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Quatro anos e 200 edições depois, Campos continua sem saber como será o amanhã

Terceira Via cobriu altos e baixos no município que ainda vive sob a sombra de incertezas na economia e política

Geral
Por Redação
23 de agosto de 2020 - 0h01

MARCOS CURVELLO e OCINEI TRINDADE

Em 15 de setembro de 2016, o Sistema Terceira Via de Comunicação, que já era composto de Site e da 3ª Via TV, fazia circular a primeira edição do seu jornal impresso. Dez mil exemplares, com todas as páginas coloridas e impresso na maior gráfica da América Latina, vendidos em bancas e com distribuição dirigida. Chegamos a 200 edições, o que significa quatro anos de um jornal, cuja primeira manchete foi “O que será do amanhã?”.

Na cidade de muitos “ontens” e de poucos “amanhãs”, a manchete interrogativa continua sem resposta, e o Jornal Terceira Via, que ganha hoje um novo cabeçalho tipográfico, continuará perguntando, cobrando, arguindo, debatendo e opinando com total independência. Um jornal que nasceu sob as hóstias da mudança, cujo objetivo é cobrá-la.

Nestas 200 edições, demos visibilidade em nossas páginas às demandas de uma cidade onde os erros e os acertos se confundem. Tratamos de forma responsável de todos os assuntos e fatos de interesse da sociedade, com profissionalismo e isenção. Problemas antigos como a violência e novas formas de violência como o feminicídio.
Velhas doenças como a tuberculose e novas catástrofes como a pandemia do Covid-19. Nada escapou do radar de uma equipe orgânica e organizada que busca a melhor informação para o leitor. Em época de notícias falsas, a verdade é a espinha dorsal de cada notícia publicada ou postada.

E o ontem? Dois craques da nossa equipe, Ocinei Trindade e Marcos Curvelo, relevam, como diria o despojado poeta porque o dia não nasceu feliz, analisando fatos e ouvindo especialistas. Jornalistas de ontem, mas com visão de amanhã também dão sua opinião sobre essas 200 edições.

A primeira edição impressa do Jornal Terceira Via chegou às bancas em setembro de 2016, às vésperas da eleição que alçaria Rafael Diniz da Câmara à Prefeitura, em uma vitória em primeiro turno, embalada pelo cansaço da população campista em relação ao modelo garotista de governar e o desejo por renovação. O veículo completa quatro anos às portas de uma nova votação. Ao longo das 200 edições publicadas neste meio tempo, acompanhou de perto o mandato do prefeito e reportou, semanalmente, fatos e decisões que, segundo especialistas, mudaram gradualmente o humor do eleitorado e podem acabar envolvendo o pleito deste ano em expectativas semelhantes.

Jovem e articulado, Rafael havia ganhado projeção como vereador de oposição ao governo Rosinha. Eleito com 55,19% dos votos válidos, após uma bem sucedida campanha conduzida principalmente pelas redes sociais, no que ficou conhecido, à época, como “onda verde”. Embora pertencesse ele próprio a uma linhagem de políticos que tem o ex-prefeito Zezé Barbosa e o ex- -deputado estadual Sérgio Diniz, quebrou a hegemonia de grupos políticos que se alternaram no poder por quase 20 anos, ao derrotar nomes como o candidato governista Dr. Chicão e Caio Vianna, filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna.

Empossado em um domingo, chegou à prefeitura sob os olhares de 151.462 eleitores. “Mocaiber e Rosinha se envolveram em escândalos de corrupção e atos de polícia, então havia uma expectativa do discurso da moralidade. Rafael vinha na oposição aos governos Garotinho e capitalizou essa crítica à falta de moralidade pública e acabou sendo eleito”, recorda o historiador e doutor em sociologia José Fernando Rodrigues. “O grande mérito daquela eleição do ponto de vista do eleitor foi reconhecer a gravidade da situação em que Campos se encontra e tentar uma reação. E o grande mérito do candidato que foi eleito, foi ter apresentado a situação nas suas cores reais. Agora, o problema é que o candidato uma vez eleito ele precisa governar. E o governo exige a capacidade de tomar decisões muitas vezes que são antipáticas”, avalia o cientista político Hamilton Garcia.

