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Instituto do Câncer do NF inaugura Casa Horizonte

Espaço de acolhimento está de portas abertas e oferece estrutura para receber pacientes do SUS em tratamento contra o câncer

Saúde
Por Redação
22 de junho de 2020 - 0h01

Seu Delson deve passar mais de um mês na casa (Foto: Carlos Grevi)

O Instituto do Câncer do Norte Fluminense inaugurou, no dia 8 de junho de 2020, a Casa Horizonte, primeira casa de apoio e hospedagem para pacientes em tratamento de câncer da região. O espaço – no Centro de Campos – foi idealizado pela equipe médica oncológica do Grupo IMNE (Instituto de Medicina Nuclear e Endocrinologia) para proporcionar conforto e bem-estar no processo de cura do paciente.

O diretor clínico do OncoBeda, Diogo Neves, é um dos idealizadores da Casa Horizonte. Ele explica que o usuário poderá dormir, tomar banho, descansar e até se alimentar, graças a uma rede de solidariedade e apoio. “Os interessados vão passar por uma triagem social, onde será verificado o perfil do paciente. É importante observar que a casa não oferece serviço de assistência à saúde ou tratamento terapêutico, mas abriga o paciente para estadia”, disse.

Como Campos é referência regional no tratamento de câncer e recebe pacientes de cidades como Macaé, Conceição de Macabu e Quissamã, eles chegam de manhã e só retornam para casa no final do dia. Muitos não se alimentam bem, nem descansam.

Diogo Neves é diretor clínico do OncoBeda (Foto: Silvana Rust)

“Há também o risco de acidente nas estradas diariamente. Permanecer na Casa Horizonte durante o tratamento – que pode durar até dois meses – é mais uma segurança, além do conforto e minimização de sofrimentos”, garante Diogo.

A assistência na Casa Horizonte garante mais qualidade de vida e busca contribuir positivamente com o resultado do tratamento, essa é a expectativa do médico radio-oncologista, Ronaldo Cavalieri. “A casa é equipada com cozinha e camas, por exemplo, e vai permitir que os pacientes tomem os remédios adequadamente e descansem. Isso vai incentivar a continuidade do tratamento de radioterapia, que é diário e pode se tornar desgastante sem essa estrutura de acolhimento. Nesse espaço, os pacientes poderão passar horas, não necessariamente precisarão dormir lá”, afirma Cavalieri.

Uma equipe multidisciplinar do Grupo IMNE visita frequentemente a casa. De acordo com a assistente social Simone Monteiro Xavier, os pacientes/hóspedes seguem as regras para que a casa seja sempre um espaço harmonioso de convívio. A casa tem capacidade para receber 16 pacientes.

Primeiro paciente

O primeiro paciente a se hospedar na Casa Horizonte foi o pedreiro Delson Saturnino, de 64 anos. Ele mora em Macaé e faz tratamento de radioterapia para combater um câncer de próstata. Delson chegou à casa no dia 8 de junho e pretende ficar até o dia 25 de julho, quando concluirá o tratamento. “Eu acordo, mantenho tudo organizado e limpo. Estou dividindo a casa com um outro paciente e a filha dele, que veio como acompanhante. Tem dias que eu preparo nossa refeição, tem dias que ela prepara e assim vamos vivendo por aqui”, conta.

De acordo com Delson, antes de ser acolhido na Casa Horizonte, ele saía de Macaé às 6h30 e chegava a Campos por volta das 9h. “Eu ficava sentado em uma praça esperando dar a hora do meu tratamento. Depois de fazer a radioterapia, eu continuava esperando os outros pacientes durante a tarde, para só então conseguir voltar para Macaé. Era muito desgastante”.

Segundo Delson, outro agravante para o tratamento era a preocupação com o dia seguinte. “Eu não dormia bem, pois ficava preocupado com a hora de levantar para não perder o ônibus. Se eu não conseguisse chegar a Campos, sabia que o tratamento ficaria comprometido. Estou achando tudo muito bom por aqui. Falo todos os dias com a minha esposa por telefone”, disse.

Inspiração

Antes das portas da Casa Horizonte serem abertas, os idealizadores visitaram espaços semelhantes no Brasil, como uma casa que funciona na cidade de Barretos, em São Paulo. “Nós pensamos na Casa Horizonte por cerca de dois anos, mas ela começou a ganhar forma no fim do ano de 2019. Agora, toda semana eu vou até a casa, conheço os pacientes e vejo como eles estão animados e satisfeitos”, conta Diogo.

A Casa Horizonte fomenta a iniciativa social do Instituto do Câncer, uma associação sem fins lucrativos, criada no ano de 2003, com o objetivo de apresentar soluções e ampliar serviços relacionados à oncologia em todo o Norte Fluminense, aumentando ações de prevenção e controle do câncer, além de promover saúde e bem estar aos pacientes e incentivar pesquisa e estudo científico em oncologia. “Estamos plantando uma semente que vai crescer e frutificar. Essas ações sociais ajudam cada vez mais pessoas e refletem na saúde corporal e psicológica, passando pela autoestima do paciente”, comemora Diogo.

 

Radio-oncologista, Ronaldo Cavalieri (Foto: Silvana Rust)

Planos para o futuro

O radio-oncologista Ronaldo Cavalieri explicou que a curto prazo novas atividades serão incorporadas à Casa Horizonte. Aulas de artesanato e outros projetos sociais serão oferecidos aos hóspedes e acompanhantes. O objetivo é ocupar o tempo dos usuários, proporcionando aprendizagem e futura geração de renda.

A Casa Horizonte fica localizada na esquina das ruas Gilberto Siqueira e Saldanha Marinho, próximo ao Teatro Trianon.

Rede de Solidariedade

Para sair do papel, a Casa Horizonte contou com uma ampla rede de solidariedade em Campos. Além de pessoas voluntárias, como André Braga e médicos, empresas contribuíram para o projeto. O principal colaborador foi o Grupo IMNE. Além dele, Ponto e Linha, Censanet, Isecensa, Lojas Kitem, Femac móveis, Estudio Ideia e COR. A rede de supermercados Super Bom promoveu uma campanha em que sorteava um carro e o ganhador escolhia uma instituição de caridade para ajudar. Uma das instituições ajudadas foi a Casa Horizonte, que passou a receber mensalmente um crédito para abastecimento da casa com alimentação não perecível.

Paciente e acompanhante hospedados na Casa Horizonte (Foto: Carlos Grevi)