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Sintomas deixados pela Covid-19

Neurologista Luiza Lopes comenta alguns sinais que podem permanecer mesmo após a cura do paciente

Saúde
Por Redação
29 de julho de 2020 - 15h35

Perda olfativa pode permanecer após o desaparecimento dos sintomas (Foto: divulgação)

A pandemia do novo coronavírus mudou completamente o planeta em vários aspectos. Dia após dia, estudiosos analisam a força da doença e demais consequências, a fim de entender um pouco mais o tamanho do problema. Muitos pontos ainda são desconhecidos, mas o que não se pode negar é o grau de perigo da Covid-19.

Além de causar sintomas mais graves como falta de ar e podendo levar o paciente à morte em alguns casos, existem algumas manifestações neurológicas que podem persistir mesmo após a chamada cura. Especialistas já começam a discutir sobre esse assunto e já tiveram algumas percepções. A neurologista Dra. Luiza Lopes explica que entre essas manifestações da Covid-19 a mais frequente é a redução ou perda completa do olfato e do paladar, chamadas de hiposmia e hipogeusia, anosmia e ageusia. Outra manifestação muito comum é a dor de cabeça.”Sim, estas complicações podem perdurar após a resolução do quadro infeccioso. Existem outras manifestações menos frequentes, porém relevantes,
que são outras neuropatias, mononeuropatias, encefalopatia e quadros de AVC (acidente vascular encefálico). Algumas dessas últimas ocorrem mais
comumente em pacientes com evolução mais grave da Covid-19″, revela.

Segundo a médica, em geral, essas manifestações surgem durante o curso da doença, na primeira ou segunda semana dos sintomas. Porém, também podem surgir mais tardiamente, durante o caso de uma internação prolongada pela infecção do novo coronavírus. “Não há predileção por faixa etária, embora a redução do olfato acompanhada ou não de redução de paladar em geral são mais descritas no sexo feminino, em mulheres jovens, mas podem ocorrer em qualquer faixa etária e no sexo masculino também. Outras manifestações como AVC, são mais comuns em pacientes idosos, embora há relatos de casos de pacientes jovens acometidos”, frisa.

Luiza Lopes, neurologista

Tratamento
A especialista também detalha que em geral essas manifestações neurológicas que diagnosticadas nos pacientes acometidos por Covid-19 são tratadas da mesma forma em casos de pessoas que não contraíram a doença, mas que apresentam esses sinais. “Um exemplo: pacientes acometidos de perda ou redução do olfato, quando persistente, podem ser submetidos ao que chamamos de “reabilitação olfativa”, na qual o ele é submetido a estímulos olfativos distintos diariamente por um período para através da neuroplasticidade, criar novas conexões neurológicas da via olfativa e voltar a ter o estímulo e a sensação olfativa e de paladar”, comenta.

Complicações e prevenção
A neurologista ainda alerta que essas complicações podem ocorrer em outras viroses respiratórias e não são específicas da Covid-19, mas que agora na pandemia são sim percebidas com mais frequência. “É importante alertar a população que a Covid-19 apresenta um contágio maior que outras viroses respiratórias e com características clínicas que levam a um percentual maior de casos que evoluem de forma grave, devido à frequência grande de pneumonia. A presença de alterações de olfato e paladar também chamam a atenção, pois embora não específicas, tem uma incidência maior na Covid-19 que em outras viroses respiratórias e devem servir de alerta para a possibilidade do diagnóstico por infecção do novo coronavírus.

Nessa pandemia, outro fator importante descoberto é que a Covid-19 trata-se de enfermidade infecciosa e imunológica, levando a uma série de alterações inflamatórias, podendo acometer não só vias aéreas e pulmões, mas também outros órgãos e sistemas do corpo, como sistema neurológico, cardiológico e renal. Portanto, é importante mantermo-nos ainda alertas e adotar sempre que possível, distanciamento social, com uso de máscara e lavagem frequente das mãos e outras medidas de higiene. A melhor forma de combater a Covid-19 é evitar o contágio”, completa a Dra. Luiza Lopes.