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As novas caras da política de Campos

Insatisfeitos com os rumos do Poder, pessoas que nunca se candidataram podem disputar Prefeitura

Campos
Por Marcos Curvello
13 de julho de 2020 - 0h01

O cansaço de parte do eleitorado em relação a velhas práticas políticas, o fisiologismo e a corrupção tem favorecido, nas últimas eleições, o surgimento de candidaturas dos chamados outsiders: pessoas que estão fora do universo do poder e nunca tiveram vida pública. Em 2018, a ascensão de um discurso antissistema e pela renovação foi o motor de uma mudança de titularidade em 52% das cadeiras da Câmara dos Deputados e 85% no Senado. O fenômeno pode se repetir na esfera municipal, em novembro, quando serão eleitos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Em Campos, pelo menos quatro nomes se propõem a disputar, pela primeira vez, um cargo eletivo e miram o comando do Executivo. São empresários, profissionais liberais e até um juiz aposentado.

De forma geral, o discurso que embala as pré-candidaturas de outsiders apela a esse mal-estar, que se manifesta na urna como um apoio numericamente importante à ideia de injeção de sangue e práticas novas na arena partidária. Apontada como um fator negativo, a falta de experiência é parte daquilo que move o voto de quem aposta na oxigenação da representação política e na vontade de “fazer diferente”.

Edmar Ptak | Oposição a Rafael nas redes

Marinheiros de 1ª viagem

Em Campos, quatro possíveis candidatos a prefeito preenchem o perfil de outsiders. Filiados a partidos relativamente novos e que ainda buscam uma posição no cenário nacional, dois deles trabalham ativamente em suas pré-campanhas. Os outros dois, integram, desde abril, grupo político encabeçado pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar e esperam definição dos partidos antes de pisarem de vez na arena eleitoral.

Mineiro de Mantena, o advogado e empresário Edmar Ptak é pré-candidato em Campos pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Apresentador de um programa sobre a política regional transmitido pela internet, faz oposição ao Governo e busca, na polarização com o prefeito Rafael Diniz, conquistar o voto do eleitorado insatisfeito.

Jonathan Paes | Contra política hereditária

Filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), o construtor civil Jonathan Paes defende a melhoria dos serviços e das políticas públicas ofertadas pelo município. Nascido em Campos, se apresenta como alternativa a uma política hereditária e cíclica, encabeçada por poucos grupos familiares, que se sucedem no poder mutuamente no comando da cidade.

O juiz aposentado Pedro Henrique Alves assinou em abril sua filiação ao Solidariedade, de Bacellar. Natural de Campos, ele atuou por longo período na Vara da Infância do município e se aposentou como magistrado da 1ª Vara da Infância, Juventude e do Idoso da capital. Na cerimônia, esteve presente a médica obstetra campista Cândida Barcelos, do Democratas (DEM).

Pedro Henrique | Juiz aposentado se filiou em abril

Estreantes na política, os dois compõem uma lista de três possíveis nomes que os partidos da base de Bacellar vão apoiar na corrida pela Prefeitura de Campos — o terceiro é o ex-deputado federal pastor Éber Silva, também demista.

“Cidadão comum”

O jornal Terceira Via tentou contato com os pré-candidatos e pediu que falassem sobre o que os levou até a política, mas, até o fechamento desta reportagem, somente Jonathan Paes havia respondido ao pedido de entrevista.

Com perfil tipicamente outsider, o construtor civil descreve sua pré-candidatura como fruto da “insatisfação com as administrações anteriores”.

Candida Barcelos | Médica está no DEM

“Ao longo dos últimos vinte anos, perdemos a grande oportunidade de figurarmos como cidade modelo do nosso país, quando foi deixado de investir R$ 25.345.836.868,26 royalties e participações especiais do petróleo em obras de infraestrutura, desenvolvimento, tecnologia e sustentabilidade. Além disso, perdemos o que já tínhamos como referência a indústria sucroalcooleira e no agronegócio”, avalia Jonathan.

Sua fala vai de encontro ao discurso de candidatos que vêm de fora do Sistema quando defende o corte de benefícios e o uso da coisa pública pela classe política.

“(Os políticos) não vivem a mesma realidade que nós vivemos em nossa cidade. Por exemplo, minha família e eu, quando precisamos de saúde, é no sistema público que buscamos amparo. E é lá que vejo a dura realidade que os separa do cidadão comum”, encerra.