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DISTANCIAMENTO: Sem ele não há solução

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
2 de agosto de 2020 - 0h01

DISTANCIAMENTO:

Sem ‘ele’ não há solução 

Brasil não recua de 1.000 mortes por dia; RJ volta a apontar alta de óbitos e Campos registrou 100 mortes por Covid em julho: crescimento de 30% em relação mês anterior, (*) mas com um dia a mais

Depois de cinco meses desde que foi diagnosticado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, o País ainda navega em águas turvas, enfrentando, dia-a-dia, um mar de incertezas.

Praticamente a cada semana surge uma novidade – não raro contradizendo alguma afirmação anterior – mas, de toda sorte, mostrando que o mundo científico tenta aprender como lidar com a doença e busca, desesperada e obstinadamente, uma forma de vencer o vírus e acabar com a pandemia.

Nesse longo período duas verdades ecoam absolutas: 1) O distanciamento social é imprescindível; 2) Enquanto não tiver a vacina, as medidas preventivas são indispensáveis.

Mas não tem sido fácil convencer a população de que estamos diante de uma pandemia mortal e subestimá-la tem custado milhares de vidas. Infelizmente o Brasil está entre os países que pior responde à doença – talvez o pior do mundo.

Primeiro, tratou a Covid como se fosse nada. Depois, faltou a liderança nacional para conduzir ações coordenadas de combate e a doença acabou sendo polemizada e politizada. Por fim, uma série de erros, desleixo, lentidão e tudo o mais que explica a catástrofe de se estar contabilizando cerca de de 2 milhões e 700 mil casos de infecção e aproximando de 93 mil mortes.

Transmissão do vírus acelera no Brasil 

Estudo divulgado pelo Imperial College de Londres, divulgado na sexta-feira (31), apontou que a transmissão do novo coronavírus voltou a ganhar velocidade no Brasil e que o índice de contágio ficou mais rápido nas duas últimas semanas.

Há 15 dias, o índice (​Rt) era de 1,03, ou seja, cada 100 pessoas com Covid levariam o vírus para outras 103. Agora subiu para 108: cem pessoas infectam 108.

Segundo o infectologista Celso Granato, no início de julho o Brasil dava sinais de controle da doença com curva decrescente. Aí vieram as flexibilizações e com o aumento da circulação de pessoas a transmissão voltou a subir. Para ele – a exemplo do que pregam os especialistas em epidemiologia e infectologia – os países que tiveram sucesso na contenção do vírus foram os que adotaram isolamento e até confinamento. Mas o Brasil não consegue nem mesmo o distanciamento.

Pior ainda, a corrente predominante de médicos sanitaristas e estudiosos do fenômeno epidemiológico não entendem como cidades e estados brasileiros promovem o afrouxamento das restrições ao mesmo tempo que a pandemia aumenta no País. Ou seja, um contrassenso inacreditável.

A comunidade científica adverte que o País voltou a registrar recordes na média móvel de óbitos em 24 horas e que nenhum estado está livre de novos surtos, mesmo os que hoje estejam em situação estável.

Exemplo do Rio – Tanto que o Rio, que nas últimas semanas manteve-se entre os estados que apresentavam estabilidade, voltou a ter crescimento de óbitos no dia 30, juntamente com SC, RS, GO, RR, MS e AC. Essa variação, de curvas descendentes, estáveis e ascendentes, vai continuar enquanto o País não conseguir fixar o distanciamento social.

 

Campos tem 100 mortes por Covid em julho 

Cem pessoas morreram em Campos pelo novo coronavírus no mês de julho, contra 74 do mês passado. Entretanto, como julho tem 31 dias, para que o comparativo seja igual em ambos os meses, não se está contabilizando o registro de 7 mortes na sexta (31). Ainda assim, a alta de óbitos esteve acima de 25% em relação com o mesmo período do mês anterior. Se computado o registro de 31 de julho, o aumento chega a 35%.

O município segue na fase amarela até 09 de agosto podendo, eventualmente, ocorrer a abertura de outras atividades, – o que será decidido no próximo dia 06, de acordo com os números da Covid coletados durante a semana.

Aglomerações e mais de 1.000 mortes por dia 

Em linhas gerais, o que se tem de concreto é que o Brasil insiste em desprezar o distanciamento social mesmo tendo registrado, há cerca de 10 dias, recorde no número de casos confirmados em 24 horas (mais de 65 mil) e atingido picos na média móvel de óbitos semana passada.

Estão morrendo mais de mil pessoas por dia e, para além do negacionismo, o País ainda tolera aglomerações. A apresentadora Chris Sales, do SBT, abalada com a morte do jornalista Rodrigo Rodrigues, chegou a dar um desabafo contra aglomerações em show no Lago Paranoá, em Brasília: “Vocês estão comemorando o quê? Mais de mil mortes por dia? Chega! Egoístas, irresponsáveis, nojentos”.