×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Cristina Lima analisa produção cultural em tempos de pandemia

O futuro do setor artístico em Campos e em todos os lugares é alvo de muitas incertezas, segundo a presidente da FCJOL

Entrevista
Por Ocinei Trindade
18 de maio de 2020 - 17h18

Cristina Lima, presidente  da FCJOL  (Foto: Arquivo/Diomarcelo Pessanha)

O Jornal Terceira Via entrevistou profissionais de diferentes segmentos para a reportagem especial desta semana que aborda o futuro dos empreendimentos em Campos após a pandemia de Covid-19. Uma das pessoas ouvidas é Cristina Lima,  presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, autarquia do governo municipal. Nesta edição eletrônica, a gestora de cultura de Campos analisa o momento de crise e faz observações sobre os enfrentamentos e desafios do setor artístico.

Com a Covid-19, o setor de cultura parou. Como avalia este momento?

O momento tem confirmado aquilo que muitos pensadores afirmam: toda crise traz algum aspecto positivo em seu bojo. No caso da pandemia, constatamos como a cultura e as artes, em geral, nos salvam do tédio,do vazio, além de amenizar nossa melancolia.

Acredita que levará muito tempo para o setor se recompor e se recuperar?

Sim, acredito que o setor vai sofrer porque apesar de ser importante na retomada da economia, dependerá de investimentos.

Quais são os profissionais mais afetados com a pandemia na área cultural?

Creio que as áreas ligadas à música, ao teatro, à dança e atividades ligadas ao lazer, sendo que, de uma forma geral, foram atingidas a criação artística e o ensino das artes.

Como deve ser o futuro do teatro, cinemas, salas de espetáculo por causa da pandemia?

Vai ser uma vivência nova para todos nós: artistas, produtores, gestores e público. Os espaços culturais estão inseridos neste grande processo de mudança que o mundo está vivendo e sua utilização está vinculada à adequação a uma nova realidade.

Os artistas locais que se apresentam em bares e shows também são afetados com a pandemia. O setor cultural deverá ser o último a voltar “a normalidade”. Até lá, o que pode ser feito?

Esta questão atinge todos os trabalhadores autônomos. Com a arte é bastante preocupante, também. O Conselho Municipal de Cultura, este ano com a sociedade civil na sua presidência, tem mantido diálogo com a classe na tentativa de buscar alternativas que amenizem o problema.

Arrisca dizer como será o futuro próximo para o setor cultural  no país e no mundo?

O mundo está cheio de incertezas, cercado de interrogações e questionamentos. Como a humanidade caminhará diante das dificuldades já postas? Que lições tiraremos disso tudo?

Há especulações que os teatros e cinemas terão que controlar o número de pessoas nas salas, redução de público e apenas espetáculos com monólogos. O que pensa sobre isso?

Segundo o jornalista Artur Xexéo, já existe um conjunto de sete regras básicas, propostas por um teatro em Massachusetts, que vão desde a redução da plateia para resguardar a distância de 1,5m  até a oferta exclusiva de monólogos. Na verdade, vão surgir novos teatros, em uma nova concepção espacial e adoção de novas atitudes, sendo que a nossa relação com estes dois espaços culturais será, sem dúvida, muito diferente.

O que se pode refletir sobre as atividades culturais e teatrais neste momento de crise? 

Minha expectativa é que “ninguém passará imune a essa situação”. Jamais seremos os mesmos depois dessa pandemia e eu espero que o pensamento mundial se volte mais para o coletivo, sem priorizar o individual. Como disse Ferreira  Gular “a arte existe porque a vida não basta.” É tempo de vivências novas, inusitadas e desafiantes. O que fizermos delas caberá a cada um de nós determinar!