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Sintomas pós-Covid-19 geram atenção de especialistas

Médico detalha os sinais apresentados pelos pacientes após passarem pela doença

Saúde
Por Redação
7 de setembro de 2020 - 0h01

Especialista | Dr. Pedro Conte fala do tempo de tratamento individualizado. (Foto: Carlos Grevi)

Desde meados de março de 2020, o tema principal desta página de Saúde, inevitavelmente, é a Covid-19 e todos os aspectos ligados a esta doença. É preciso avisar, portanto, que o assunto continuará pelos próximos meses sendo pauta de mais reportagens e análises aprofundadas dos especialistas, pois o novo coronavírus ainda esconde certas consequências e evoluções que estão sendo estudadas no mundo inteiro. Contudo, já se pode confirmar que existem determinados sintomas e manifestações que surgem no organismo humano e que são notados pelos especialistas. Em Campos, no Hospital Dr. Beda, do Grupo IMNE, dentro do ambulatório pós Covid-19, instalado especificamente para monitorar pacientes depois de receberem alta, a equipe multidisciplinar já avalia as condições e os sinais deixados pelo vírus nos indivíduos e como será o tratamento para recuperação total daqueles que foram acometidos pela doença.

O médico coordenador rotina da unidade hospitalar, Dr. Pedro Conte, descreve as principais queixas da maioria dos pacientes monitorados. São elas: dor nas costas persistente, tosse, pigarro, cefaleia e cansaço crônico. Alguns sintomas aparecem mesmo sem alterações nos exames. De acordo com o ele, é importante ficar atento esses sinais e a frequência deles, pois estes podem estar ligados a problemas mais graves.

“No momento, temos cerca de 80 pacientes monitorados. Os dados do nosso levantamento mostram que 53% reclamaram de cefaleia e 25% de cansaço. O que temos observado ainda, em relação à alteração de laboratório, a tomografia, que é um exame mais anatômico, vem muito alterada mesmo com melhora substancialmente da Covid-19. Existem pacientes que estamos acompanhando que tem mais de cinco meses de evolução, mas ainda apresentam alteração nestes exames. Alguns têm fibrose pulmonar, que é uma espécie de cicatriz no pulmão, que atrapalha a expansão do órgão na respiração. Além disso, notamos alteração na espirometria, que é um teste da capacidade pulmonar, para ver se o paciente vai precisar fazer uso de alguma medicação e se ficou com algo decorrente da infecção. Outro problema já identificado é a trombose. Existem pacientes que não transmitem mais o vírus, mas que percebemos nos procedimentos uma carga viral no organismo até um mês após a alta. Por isso que existem pessoas que ficam com um quadro mais arrastado e apresentam essa indisposição”, explica.

A preocupação da equipe multidisciplinar com os pacientes curados pelo novo coronavírus é justamente porque a Covid-19 não é uma doença que acomete só o pulmão, mas sim praticamente todo o organismo, podendo trazer complicações neurológicas, cardiovasculares, hematológicas, entre outras situações graves. Segundo o especialista, o novo coronavírus atua como uma espécie de gatilho, piorando alguns quadros clínicos, inflamando várias áreas do corpo e acelerando outros problemas.

“Já existem estudos que avaliam esses casos de inflamações e de piora após a doença. Há pessoas que ficam com sequelas neurológicas. A Covid-19 aumenta a probabilidade do surgimento de outras doenças. Se o paciente já tem predisposição a ter determinada manifestação, depois de contrair vírus, as chances aumentam, como por exemplo, quem apresenta tendência para as doenças cardíacas. Em todos os casos, a duração do tratamento vai depender do estado de cada um. É bem individualizado. Aqui no ambulatório, já verificamos AVC isquêmico pós Covid-19, embolia pulmonar, miocardite e infarto. Por isso, é muito importante que o paciente que teve a doença seja monitorado”, pontua.

Fator psicológico

O médico ainda comenta que dentre todos os fatores, o que mais precisa de atenção é a questão psicológica.

“Há uma preocupação referente aqueles pacientes que vão para UTI e ficam entubados por alguns dias. Imagine essas pessoas que ficam sedadas e acordam depois. Qual grau de sequelas elas vão ter? Como irão ficar depois da infecção? A recuperação desse paciente requer ainda mais a nossa atenção. Além disso, notamos que as pessoas que passam pela Covid-19 têm medo de voltar a vida normal, de contrair o vírus novamente e ter complicações. Nós avaliamos aqui em que momento podemos liberar esse paciente para retorno de sua rotina, principalmente no trabalho. Monitoramos até a função que ele exerce. Em média, nós avaliamos os pacientes que tiveram um acometimento maior por um período de 3 meses, mas essa duração vai depender realmente da evolução dele”, relata.

Ambulatório | Pacientes retornam ao hospital após alta médica para acompanhamento

Ambulatório pós Covid-19

O ambulatório pós Covid-19 tem como objetivo atender os pacientes que passaram pela doença, estando internados ou não no Hospital Dr. Beda. Trata-se de um novo perfil que será acompanhado durante um período. Assim que recebe alta do hospital, o paciente já tem as datas marcadas para consulta de retorno com diversos especialistas. Na primeira semana, ele é acompanhado por uma central de monitoramento, através de contato a cada 72 horas. E depois, ele será monitorado pela equipe através das consultas e da realização de exames, a fim de tratar de maneira mais precoce qualquer complicação.