POR LETÍCIA NUNES E TAYSA ASSIS
Sabe aquele papelzinho de bala jogado na rua? Aquele que é “só um” e não vai dar em nada? Então, imagina mais de 500 mil pessoas jogando esse papel em calçadas e ruas. Viver em sociedade exige algumas responsabilidades, entre elas o cuidado com os espaços de uso comum. Mais que obras e serviços essenciais do poder público, atitudes individuais também fazem a diferença para a construção de lugares bons e limpos. Na pandemia, diante da menor quantidade de pessoas circulando no município, é possível perceber os reflexos do abandono por parte do governo e também a falta de bom senso dos campistas. O fato é que ninguém gosta de viver em um ambiente sujo.
Beira-Valão
Em 2011 começaram as obras de revitalização do canal Campos-Macaé, que transformou o trecho urbano numa nova Beira-Valão. O espaço é tombado e não pode ser fechado. Mas, os arcos metálicos não escondem a sujeira a céu aberto. As águas escuras revelam a quantidade de lixo despejada por quem passa por ali. Já foi possível ver peças de roupa, calçados e até móveis dentro do valão. A Secretaria de Desenvolvimento Ambiental informou que o trecho entre o McDonalds até a Chatuba passou por limpeza na última semana. No trecho restante, até o Mercado Municipal, o procedimento será feita ainda nesta semana.
O descarte irregular em áreas públicas e terrenos baldios são grandes vilões quando o assunto é combate ao mosquito Aedes Aegypti. A proliferação do mosquito transmissor da chikungunya, dengue, zika e febre amarela acontece nessas oportunidades, onde a água se acumula em recipientes. Além disso, essa sujeira traz problemas sérios de saúde e ainda impacta no meio ambiente. São inúmeros pontos vistos na cidade com lixo e entulho acumulados. Na Avenida Carmem Carneiro, em Guarus, por exemplo, as pessoas precisam conviver com o descarte de lixo a céu aberto na beira da linha, além dos animais que circulam por ali, como ratos e até urubus. Outro local com bastante acúmulo de lixo irregular é na Rua Deputado Nelson Martins esquina com a Rua Felipe Uebe. Ali, entulhos são jogados por moradores e carroceiros.
Em meio à pandemia, os descartes tiveram um aumento de 20 mil toneladas por mês, para 40 mil toneladas. Já a coleta domiciliar, a média, que era em torno de 300 toneladas por dia, foi registrado um aumento para 450 toneladas. Em casos de flagrante de descarte irregular, a população deve entrar em contato com o Departamento de Fiscalização e Controle Ambiental, através dos canais (22) 98175-0207/98175-1888 ou através do email fiscalizacaosmda@ gmail.com.
Com 14 quilômetros de extensão, a ciclovia da Avenida 28 de Março corta grande parte dos bairros da cidade de Campos. Milhares de ciclistas passam por ali diariamente. E faz tempo que não é possível ver nenhum reparo ou melhoria naquele espaço. Fora o fato de dezenas de acidentes que acontecem na via, acabarem destruindo aos poucos esse lugar, que foi pensado para abrigar exclusivamente quem percorre o município de bicicleta. Sem pintura ou limpeza, a ciclovia vai morrendo aos poucos.
Segundo a Prefeitura de Campos, a ciclovia Patesko, da Avenida 28 de Março, recebeu moderna iluminação de led em toda sua extensão, assim como a Avenida Presidente Keneddy, no Jóquei. Outras melhorias também estão no cronograma da Superintendência de Iluminação Pública. O Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) também possui projeto para reforma, melhoria e alterações da ciclovia, no entanto, devido à queda na arrecadação do município, o Instituto está, desde o final de 2019, em busca de recurso federal para viabilizar a execução do mesmo.
Cuidado, zelo e preservação seriam as palavras que caberiam a esses locais. Porém, o cenário tem sido diferente nos últimos tempos. No principal teatro da cidade, o Trianon, é possível ver desde a área externa, os sinais da falta de cuidado. A vegetação alta é apenas um dos pontos onde falta conservação. O teatro e o Museu Histórico de Campos ficaram quase um mês sem energia elétrica, que foi cortada no dia 28 de maio, pela concessionária fornecedora, por falta de pagamento. A luz nesses espaços foi restabelecida na última quinta- -feira (25 de junho). Durante esse tempo, os funcionários que trabalham no espaço passaram por dificuldades.
Já no Jardim São Benedito, local bastante frequentado antes da pandemia por famílias e estudantes, hoje, é impossível visitar esta área de lazer. Além de estar fechado por causa da pandemia, atualmente, o entorno é local de moradia de pessoas em situação de rua, além da falta de iluminação à noite e pouca conservação do espaço. A prefeitura informou que tem uma equipe no interior do parque, que realiza a manutenção do espaço diariamente. Do lado externo, a limpeza também será realizada até o final desta semana.