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Vídeo: PM reage com gás lacrimogêneo contra manifestantes em ato antirracismo em Campos

Ato aconteceu no final da tarde desta sexta e tinha cerca de 15 participantes que mantinham o distanciamento necessário

Campos
Por Redação
5 de junho de 2020 - 18h19

A Polícia Militar de Campos reagiu com spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra um grupo de cerca de 15 pessoas que fazia um ato antirracismo no final da tarde desta sexta-feira (5), em Campos. Os manifestantes estavam no calçadão, no Centro, de forma ordeira, com máscaras de prevenção ao coronavírus e mantendo a distância recomendada pelas autoridades de segurança e, ainda assim, foram repreendidos pelos policiais.

A reportagem do Terceira Via estava no local na primeira abordagem dos PMs, quando três agentes falaram que os manifestantes, que neste momento estavam sentados no monumento do Pelourinho, não poderiam fazer a manifestação por causa da aglomeração. Os manifestantes então se afastaram e ficaram em volta do monumento, mantendo a distância.

Minutos depois, os policiais voltaram e dispersaram os manifestantes.

“Eles chegaram com dois camburões e outros agentes já jogando gás lacrimogêneo e nos ameaçando. Eles já chegaram de forma truculenta. Jogaram gás até em pessoas que estavam passando pelo calçadão e não estavam participando do ato. Foi um show de horrores, desnecessário, sendo que estava todo mundo distante. Eu nunca imaginei passar por isso aqui, sendo que era um ato tão pequeno e tão tranquilo”, afirmou o professor João Santos.

Ato
O ato foi organizado nas redes sociais por um grupo de amigos que levou alguns cartazes e se reuniu em volta do monumento do Pelourinho. Participantes conversaram com a reportagem antes da abordagem da polícia e falaram sobre a mobilização.

“A gente vive uma realidade muito difícil em que policiais estão matando crianças dentro das suas próprias casas. O racismo está em todos os lugares, infelizmente. Este ato surgiu de forma orgânica em que uma pessoa totalmente desligada de movimentos sugeriu que fizéssemos um ato antirracismo aqui em Campos como uma forma de luta por tudo o que está acontecendo. Escolhemos o monumento do pelourinho por um fator histórico, tem todo um contexto que importa pra gente”, contou a estudante Luanna, que após a repressão policial preferiu se identificar apenas com o primeiro nome.

O estudante Lewa Jagunjagun também falou sobre o racismo. “As pessoas enxergam a nós, negros, como algo a se excluir e nossa vida é banalizada. Todo negro já sofreu algum tipo de preconceito. Na universidade mesmo, uma vez um professor fez uma pergunta, eu respondi, e ele disse que ficou surpreso por eu responder. Se eu estou em um espaço com todos os outros, por que eu não seria capaz de responder? Eu tenho 22 anos e 80% dos meus amigos já morreram ou estão presos. Só eu e mais dois conseguimos entrar numa universidade”, afirmou.

Comando da Polícia Militar em Campos fala sobre ação

A reportagem questionou, por email, o comando da Polícia Militar em Campos sobre a ação policial durante o ato. Por meio de nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que “Os policiais militares estão instruídos a priorizar a conscientização e o diálogo no contato com os cidadãos”.

Ainda por email, o comandante do 8º BPM, coronel Luiz Henrique, disse que “os manifestantes não obedeceram a ordem de dispersar e foi necessário o uso de armamento de menor potencial ofensivo para que a determinação fosse cumprida. Vale ressaltar que ninguém foi preso ou ficou ferido”, informou a nota.

A reportagem perguntou novamente o motivo das agressões, já que os manifestantes eram poucos e mantiveram a distância, mas ainda não recebeu resposta.

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