos”, não venham a se repetir.

“Eleição municipal é sempre problemática. Os interesses locais prevalecem e considero como circunstâncias relativamente aceitáveis que nos 20 dias finais a campanha esquente. Espero, entretanto, que aquela situação de 2016, com prisões e tudo mais, que representou uma mancha para a história de Campos, não se repita” — avaliou Ralph Manhães.

Para o juiz, o pleito que se avizinha deve ser parecido com os de 2008 e 2012 em termos de respeito às normas vigentes. Até porque – segundo o magistrado – em 2016 o que se viu foi algo absurdo: “O grupo político da época, que estava na prefeitura, utilizou a administração pública e se valeu de verbas públicas para irrigar a campanha do candidato da situação e postulantes à Câmara. Ou seja: dinheiro público para fazer campanha privada” — disse.

Sobre a pandemia e procedimentos sanitários, esclarece não ser prerrogativa da Justiça Eleitoral: “Isso é atribuição dos agentes sanitários, do poder executivo. Com efeito, à Justiça Eleitoral cabe assegurar os protocolos sanitários no dia da eleição: locais de votação seguros, distanciamento, uso de máscaras, mesários instruídos, etc.”

Acerca do tema ressalta, inclusive, que a emenda 107 proíbe que a Justiça Eleitoral interfira nesta área: “Evidente que iremos contribuir ao máximo para que as restrições sejam observadas. Afinal, estamos numa pandemia, sendo, portanto, pertinente que todos os entes orientem em prol da saúde da população. Mas a regulação em si, específica, é do executivo” – explicou o magistrado.