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Indústria espera moer 900 mil toneladas de cana

Safra promete ser a melhor dos últimos anos; preço do açúcar e do álcool e chuva bem distribuída fizeram a expectativa do setor crescer

Economia
Por Thiago Gomes
24 de agosto de 2020 - 0h01

Usinas esperam safra melhor do que em 2019 (Fotos Ascom Coagro)

Com o agronegócio em alta no Brasil, apesar da pandemia do novo coronavírus, a safra da cana-de-açúcar em Campos dos Goytacazes vem se confirmando como uma das melhores dos últimos anos. Além da alta no setor agrícola, o motivo para a boa expectativa das usinas e dos produtores de cana está no clima. Houve chuva farta e bem distribuída, durante o plantio, o que elevou a produtividade dos canaviais e os preços praticados no mercado, tanto do litro do etanol quanto da saca de açúcar. A exemplo das últimas safras, a de 2020 também será mais voltada para a produção de etanol (90%) do que de açúcar (10%). Até final de outubro devem ser moídas 900 mil toneladas de cana, resultando em 45 milhões de litros de álcool e 400 mil sacas de açúcar. Os números representam aumento de cerca de 30% em relação à moagem passada.

De acordo com o diretor financeiro da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), Paulo Bastos, a safra de 2020 promete ser a melhor. Os preços da saca de açúcar (50kg) e do litro de álcool estão melhores que os praticados em 2019. Cada saca está sendo comercializada a uma média de R$ 82,00 e o litro do etanol a cerca de R$ 2,68. A chuva também ajudou bastante, segundo Bastos.

“Há décadas eu não vejo um período de chuva tão favorável ao plantio de cana. Não basta chover, é preciso que chova de forma distribuída. E foi o que aconteceu durante o período do plantio. Se chover muito em um mês e pouco ou nada em outro, isso não ajuda. Estávamos vivendo um período prolongado de seca”, destacou.

Paulo Bastos, diretor financeiro da Coagro (Fotos: Ascom Coagro)

Por causa do preço de mercado, a Coagro decidiu produzir mais etanol do que açúcar nesta safra, novamente. A medida já vinha sendo adotada pela indústria nos últimos anos. O diretor financeiro da empresa explica que, por enquanto, produzir etanol está mais vantajoso, mas, ao final da safra, a cotação do açúcar deve aumentar.

“Como as usinas estão mais voltadas para a produção do etanol, por causa das melhores cotações, ao final da safra, quem produzir açúcar agora e estocar para vender depois terá um bom lucro. Com menos sacas de açúcar disponíveis no mercado, os preços tendem a subir posteriormente”, ressaltou o diretor financeiro da Coagro.

A indústria quer correr para moer as 900 mil toneladas de cana previstas para este ano até 30 de outubro. “Novembro geralmente é mês de chuva. Por isso, nosso cronograma se encerra antes”, explicou Bastos.

Emprego
Historicamente, o setor sucroalcooleiro de Campos é responsável por elevar o número de empregos no município durante a safra. Esta ano não foi diferente. Apesar da pandemia do novo coronavírus, período em que o índice de desemprego no Brasil aumentou em 20,9% entre maio e julho — segundo dados do IBGE —, a moagem da Coagro gerou 2.200 empregos diretos. A estimativa da empresa é de que outros 3 mil indiretos tenham sido criados.

Segundo Paulo Bastos, são 1.500 trabalhadores contratados para o plantio e colheita e outros cerca de 700 para a fabricação de etanol e açúcar. Apesar de ter encolhido nas últimas décadas em Campos, o diretor financeiro destaca que o setor sucroalcooleiro continua sendo um dos mais importantes da economia local.

“A cana gera emprego e renda para nossa cidade. Sempre foi assim e continua sendo”, pontuou.

(Fotos Ascom Coagro)

Safra em tempos de Covid-19
A pandemia também alterou a rotina das usinas, assim como aconteceu com todos os setores. De acordo com Paulo Bastos, a Coagro precisou investir em protocolos de segurança com orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para garantir a saúde dos trabalhadores. Ele lembra que houve custo para implantar tais protocolos de saúde e que todos os cuidados são necessários para que a empresa não pare, além de proteger as pessoas.

“Dessa forma cuidados da saúde de nossos colaboradores e evitamos que a empresa não pare de moer. A Coagro trabalha 24 horas por dia durante cerca de seis meses, que é o tempo médio que dura a moagem. Se casos de Covid-19 for registrado entre nossos colaboradores, pode ser necessário interromper a produção. Por isso, temos médico de plantão, cada pessoa que entra tem a temperatura corporal aferida, o uso de álcool em gel e máscara em todos os ambientes, entre outras medidas”, finalizou.