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Artigo Cláudio Andrade: LULA diminuiu de tamanho

Lula sente falta de ser o centro das atenções, o mestre de cerimônia, o astro das massas.

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Por Redação
15 de junho de 2020 - 17h38

Foto: Divulgação

O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva parece que após cumprir parte de sua pena perdeu o prazer pelas lutas sociais. Chefe da nação por dois mandatos, responsável pelo aumento do poder aquisitivo da classe média e réu em vários processos de corrupção, o metalúrgico do ABC diminuiu de tamanho.

 

O momento atual é de divisão gritante. Os agentes políticos se preocupam cada vez menos com as mais de 33 mil mortes por Covid e estão organizando o país como um estádio de futebol. O lado A aqui e o B, ali.

 

Independente do lado que possamos estar, é claro que todos esperavam uma posição de Lula que pudesse acrescentar algo a esse debate que mistura ideologia, negacionismo em relação ao Covid, racismo, fake News, manobras contra o STF, corrupção, robôs, dentre outras questões delicadas.

 

Convidado a formar fileiras e por óbvio, uma posição afirmativa nesse cenário tão obscuro que o Brasil vivencia, Lula preferiu não estar o lado de ninguém, se colocou à margem das discussões, como se fosse um mero cidadão em início de carreira.

 

O grande lance é saber os motivos pelo quais esse importante político da América latina optou pelo anonimato. Seria pelas manchas cada vez maiores contidas na sua biografia? A perda pelo gosto da política? O prazer pela reclusão, agora residencial?

 

Prefiro acreditar que o problema de Lula foi o manjado ego. Sim, Luiz Inácio, ao perceber que não seria o ator principal dos que pensam contrário ao governo Bolsonaro, preferiu fingir-se de morto a ter que dividir espaço com outros expoentes da política nacional.

 

No atual momento não há um microfone somente para ele, as câmeras e os sindicatos também não seguem somente as suas linhas políticas. Agora, Lula tem que aguardar para falar, precisa passar o microfone adiante e não esquecer que não é um homem livre e, sim, em liberdade, pelo menos, por enquanto.

 

Lula sente falta de ser o centro das atenções, o mestre de cerimônia, o astro das massas. Continua sendo uma peça importante no contexto nacional, mas não se mostra preocupado com os rumos do país, parece introspectivo, como se tivesse feito um pacto com o silêncio.

 

Verdade que a população brasileira não precisa de ídolos, apesar de demasiadamente carente de construtores sociais responsáveis, mas assistir Lula optar pelo ostracismo? Deixar o ego ultrapassar os limites do razoável, a ponto de deixá-lo na obscuridade, fora de um momento importante que ainda vai ser motivo de centenas de mobilizações?

 

Lula pode até ser ainda uma estrela, mas em queda, pois quando opta pelo egocentrismo, em detrimento ao coletivo, deixa páginas de sua história em aberto e seus liderados meio órfãos de um comando reto e preciso.