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Candidatos a vice querem protagonismo

Quem são e o que pensam os companheiros de chapa dos candidatos à Prefeitura de Campos dos Goytacazes

Eleições 2020
Por Marcos Curvello
28 de setembro de 2020 - 0h01

Em meio a um dos momentos mais difíceis de sua história recente, marcado pela queda acentuada de arrecadação, a crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus e a possibilidade de perder parte importante dos royalties que ainda recebe da indústria do petróleo, Campos tem 11 candidatos a prefeito — mais que o dobro da média das últimas cinco eleições municipais. Até o dia 15 de novembro, data em que acontece o primeiro turno, eles conduzirão o debate político. Porém, ao confirmar o número de seu favorito na urna eletrônica, o eleitor estará escolhendo não somente quem acha mais adequado para comandar o município, mas também aquele que deverá ser seu braço direito e substituto, caso necessário: o vice-prefeito.

A escolha do vice-prefeito pode revelar compromissos políticos e partidários e seu nome deve ser considerado com tanto cuidado na hora de votar quanto o do cabeça de chapa. É função do vice discutir e propor em conjunto melhorias para o município e auxiliar na administração do prefeito em exercício, que pode delegar a ele funções e responsabilidades especiais.

Como primeiro na linha sucessória do Executivo, o vice-prefeito é, também, uma espécie de substituto sempre em aquecimento na beira do gramado. Em caso de ausência do prefeito por licença ou outro impedimento, é do vice a responsabilidade de comandar o município, como aconteceu em Campos em cinco ocasiões desde 1947, quando os ocupantes dos cargos passaram a ser escolhidos por voto direto, como acontece até os dias atuais.

Onze candidatos a vice
Com 11 candidatos a prefeito, Campos tem um número igual de vices em potencial. A lista é composta por Almir Porto (PMN), Bruna Machel (UP), Carla Waleska (PSDB), Conceição Sant’Anna (CDN), Constantino Ferreira de Araújo (PMB), Eber Silva (DEM), Frederico Paes (MDB), Gilmara dos Santos (PSL), Maycon Maciel (PCdoB), Moaldenir Freire (PT) e Ramiro Campos (REP).

A maior parte dos candidatos a vice foi apontada dentro do partido do próprio candidato a prefeito e compõem com eles chapas ‘puro-sangue’. Vindos de diferentes origens, eles representam categorias, interesses e ideologias tão distintas quanto suas trajetórias de vida e atuações profissionais podem permitir supor.

Como entre os candidatos a prefeito, os vices incluem nomes conhecidos da política Campista e caras novas, movidas tanto por engajamento político quanto por indignação com o estado de coisas em que se encontra o município, o estado e o país. São políticos em início de carreira e com longo caminho percorrido, profissionais liberais, funcionários públicos, representantes de setores econômicos, membros de movimentos sociais e atores das políticas sindical e estudantil.

Confira abaixo o que pensam os candidatos a vice-prefeito de Campos a respeito de seu papel na administração municipal e dos desafios que os esperam, caso eleitos.

Almir Porto (PMN), vice de Cláudio Rangel (PMN), tenente-coronel reformado da PM
“Na condição de militar, sou disciplinado. Caso sejamos eleitos, Claudio Rangel será o prefeito. Eu, na posição de vice, estarei com ele e apoiarei todo e qualquer projeto ou iniciativa que beneficie o município de Campos.”

Bruna Machel (UP), vice de Nathália Soares (Psol), presidente municipal do UP
“Nossa concepção de vice é um pouco diferente do que está convencionado. Temos essa concepção de coprefeitura. Ou seja, Psol e Unidade Popular governarem juntos, com horizontalidade, e junto dos movimentos sociais. Isso é essencial para a gente. Chamar as categorias de trabalho, a juventude organizada, os movimentos de luta por moradia, por terra, para governar junto. Um governo que pretende ser popular. Temos compromisso de fazer a ponte entre a institucionalidade e as organizações populares.”

Carla Waleska (PSDB), vice de Lesley Beethoven (PSDB), médica geriatra
“Compartilhamos a mesma linha de pensamento em relação à Saúde do município, que será nosso primeiro ponto de enfrentamento caso sejamos eleitos. É preciso reformular a Saúde. Como sabemos a situação da nossa cidade, que pode haver um revés em que perderemos parte dos royalties que ainda recebemos, buscaremos parcerias nas esferas Estadual e Federal para melhorar em primeiro lugar a Saúde e depois, Campos como um todo, para que nossa população tenha bem-estar e acolhimento.”

