De acordo com a concessionária responsável pelo fornecimento de energia no município, a empresa realizou cortes em prédios públicos não essenciais do município no último dia 27 em função de débitos da administração municipal.
A companhia esclareceu ainda que está em negociação com a Prefeitura e que já restabeleceu o funcionamento de energia em cinco dos dez prédios cortados, em razão do pagamento de parte da dívida. A empresa segue aguardando um contato da administração da cidade para negociação da dívida restante.
Entre as diversas obras raras do século passado guardadas nas dependências do Trianon, por exemplo – enquanto a Biblioteca Municipal Nilo Peçanha se encontra em inatividade – estão livros em couro feito à mão por normalistas do Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert (ISEPAM) e folhetos de missa de “réquiem”- celebração dedicada a pessoas de renome que faleciam.
Segundo Carlos Freitas, pesquisador e ex-diretor do Arquivo de Campos, há o risco desses registros se perderem, caso não se tenha um armazenamento adequado.
“Onde tem ventilação no ambiente não acontece o surgimento de fungos e nem condições propícias para o cupim. Não adianta ficar funcionando durante o dia e desligar à noite. Ou funciona 24 horas ou não funciona. Então sempre aconselho locais com muita ventilação, bem iluminados e limpeza constante desse acervo”, afirma Carlos.
Sylvia Paes, pesquisadora e historiadora, também destaca a necessidade de todos os registros precisarem de cuidados. “Todos os documentos em suporte de papel são muito sensíveis à iluminação e a desregulação de temperatura. E isso aí tanto faz para livros raros, documentos de fonte primária e gravuras.’’
A precariedade permanece no mês de aniversário do Museu, que completa oito anos no próximo dia 29, e a pouco mais de 30 dias da comemoração de 22 anos da reinauguração do Trianon.
Ainda sem um retorno para as atividades nos espaços por conta do isolamento social, também não há uma definição sobre a preservação desse acervo.
A diretora do Museu de Campos, Graziela Escocard, contou ao Jornal Terceira Via que estão tentando manter a circulação de ar do Museu, abrindo as janelas, porém, não é o mais apropriado.
“Temos documentos raros no Museu e ainda livros da coleção de Nilo Peçanha que precisam de acondicionamento apropriado.Esse material corre risco,” lamentou Graziela
De acordo com a Prefeitura de Campos, o município aguarda decisão judicial, após entrar com processo, por entender que, no contexto atual de pandemia não deveria ser permitido o corte de energia.
No entanto, segundo a concessionária, “os cortes foram precedidos de notificação, estando de acordo com a Resolução nº 878/2020 da Aneel, que dispõe de várias diretrizes de condutas a serem adotadas pelas concessionárias de energia elétrica em todo território nacional durante o cenário envolvendo o avanço da Covid-19 no país”.
A Prefeitura esclareceu que vem mantendo contato permanente com a Procuradoria e tomando medidas na tentativa de reverter à situação.
Fonte: G1/Jornal Terceira Via