Expectativa X Realidade

Com orçamento quase 20% menor do que o da gestão passada e um décimo dos repasses de royalties e participações especiais comprometidos com pagamento de uma operação de antecipação de créditos feita pela ex-prefeita Rosinha Garotinho, Rafael governou, desde os primeiros dias, sob a bandeira da austeridade fiscal. Mas, havia, ainda, a crise da indústria de óleo e gás. “Desde 2014, já vinha acontecendo um acelerado descenso da participação relativa da Bacia de Campos na produção nacional e isto não foi levado em consideração pelos planejadores. Achava-se que, depois da queda, haveria um nível de receita mais estável, ainda que menor, permitindo, assim, organizar as políticas públicas da cidade, ver a cidade gerando emprego renda dentro de uma normalidade. Normalidade esta que não existia, e que tinha implicações para os anos subsequentes”, recorda o economista Ranulfo Vidigal.

Em nome do controle das despesas de custeio, contrariou promessas de campanha. Encerrou programas e atividades de aparelhos sociais, como o Cheque Cidadão, que esteve no centro de um escândalo eleitoral que terminou 11 vereadores cassados, a passagem a R$ 1 e o Restaurante Popular. Parcelou salários e 13º de servidores e jamais concedeu reajuste ao funcionalismo, que comprometeu-se a valorizar. Se envolveu em um embate público com hospitais filantrópicos da rede contratualizada pelo repasse de verbas, e, atropelado pela pandemia do novo coronavírus, acentuou o atraso de pagamentos a prestadores de serviço remunerados por Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), parcelou pensões e aposentadorias. “O debate ficou todo reduzido à questão do orçamento. ‘Não tem dinheiro para isso, não tem dinheiro para aquilo’. Não houve dinheiro para fazer a cobertura social. Não teve para o Fundecam, para uma política mais responsável para setores que gerassem empregos”, analisa o cientista político José Luis Vianna Cruz.

Custo político

Para Rodrigues, “o desgaste tornou-se muito grande”. “As promessas feitas a setores da área médica, psicólogos, professores, aposentados, pensionistas, de que haveria uma revisão no plano de cargos e salários, no atendimento às áreas de saúde e educacional. Na prática, foi o contrário. Tem pensionistas sem receber há dois meses, contratados que perderam o emprego, concursados que não foram chamados”, diz o historiador.

O prefeito reconhece o custo em popularidade das decisões e aposta no julgamento da História. “Sei que isso trouxe prejuízo ao meu nome político, porque não pude realizar as obras desejadas pela população, nem dar o merecido reajuste aos servidores. Mas não existe outro caminho para um grande futuro que não seja o caminho da responsabilidade. O tempo vai dizer quem estava com a razão – quem destruiu a cidade ou quem trabalhou para reconstruí-la”, diz o prefeito.

Com três meses de governo pela frente, Rafael se diz “entristecido” pela dívida do município com os RPAs e afirma que o pagamento depende da “entrada de recursos”. O prefeito reconhece a falta de reajuste para o funcionalismo, mas enumera ações feitas pela categoria, como a autonomia pedagógica concedida a profissionais da Educação e a instituição de eleição para diretores das escolas e creches. Por fim, diz que o município vem adotando “estratégias para transformar vidas”, não mais sob o conceito de assistência social, mas de desenvolvimento humano e social.

Menos Royalties Principal promessa de campanha de Rafael no âmbito econômico, a redução da dependência financeira do município das compensações da indústria de óleo e gás aconteceu, garante a Prefeitura. Em 2015, os repasses feitos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) representaram 54,9% do orçamento. Cinco anos depois, as receitas do petróleo somam somente 17% dos recursos que entram no Tesouro Municipal, em um cenário de declínio da commodity, sinalizado pelas quedas históricas nos valores dos royalties pagos nos últimos meses de junho e julho e pela inédita participação especial zerada em agosto.

De olho no futuro

Rafael Diniz é um entre 16 pré-candidatos à Prefeitura de Campos nas eleições municipais que acontecem no próximo mês de novembro, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

O Jornal Terceira Via vem cobrindo todos os movimentos dos prefeitáveis, como começou a fazer há quatro anos, e preserva a missão de contribuir com o debate público em mais um pleito. Quem quer que saia vitorioso das urnas terá grandes desafios pela frente. Desafios que os especialistas ouvidos começam a identificar e que, no momento vivido pelo mundo, vão muito além da prática política.

