O Republicanos — partido do prefeito do Rio, Marcelo Crivella — anunciou que está deixando a base do governador do RJ, Wilson Witzel (PSC).
Em uma nota nas redes sociais, a legenda informou que a decisão da bancada “foi unânime” e que o secretário estadual de Trabalho e Renda, Jorge Gonçalves — um de seus quadros —, “apresentará sua carta de renúncia” a Witzel.
O diretório regional faz menção aos fatos da Operação Placebo, deflagrada na última terça-feira (26), sobre suposta fraude em contratos do estado para o combate à Covid-19.
“Desejamos que todas as irregularidades e desvio de recursos da saúde do Estado do Rio de Janeiro sejam esclarecidos”, diz o texto, assinado por Luis Carlos Gomes, presidente regional da sigla.
“A corrupção já é abominável em qualquer circunstância, porém, mais terrível ainda em meio ao caos e sofrimento da pandemia, com milhares de registros de infectados e óbitos”, emenda.
Reforço de bolsonaristas
Parte da bancada bolsonarista do RJ foi para o Republicanos depois da cisão no PSL — caso do senador Flávio Bolsonaro, do deputado estadual Dr. Serginho e do vereador Carlos Bolsonaro.
Na Alerj, quatro dos 70 deputados são do Republicanos.
Em reação à Operação Placebo, Witzel disse ser vítima de perseguição política e acusou Jair Bolsonaro e o procurador-geral da República, Augusto Aras.
“Chegou ao meu conhecimento que essa investigação partiu de dentro do gabinete do procurador-geral da República, com aquiescência do presidente da República”, afirmou.
A Operação Placebo
Witzel e a primeira-dama, Helena, são investigados sobre suspeitas de fraude na saúde durante a pandemia de Covid-19.
Nesta terça (28), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na residência oficial do governo e na casa onde morava, no Grajaú.
A ordem foi expedida pelo Superior Tribunal de Justiça depois do depoimento do ex-subsecretário estadual de Saúde, Gabriell Neves.
Gabriell foi preso na Operação Mercadores do Caos, do MP do RJ e da Polícia Civil fluminense, que investiga suposta fraude na compra de respiradores pelo governo.
O ex-subsecretário ouvido por promotores, que encaminharam a documentação para o Superior Tribunal de Justiça.
Os contratos do governo Witzel na pandemia somariam mais de R$ 1 bilhão, entre a montagem de hospitais de campanha e aquisições de respiradores, máscaras e testes rápidos.
A TV Globo apurou que, em uma das conversas interceptadas pela Polícia Federal, investigados afirmaram que teriam que negociar com o “01 do Palácio” — uma possível referência ao governador Wilson Witzel.
Os investigadores buscam provas de que o governador saberia do esquema do operador Mário Peixoto, preso pela Lava Jato no dia 14 de maio, suspeito de fraudes relacionadas a hospitais de campanha.
Mário Peixoto seria sócio oculto de várias empresas que possuem contratos com o governo do RJ. Uma delas é a Átrio Rio, envolvida em denúncias relacionadas a contratos emergenciais.
Fonte: G1