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Relatos de isolamento social ao pé da letra

Famílias relatam um pouco da rotina durante quarentena sem visitas e sem vida social

Comportamento
Por Ocinei Trindade
1 de junho de 2020 - 6h00

Unidas em quarentena | Adenorah e Adriana Medeiros sem visitas em casa. (Fotos: Divulgação)

Desde março, quando foi decretado o período de quarentena ou de isolamento social, a atriz e professora Adriana Medeiros só sai de casa para ir ao supermercado ou farmácia, mas o mínimo possível. Sua mãe, a aposentada Adenorah Medeiros Brito, de 82 anos, não vai nem ao portão. Ela é ex-fumante, hipertensa e corre mais riscos com a circulação do novo coronavírus. “Espero que isto passe, se Deus quiser”. Devido à pandemia, as pessoas procuram se adaptar à nova realidade. Porém, admitem, não tem sido fácil.

Na volta da rua, repete-se o ritual de tirar roupa, botar roupa e sapatos para lavar, além de banhos. “As compras também tomam banho com água sanitária ou álcool. A gente se limpa o tempo todo, não tem mais tapetes; limpa maçaneta das portas. Alimentação sempre foi regrada. Bebemos muito água. Faço yoga, medito todos os dias”, diz Adriana.

Com a quarentena, a cultura pessoal está mais alimentada, segundo Adriana Medeiros. “Já li bastante coisas, vi muitos filmes, ouvi músicas. Alimento minhas redes sociais com poemas e músicas. Preparo minhas aulas, grande desafio dar aula à distância. Tenho resistência a estas tecnologias. Estou aprendendo a lidar e fazer o melhor. Fiz aulas e me inscrevi em um curso de teatro negro. É tempo de aprendizagem e sabedoria”, revela.

Adenorah diz que faz quarentena precisa. “Não vou a lugar nenhum. Precisei ir ao hospital por seis dias. Tive pneumonia, fiz exames, nada além. Pego sol, faço meus serviços de casa, uso máscara. Toco meus instrumentos musicais. Vou passando o dia me ocupando. Sinto muita falta das visitas de meus netos e de minha bisneta, mas, se Deus quiser, isto vai acabar”, diz.

Festa virtual | Pietro com os pais Alan e Paula em festa transmitida por rede social por causa da quarentena

Isolamento familiar

A advogada Raquel Nogueira e os filhos cumprem o isolamento desde que as escolas foram fechadas após decreto estadual. “Não saio de casa. Faço compras por telefone em estabelecimentos perto de casa. Se preciso de algo maior, faço compras on-line. Não saímos para nada. As aulas on-line ajudam a ficarmos aqui. A única vez que saímos foi para a vacinação da gripe, em drive-thru, na Fundação Rural. Moro em edifício e evitamos usar o elevador. Há muitos profissionais de saúde e petroleiros que moram no prédio.

Raquel considera que seu gesto contribui para ter menos pessoas infectadas e evitar disseminar o vírus. “Sabemos que o sistema de saúde não suporta um número grande de demanda. É preciso priorizar os leitos de hospital para quem realmente precisa. Meu marido é médico e ele não tem como fazer isolamento social. Ele se protege e tem o suporte de equipamento de segurança individual.

A advogada confessa que a rotina está cansativa. “Dispensei a diarista. O serviço de casa aumentou, além de ajudar os filhos nas atividades escolares. É preciso entender os profissionais como professores que também passam por situação difícil. A gente espera que, com sabedoria, possamos voltar à normalidade. Espero que os governos deem suporte às pessoas da cidade e aos profissionais de saúde”, deseja.

Isolamento | Raquel Nogueira

Festa de aniversário virtual

A arquiteta Paula Bernardo e o engenheiro Alan Gama cumprem quarentena com o filho Pietro, de seis anos. Paula assumiu o acompanhamento do menino nas tarefas escolares. “Estou grávida e só saio para exames de rotina. Compras de supermercado é com meu marido. Cuidamos da higiene de tudo e priorizamos banhos logo após chegar da rua”, conta.

O casal diz que não é fácil o isolamento, pois sente falta de sair. “Sempre saímos muito com os nossos amigos e visitamos casas de amigos. A gente tem conseguido se manter. Eu sou arquiteta. Quando começou a quarentena, havia obras para acompanhar. A internet me ajudou bastante com compras on-line e chamadas de vídeo de clientes para dar suporte em projetos contratados”, explica.

No dia 15, Pietro fez seis anos. Haveria uma festa, mas com a pandemia, a comemoração foi virtual pelas redes sociais. Fizemos uma live para festejar o aniversário e revelar o sexo do bebê em um “chá revelação”. Teremos uma menina. Fiz uma festinha on-line pra ele em casa com tudo que ele gosta de comer. Recebemos surpresa de amigos que vieram no condomínio, sem descerem dos carros. De longe, recebemos presentes e todos ficamos muito emocionados, principalmente, o Pietro”, conclui.