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Um vídeo sem grandes novidades

Chama a atenção o demasiado excesso de palavrões, quase todos proferidos pelo Presidente, que nunca escondeu sua opção por esse tipo de linguagem

Opinião
Por Editorial
24 de maio de 2020 - 9h40

A liberação pública do vídeo filmado na reunião ministerial em 22 de abril, no Palácio do Planalto, cujo conteúdo foi arrolado pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como prova de intervenção do Presidente Bolsonaro, surpreendeu muito pouco.

Se fosse um filme, e o cinema estivesse lotado, o famoso bonequinho do jornal O Globo teria duas atitudes, ou seja: os bonequinhos que apoiam Bolsonaro iriam aplaudir de pé, e os contra sairiam do cinema, falando horrores.

O conteúdo do vídeo tem alguns pontos aparentemente não republicanos, e o mais grave deles é a questão exatamente que envolve Sérgio Moro, pois o Presidente Bolsonaro deixa claro que iria intervir em qualquer ministério.

A Polícia Federal, com o passar do tempo, passou a ser uma polícia judiciária, que não se reporta a Presidência da República e sim ao juízo ou ao MP. Neste caso, o vídeo não surpreende, pois isso já tinha vazado.

Chama a atenção o demasiado excesso de palavrões, quase todos proferidos pelo Presidente, que nunca escondeu sua opção por esse tipo de linguagem, o que é deselegante, mas não constitui nenhum crime.

Retoricamente, o ministro da Educação utilizou um recorte pesado ao dizer que se dependesse dele, os membros do STF estariam todos presos, e esse é outro ponto não republicano.

As narrativas que se seguem têm a orelha de Bolsonaro, o nariz de Bolsonaro, os olhos de Bolsonaro e principalmente a língua de Bolsonaro, ou seja, não decepcionou seus eleitores, pois foi autêntico e nem escandalizou a oposição.

Se o Procurador Geral da Justiça estivesse apurando palavrões, certamente ofereceria denúncia. Se estiver apurando o que disse o ex-ministro Moro, tem um razoável material na mão, mas é preciso prudência. O resumo do vídeo: é fraco e cheira arquivamento.