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Em agosto, o mês do ‘agouro’, óbitos por Covid podem recuar

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
9 de agosto de 2020 - 0h01

A tragédia de Nagasaki, há 75 anos, e a pandemia de 2020: o 9 de agosto de ontem e de hoje

Agosto, que ao longo da história protagonizou grandes tragédias e episódios marcantes, tem, pelos próximos 20 dias, a oportunidade de se revelar como o mês que interrompeu o crescimento da pandemia do novo coronavírus – o que tiraria de seus ombros a fama de agourento – e passar a ser lembrado como ‘o agosto’ que marcou o recuo da Covid-19 e deu início à redução de óbitos provocados pelo vírus. 

Vejamos: esta semana o Brasil completa cinco meses desde que foi registrado o primeiro óbito por Covid no País, em 12 de março.

Em abril, o número de vítimas aumentou quase 30 vezes, chegando a praticamente 6 mil mortes. E só cresceu: 23.335 em maio, 30.315 em junho e 32.912 no mês passado.

Importante registrar que apesar de ter havido desaceleração do contágio do mês 6 para o 7, o fato é que num país onde a pandemia chegou em março, o quinto mês ser o de mais mortes é inaceitável. Ou, nas palavras do epidemiologista Pedro Hallal, “(…) Isso é completamente descabido e só mostra o fracasso do País no combate à pandemia”.

E acrescenta: “Se o Brasil não fizer o distanciamento social nas cidades onde os números ainda estão estabilizados ou crescendo, agosto vai ‘ganhar’ de julho e vai ser, de novo, o mês com mais mortes“.

Agosto pode fazer história e obter ‘redenção’ 

Seis dias representam 20% de cada mês. Assim, na comparação do número de óbitos registrado nos 6 primeiros dias de julho (5.893) com o mesmo período de agosto (6.018), contabilizamos aumento de 2.1% de mortes por Covid no Brasil.

Logo, apesar dos 2,1%, vemos que com 80% do mês à frente, caso o distanciamento social venha a ser levado a sério (o que não está acontecendo) e a abertura das atividades econômicas seja melhor ajustada, fiscalizada e, principalmente, que se acompanhe a transmissão do vírus para que, onde houver aumento do contágio, as medidas restritivas mais duras voltem a ser adotadas – há grande chance de que após cinco meses contínuos de alta nos óbitos a redução o número de mortes venha ocorrer exatamente em agosto – o que seria dizer: finalmente a pandemia está sendo vencida.

País precisa parar de errar  

Mas como nada irá acontecer ao acaso, para que em agosto a pandemia vá às cordas e seja nocauteada, as coisas no Brasil precisam parar de piorar. Em recente entrevista, o médico Drauzio Varella – que também deu suas ‘vareladas’ no início da doença – afirmou que o País chegou a essa tragédia por “acúmulo de erros”.

Criticando as falhas do governo e os desajustes na abertura econômica, disse que com resistência ao isolamento e sem que o uso de máscara seja de 100%, o Brasil vai continuar perdendo para a Covid.

De forma enfática, advertiu que o retorno das crianças às aulas, neste momento, seria um desastre. Lembrou, ainda, que ninguém sabe qual o momento certo dessa volta, mas deixou o alerta: “Com toda essa disseminação que temos no país, não é só colocar a criança na escola, porque a criança não é transportada por telepatia. Alguém vai ter que levar, ou ela vai ter que frequentar um transporte coletivo, e volta para casa depois...”

O 9 de agosto de 1945: a tragédia de Nagasaki 

A rendição da Alemanha nazista aconteceu no início de maio de 1945 e selou a vitória dos Aliados sobre as “Potências do Eixo” que, na prática, não existiam mais.

A Itália, derrotada desde antes, havia se retirado do conflito e a queda do delirante “Reich mil 1.000”, de Adolf Hitler, sentenciou que a 2ª Guerra Mundial estava, irreversivelmente, com os dias contados e literalmente encerrada na Europa.

Contudo, o Japão insistia em levar adiante a guerra no Pacífico – uma guerra que não havia como vencer. Tóquio já vinha sendo devastada pelas bombas incendiárias, mas o Império do Japão não atendia à exigência dos Aliados que, liderados pelos EUA, pediam a rendição incondicional das forças japonesas, já então sem condições bélicas de levar adiante o conflito.

Enfim, seja para encurtar a guerra não obstante em seu estágio final  – seja para vingar Pearl Harbor – o fato é que em 9 de agosto de 1945, há 75 anos, os EUA lançaram a bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki, três dias depois de terem despejado outra arma nuclear, a ‘Little Boy’, contra Hiroshima. As ofensivas resultaram no arrasamento total do Japão.

Não há consenso sobre o número de mortes, acreditando-se que as duas bombas tenham matado, instantaneamente, mais de 200 mil pessoas – cerca de 90% civis não combatentes – com efeitos radioativos sentidos por décadas.

Foi a única vez na história que o dispositivo nuclear fora usado em guerras e contra alvos civis. Até hoje historiadores debatem se, devido à devastação e quantidade de vítimas, as bombas atômicas constituíram ou não crimes de guerra.