“A pandemia abriu margem para repensar o desenvolvimento, sobretudo na esfera federal. Se pode mobilizar recursos federais para enfrentar a recessão através de investimentos. Campos precisa se organizar para entrar nessa possível janela de oportunidades. Nós tivemos uma janela aberta pela política de implantação do Porto do Açu, que abriu oportunidade grande para a região. Ações governamentais a partir do porto são fundamentais para potencializar as saídas e vocações econômicas do Município. Temos um problema de depressão agrícola com a crise da indústria sucroalcooleira que pode ser revertida. É necessário que a prefeitura e os candidatos se debrucem sobre essas alternativas” pondera Garcia.

“A queda do preço do petróleo, do declínio das rendas é um desafio ainda pra nós que criticamos, pesquisamos e alertamos para o mau uso das rendas petrolíferas, hoje temos também temos a responsabilidade de ver caminhos para possíveis soluções que são difíceis e muito complexas. Tenho estudado comportamentos no Brasil. Tenho citado muito as cidades de Maricá, Niterói e Ilhabela”, afirma José Luís Vianna.

Por fim, Vidigal chama os desafios fiscais de “dever de casa pesado”. “Primeiro, é preciso resolver o imbróglio do Fundo Previdenciário. Se mantida a situação atual, em oito anos a poupança deixa de existir. Esta discussão é crucial porque está gerando insatisfação do funcionalismo e instabilidade futura nas contas públicas. Depois, temos o orçamento público, que vai ser menor no ano que vem e não vai se recuperar da noite para o dia. Campos tem que buscar seu novo tamanho e o Poder Público precisa atuar como animador e planejador para que o setor privado volte a ser dinamizado. É preciso ouvir muito” encerra o economista.

Colegas de profissão

“Do digital ao impresso, na contramão do mercado editorial, o Grupo 3ª Terceira Via introduziu de forma corajosa e inovadora seu jornal na região. Um projeto gráfico inspirado nas novas tendências mundiais e investindo na impressão de um produto 100% colorido com um padrão de qualidade gráfica diferenciado e de distribuição qualificada, seu conteúdo sempre atual, relevante e de credibilidade torna-se uma experiência de leitura leve e prazerosa nas mãos de seus leitores”.

André Schwartz, diretor do Parque Gráfico do Grupo O Globo

 

Um projeto bem sucedido e planejado com conteúdo gráfico e editorial de primeira grandeza. Em um momento em que os jornais impressos perdem terreno para as plataformas digitais, o Jornal Terceira Via mostra o verdadeiro papel da imprensa, e o interior do estado do Rio que eu amo merecia um projeto como esse. Parabéns a todos que conceberam e participam deste inovador conceito de Imprensa.

Paulo Roberto Araújo, chefe de reportagem do jornal O Globo por 30 anos

 

Ao completar 200 edições, o Jornal Terceira Via só reforça sua consolidação como importante fonte de informação em Campos dos Goytacazes e região. Na medida que o trabalho sério e comprometido de sua equipe e corpo de diretores foi surtindo resultado, permitiu aos leitores uma maior percepção de que passou a contar com mais um canal que vem sendo muito bem utilizado como porta voz de notícias bem apuradas e assuntos de interesse da sociedade, nas mais variadas áreas. O desejo é de vida longa e que continue trilhando o caminho do sucesso. Parabéns ao grupo.

Cilênio Tavares, ex-editor chefe do Monitor Campista

 

Num momento em que o jornalismo impresso passa por grandes dificuldades, ver o Jornal Terceira Via completando 200 edições é motivo para comemorarmos, pois demonstra que o jornal impresso ainda tem seu valor. O Grupo Terceira Via está de parabéns por enxergar as potencialidades desse meio, que é um dos mais tradicionais na área de comunicação. Vida longa ao jornalismo impresso, vida longa ao Terceira Via.

Wellington Cordeiro – Presidente da AIC

 

 

 

Sem dúvida, o Grupo Terceira Via faz a diferença no jornalismo em Campos e Região. Especialmente no impresso, que ajuda a manter ainda aceso o pouco que resta de jornal em papel no município. Equipe competente e qualidade na formação de opinião.

Hélio Cordeiro – jornalista

 

 

 

 

 

O grupo Terceira Via está de parabéns pelo trabalho isento e sério de seus profissionais que, seja no impresso, internet ou TV, nos trazem informação de qualidade. Neste momento em que o jornal impresso completa 200 edições, comemoro como leitora assídua e como jornalista veterana e orgulhosa dos colegas que desfilam seus talentos no Grupo Terceira Via. Parabéns a todos.

Jane Nunes – Jornalista