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Motos: quem se responsabiliza?

Mesmo com sequência de reportagens do Jornal Terceira Via, cerco contra a turma do barulho não se fecha

Campos
Por Redação
19 de julho de 2020 - 0h01

Desrespeito| Má conduta dos motociclistas foi denunciada nas edições impressas 193 e 194 do Terceira Via

A imprudência e desrespeito de motoqueiros às leis de trânsito, associadas à falta de fiscalização nas esferas estadual e municipal, ultrapassaram o campo das discussões. Na prática, a irregularidade tem custado vidas de jovens. Só no mês de julho, pelo menos quatro pessoas morreram em graves acidentes registrados na região. O descumprimento das leis de trânsito por parte dos motoqueiros vem sendo reportada em todas as edições impressas do mês de julho, no Jornal Terceira Via.

Esta é a terceira reportagem e frisa as brechas deixadas pelos órgãos e leis quanto as atuações no trânsito para evitar os abusos e desrespeitos. O especialista em trânsito do Sest/ Senat, João José disse que não existe mais em Campos um convênio firmado entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o município de Campos, o que garantiria operações conjuntas entre a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal. “A guarda não atua porque não tem poder de polícia, não tem armas e meios necessários que garantam a segurança do agente. Por isso, seria necessária a presença da força policial, como apoio”, informou.

Sem a parceria – que terminou em 2018 – ações isoladas da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Rodoviária estadual agindo apenas nas rodovias federais e estaduais não dão conta do problema. “Dentro da cidade, a fiscalização ficaria a cargo da PM, caso o convênio com o Detran fosse feito. Ressalto que essa parceria é importantes não só para redução de acidentes, como para manter a ordem”.

João José Freitas Júnior do Sest/Senat

Segundo João José, outro agravante da situação, é o contrato dos guardas municipais de Campos não abranger as garantias da insalubridade e periculosidade, que são adicionais trabalhistas que facilitariam a atuação do efetivo nas ruas no combate à violência no trânsito. “Os guardas não são obrigados a colocarem a vida deles em risco. Eles têm que ter condições de trabalho, proteção e segurança. Mas quando é seguro, posso dizer que o guarda faz a parte dele”, afirma.

A Prefeitura de Campos informou, por meio de nota, que a Secretaria de Segurança Pública do município está buscando homologar convênio para atuar de forma complementar, possibilitando ações em conjunto entre o município e o Detran-RJ.

A PM informou que, sem o convênio, está reforçando operação presença para coibir práticas criminosas.

Problemática

Para o especialista em trânsito, João José, está comprovada a relação direta entre fiscalização de trânsito e redução de acidentes com motos. “O ideal, primeiro, é educar e reduzir a violência no trânsito, pois, sem isso, o custo é enorme para todos e impacta na ocupação dos leitos hospitalares”, afirma.

Acidentes – Na madrugada de 14 de julho, os jovens Carlos Alberto Rosário Dias, de 19 anos e Isac Mariano Abreu, de 16 anos, morreram na hora, em um acidente de moto, na avenida 28 de Março, no Parque São Caetano, em Campos. Sem habilitação para conduzir o veículo, eles pilotavam em alta velocidade pela avenida, invadiram o passeio público e só pararam depois de bater em um canteiro de plantas e no muro de uma casa. O acidente foi registrado por câmeras de segurança e é investigado pela Polícia Civil.

Na noite de 14 de julho, o motociclista Leomar da Silva Alves, de 31 anos, morreu na hora depois de bater na traseira de um carro. O acidente aconteceu no trecho urbano da Rodovia RJ224, em São Francisco de Itabapoana.

Já no dia 11 de julho, duas motos bateram de frente na Rodovia RJ-216 (Campos/Farol de São Thomé), em Mussurepe, na Baixada Campista. Um dos pilotos morreu na hora e o outro foi socorrido em estado grave para o Hospital Ferreira Machado.