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Hospital que desmonta sem abrir, dinheiro público pelo ralo e governador afastado

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
30 de agosto de 2020 - 0h01

E isso, num estado quebrado. O Rio não merece 

Há cerca de seis meses, quando se registrou o primeiro caso de Covid no Brasil, nem nos piores pesadelos se pensou que o grave problema seria tratado com tamanho descaso.

Tanto pior, nenhum pessimista convicto foi capaz de apostar em gigantesca falta de liderança, de coordenação, de seriedade e de competência.

Mas, o que ninguém pensou – nem em delírios alucinógenos – é que a doença fosse usada para desvio de dinheiro público, para superfaturamento, para propina ou quaisquer outros lamaçais – podres e torpes – visto que, em se tratando de uma pandemia, o dinheiro roubado é o mesmo que falta para salvar vidas que se perdem por falta de UTI, de respirador e de hospital. Enfim, de atendimento.

Contudo, foi o que, supostamente, em muitos casos se viu. Políticos, detentores de cargos públicos, autoridades e empresários que usaram a doença para roubar. Inacreditável.

De certo, a corrupção durante a pandemia só não perde para o desleixo que, em se tratando das circunstâncias, remete a escândalo vergonhoso que alcança os píncaros do descaso.

O Hospital de Campanha de Campos 

No geral, a situação revela absurdo de tal ordem que, numa reflexão de alguma profundidade, nos faz pensar se é possível que esteja acontecendo o que, de fato, está.

O hospital de campanha de Campos, previsto para ser inaugurado dia 30 de abril, foi adiado para 25 de maio. Até aí, incompetência à parte, aceita-se com reservas.

Só que chegado o dia 25, novo adiamento: 12 de junho. E quando o calendário marcou 12/06, ao invés de finalmente começar a funcionar, veio a informação de que a empresa havia sido trocada e não havia data prevista de inauguração.

Sem comentário. Vale o clichê: seria até cômico, se não fosse trágico.

O hospital começou a ser montado – naturalmente que custou dinheiro público – parou no meio, materiais ficaram expostos ao tempo, muitos devem ter sofrido danos e, agora, é preciso mais dinheiro para desmontar o que não chegou a funcionar.

Em suma, o que deveria ser um benefício e um legado, virou algo que não se tem sequer como definir.

Há cerca de dez dias matéria da Folha de São Paulo colocou Campos entre os cinco municípios do Brasil onde os casos de contágio estão mais acelerados.

Há 15 dias, a imprensa local destacou o crescimento da doença no município e, com sucessivas mudanças vistas a cada semana – ora de melhora, ora de preocupação – não se sabe como serão os próximos dias.

De certo mesmo, só a constatação de que o hospital de campanha está indo embora antes de chegar. Nem em circo se vê lona montada sem apresentação.

E não se tem nem governador para reclamar.