×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Funcionários voltam a denunciar Acciona por supostas falhas na segurança sanitária

Trabalhadores com sintomas de covid-19 continuariam atuando junto de suas equipes; empresa nega

Economia
Por Redação
25 de maio de 2020 - 13h35

Área do Porto do Açu onde várias empresas estão instaladas (Foto: Divulgação/Prumo Logística/Arquivo)

Funcionários da Acciona, que opera no Porto do Açu, em São João da Barra, voltaram a denunciar a multinacional espanhola por supostas falhas na gestão interna da pandemia do coronavírus. Segundo eles, trabalhadores com suspeita de covid-19 continuam atuando no empreendimento e a empresa não estaria tomando cuidados necessários para conter a contaminação.

De acordo com os funcionários, a empresa, não estaria fornecendo equipamentos de proteção individual adequado e a equipes que permanecem em atividade no Açu estariam sendo obrigadas a compartilhar espaço e tarefas com colegas que apresentariam sintomas de infecção pelo novo coronavírus. Além disso, a multinacional não estaria dando publicidade a casos já confirmados.

Encarregada da construção de um Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) para a Gás Natural Açu (GNA), a Acciona emitiu uma nota, na qual negou as acusações e afirmou que “não há diagnósticos positivos de covid-19 entre o grupo de colaboradores atuante no Porto do Açu”. A empresa, porém, confirmou o afastamento de um funcionário que apresentou sintomas da doença.

“De acordo com o protocolo de atuação da companhia, há um profissional afastado de suas atividades e em isolamento domiciliar por ter apresentado sintomas, o qual será testado e tomadas todas as medidas cabíveis, como o monitoramento de seu grupo de trabalho”, diz a nota.

Adicionalmente, a multinacional reiterou estar seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Estado do Rio de Janeiro, “tomando todas as medidas necessárias para zelar pela saúde e segurança de seus colaboradores”.

A Acciona afirmou, ainda, que paralisou temporariamente suas atividades de 18 a 20 de março “como medida preventiva”. A partir do dia 23, concedeu férias coletivas “para o maior número de empregados, excluindo-se grupos específicos de atividades essenciais à implantação do projeto”. Para os colaboradores que permanecem na rotina no Porto do Açu, a companhia “executa um plano de controle preventivo”. As medidas diárias são:

  • Monitoramento da temperatura dos funcionários;
  • Treinamento, conscientização e fiscalização de refeitório e cozinha, onde as rotinas sofreram
    ajustes para assegurar a saúde dos nossos colaboradores;
  • Treinamento, conscientização e fiscalização dos colaboradores na utilização dos
    equipamentos individuais como máscaras e luvas, bem como higienização pessoal;
  • Delimitação de espaços de 2 metros de uma pessoa para a outra nos refeitórios.
  • Espaçamento entre as mesas do refeitório e retirada de alguns assentos;
  • Produção e distribuição de material visual de conscientização, fixação dos mesmos nas
    principais áreas comuns, como refeitório, recepção e banheiros;
  • Higienização diária nos ônibus de transporte dos funcionários;
  • Delimitação de uma distância segura entre os trabalhadores nos ônibus, intercalando as
    fileiras utilizadas e a ocupação máxima de 30 % dos lugares.
  • Higienização diária em ambulância da empresa (resgate médico) para, caso necessário,
    assegure que o colaborador não terá intercorrência associada ao COVID 19;
  • Profissionais que se queixam de qualquer sintoma passam por avaliações médicas que
    definem as medidas necessárias.

Reincidente

Esta não é a primeira vez que funcionários da Acciona fazem denúncia semelhante. No final de março, trabalhadores denunciaram, ao Jornal Terceira Via, que a empresa teria mantido equipes trabalhando enquanto outras companhias, como a Andrade Gutierrez, teriam suspendido totalmente as atividades. Adicionalmente, eles questionaram as medidas adotadas em relação às condições de transporte e higiene da empresa.

“Há alguns trabalhando em home office, parte de férias, e muitos no escritório, sem luvas e máscaras. Os ônibus estão cheios com pessoas sem máscaras. Há pouca gente na limpeza e os ambientes sem serem higienizados corretamente. O pessoal está com medo, mas não pode parar. Existem pessoas com mais de 60 anos trabalhando. Aqueles de outros estados, preferiram antecipar suas saídas para voltar para casa. No almoço, estão dando luvas de plástico e controlando o fluxo. Mas, nos ônibus, não. Ontem (23 de março), havia de 110 a 120 operários trabalhando”, contou o grupo, na época.

A reportagem procurou, na ocasião, um dos diretores de operação da Acciona por telefone. Ele afirmou que não poderia dar entrevista, e, que qualquer informação deveria ser consultada a assessoria de imprensa. Porém, ele informou que havia setores da empresa que não poderiam parar, inclusive a manutenção de equipamentos.

Consultada, a assessoria de imprensa, mais uma vez, negou as denúncias.