Conceição Sant’Anna (CDN), vice de Rafael Diniz (CDN), ex-administradora do Asilo do Carmo
“Aceitei novamente caminhar com Rafael, um jovem político em quem confio e que admiro. Nunca tivemos conflito, conversamos e decidimos juntos. Encontramos uma cidade destruída. Avançamos em muitas áreas, mas ainda é preciso fazer muito por Campos, que sofre as consequências dos desmandos de anos e enfrenta a pior crise de sua história. Estamos reestruturando a cidade, qualificando os jovens, valorizando os idosos, investindo nos empreendedores, reestruturando a Saúde e transformando a Educação.”

Constantino Ferreira de Araújo (PMB), vice de Jonathan Paes (PMB), médico ginecologista
“Chegou a hora de descruzar os braços. Tenho 68 anos e não ambiciono riqueza. Quero deixar para Campos um legado de honestidade e honra, que possa ajudar a população como um todo. Estamos rodeados de pessoas empenhadas na tarefa de alavancar a cidade, para que ela saia da estagnação em que estamos há três décadas, quando as usinas começaram a fechar. Lutamos para modificar esse estigma das famílias tradicionais que se alternam no poder e se envolvem sucessivamente em escândalos de corrupção.”

Éber Silva (DEM), vice de Bruno Calil (SD)*
A reportagem tentou contato com o candidato, mas não obteve resposta.

Frederico Paes (MDB), vice de Wladimir Garotinho (PSD), engenheiro agrônomo
“Quando acertávamos minha participação na chapa, Wladimir me incumbiu pessoalmente de organizar duas pastas que estão no centro das minhas preocupações e que serão foco do governo, caso sejamos eleitos. A primeira é a Saúde. Precisamos de um bom secretário e já temos alguns nomes para colocar a rede municipal novamente de pé. A outra é a Agricultura, que precisa voltar a ter protagonismo econômico no município. Podem esperar de mim um vice-prefeito atuante. Não vou ser a Conceição de Wladimir, vou ser o Mourão.”

Gilmara dos Santos (PSL), vice de Caio Vianna (PDT), odontóloga e sargento dos Bombeiros
“As pessoas estão desiludidas com a política. Sou uma delas. Tenho uma origem humilde, me formei com crédito estudantil, fiz concurso público e assim melhorei minha condição de vida. Conheço a luta das pessoas, especialmente das mulheres, para ter uma vida digna. A formação na área da saúde e ser mãe também contribuem para a visão que eu tenho de cuidado com as pessoas. É essa a política que eu quero e que está no projeto que estamos construindo na nossa chapa: cuidar das pessoas.”

Maycon Maciel (PCdoB), vice de Roberto Henriques (PCdoB), presidente municipal do PCdoB
“O vice-prefeito não é vice de um candidato, mas da cidade. Da mesma forma que o prefeito faz o juramento ao tomar posse, o vice-prefeito também jura. Então, não espere que eu seja um vice-prefeito de gabinete. Mas um que esteja na rua, atuando, dialogando com a população, ouvindo seus problemas, suas demandas, principalmente. Um vice-prefeito que tenha capacidade de atrair setores da sociedade para ajudar a reconstruir a cidade nesse momento de crise econômica e desemprego.”

Moaldenir Freire (PT), vice de Odisseia Carvalho (PT), petroleiro aposentado
“Como vice, pretendo estar junto de Odisseia, que será nossa prefeita. Participar dos trabalhos, principalmente aqueles de base, que estimule Trabalho, Saúde e Educação. Pretendemos trabalhar de baixo para cima, como é característica dos governos do PT. Ouvir a população por meio do Orçamento Participativo. Ver o que é necessário, entender a realidade do município e fazer o que for possível para que Campos seja diferente. Temos boa vontade, estamos preparados e não vamos desaparecer depois da eleição.”

Ramiro Campos (REP), vice de Alexandre Tadeu (REP), coronel da reserva da PM
“Por questões políticas, fui exonerado do comando do 8º BPM em 2014. Na época, houve uma mobilização da sociedade campista para me manter no cargo, mas não me foi dada essa oportunidade. Aceitei o convite para ser vice pois essa seria a única forma de retribuir o carinho que recebi. Tenho uma dívida com Campos. Tadeu e eu acordamos que serei um vice atuante, pela experiência que tive ao longo de 33 anos na vida militar. A política precisa de gente que abra mão de interesses pessoais e seja honesta”.