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Depois de quase 7 meses, parte da população ainda subestima a pandemia

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
20 de setembro de 2020 - 0h01

Resistência ao uso de máscara e aglomerações alimentam contágio 

Há cerca de dois meses o Brasil atingiu o tão esperado platô da pandemia, a partir do qual se demarcou o pico na transmissão da doença e a estabilização no número de casos confirmados. Em linhas gerais, trata-se da desaceleração da infecção e do início da curva descendente.

Contudo, decorridos quase sete meses desde a confirmação do primeiro caso, seria de se esperar que o quantitativo diário de pessoas infectadas estivesse bem abaixo do registrado, bem como um número de óbitos muito menor do que se está contabilizando. Mas, ao contrário, a média flutua entre 700 e 800 mortes/dia – o que é sobremaneira elevado para um país que atingiu o platô há dois meses – com alguns dias ainda passando de mil óbitos, como se verificou na última terça-feira (15), quando o Brasil registrou 1.090 mortes em 24 horas, elevando a média móvel para 813.

Esse retrospecto mostra o quão oscilante é o quadro da pandemia no Brasil, que não obstante decrescente, o é de forma lenta e com altos e baixos que impedem o declínio seguro e constante para 600, 500, 400… e aí por diante, até que os números sejam irreversivelmente baixos.

De domingo (06/09) até quinta-feira (10) o Brasil registrou 3.463  mortes, contra 3.757 no mesmo período da semana passada, ou seja, de 13 a 17 de setembro. Portanto, crescimento de 294 óbitos entre ambos os períodos.

Alerta – O Estado do Rio de Janeiro, que nas últimas semanas vinha mantendo o número de mortes em queda, passou para o estágio de estabilidade e na sexta-feira (18) registrou alta de 36% na média de óbitos.

Em algumas capitais do Brasil a taxa de ocupação de leitos de UTI voltou a subir, e mesmo em cidades que indicam estabilidade no controle da epidemia, a luz de alerta acendeu. Há o receio de  uma segunda onda de infecções por Covid – a exemplo de países da Europa, temerosos com o aumento de novos casos.   

Parte da população não usa  máscara e segue com aglomerações   

Por mais absurdo que pareça, o que contribui de forma drástica para o prolongamento da pandemia é a resistência de parte da população ao uso de máscara e a insistência em promover aglomerações. Isso, apesar de estar comprovado matematicamente que quanto menor o distanciamento social – e, por conseguinte, com mais gente circulando – maior a capacidade do vírus de se manter ativo.

Nos próximos dias será possível avaliar se as aglomerações que aconteceram no feriado de 7 de setembro terão ou não influência na curva descendente, visto que o resultado costuma aparecer 15 dias depois. Como a maior parte do ajuntamento de pessoas se deu nas praias – ambiente aberto – é possível que não haja impacto negativo. Mas, de toda forma, terá sido um risco inaceitável, além do descumprimento frontal das normas de restrição, que proíbem a permanência na faixa de areia.

Irresponsabilidade – O que se pergunta é o porquê de tanta gente rejeitar o uso da máscara ou usá-la no queixo ou pendurada na orelha? Qual o motivo para entrar em bares que já estão lotados? Por que tanto negacionismo ante milhões de casos de Covid?

As aulas presenciais seguem suspensas, boa parte dos jornalistas de telejornais estão em home office, profissionais de diferentes áreas estão trabalhando em casa, comentaristas de canais esportivos fazem suas análises on-line e várias atividades ainda não abriram. Os serviços que estão voltando retomam aos poucos, de forma gradual e no sistema de rodízio, para reduzir ao máximo a circulação. As arquibancadas dos estádios estão vazias, os tradicionais eventos de Ano Novo em Copacabana, no Rio, e na Av. Paulista, em São Paulo, foram cancelados; o carnaval adiado e tudo isso não significa nada? Ora, são medidas amargas, porém necessárias para conter a pandemia. Ou se faz assim, ou se prolonga a doença.

Então, por qual motivo grupos de pessoas se comportam como se não houvesse amanhã? Como se à frente não viessem outros feriadões ou como se daqui a quatro meses não tivéssemos mais um verão, quem sabe com a vacina à porta?

Talvez, para esses, não haja mesmo um amanhã.