Aos 60 anos, Cláudio Martins está curado do Covid-19 e recomeça a vida (Fotos: Divulgação)
Foram 29 dias de internação hospitalar, sendo 21 destes em um leito de Unidade de Terapia Intensiva, e 13 dias de entubação respiratória por causa da Covid-19. Esta foi a rotina nas últimas semanas do economiário aposentado, Cláudio Nogueira Martins, de 60 anos. Ele ficou sob os cuidados da equipe multidisciplinar do Hospital Geral Dr. Beda. Recebeu alta após ter sido curado, e, agora se recupera em casa. Foram dias difíceis para Cláudio e sua família. Ao sair do hospital, ele disse: “minha mensagem é que as pessoas nunca percam a esperança e lutem sempre pela vida”, frisou.
Cláudio é casado com a também economiária Keli Martins. Eles moram em São João da Barra, mas passaram uma temporada em Campos durante a pós-internação hospitalar. “Ele está se sentindo bem, mas necessita de fisioterapias muscular e respiratória. Precisa ainda ficar em confinamento para se reabilitar e evitar ficar doente. Ele foi curado por Deus e contou com a ajuda de profissionais muito capacitados do Beda. Estamos muito felizes e agradecidos”, disse Keli. Ela também contraiu o novo coronavírus, mas teve apenas sintomas leves, ao contrário do marido.
A esposa Keli Martins também contraiu o novo coronavírus, mas sem sintoma grave (Foto: Acervo Pessoal)
Vários profissionais como a enfermeira Roberta Castore e o médico intensivista Bruno D´Ávila acompanharam diariamente a internação de Cláudio Martins. Para a enfermeira e chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Roberta Lastorina, histórias como a do paciente Cláudio motivam intensamente a equipe a lutar pela melhora clínica de todo paciente.
“Muitas vezes, é difícil lidar com algo que é desconhecido, mas o dia a dia do trabalho em equipe vem nos fazendo fortes para lutar contra uma nova doença que impacta todo mundo. No Brasil não é diferente, em Campos dos Goytacazes também não seria. Mas, é trabalhando em equipe que se constroem novas realidades e novos finais felizes, como do paciente Cláudio, que retorna ao seu seio familiar para desfrutar demais momentos em comunhão”, diz Lastorina.
Hospital Geral Dr. Beda, em Campos (Foto: Silvana Rust/Arquivo)
Ações administrativas e médicas
A diretora administrativa do Grupo IMNE, Martha Henriques, afirma que o Hospital Geral Dr. Beda se preparou muito para esse momento. Em reuniões on line, um comitê de crise se encontra duas vezes por semana para traçar metas e diretrizes das rotinas do unidade que mudam a todo momento por causa da situação do novo coronavírus. São 15 profissionais de diferentes setores que discutem e decidem ações e etapas sobre alas e leitos abertos; medidas para o Centro de Terapia Intensiva; altas e internações de pacientes.
“A decisão é do grupo. A doença está ensinando a todos os hospitais. Estamos em uma fase difícil, com preços estratosféricos dos equipamentos de proteção individual. Um avental descartável, que custava R$2,80, agora é vendido até por R$15. Em uma pós-graduação que faço no Hospital Albert Einstein, trocamos experiências com profissionais de outras unidades do país”, explica Martha.
De acordo com a diretora, o Beda está atento a paramentação e desparamentação dos profissionais. “Abrimos uma parede para a passagem da equipe. As duas portas são usadas de forma diferentes com entrada e saída distintas. Usamos um vaporizador com jato de hipoclorito e com duas bandejas para os pés que deixam toda roupa já higienizada para descarte. Esta iniciativa foi elogiada pelo Hospital Einstein de São Paulo, e foi adotada por eles. Nós, no interior, com soluções práticas e reais contribuímos. O grande está aprendendo com o pequeno. Não é só o pequeno que aprende com o grande, mas o contrário também”.
Martha Henriques é diretora administrativa do Grupo IMNE (Foto: Silvana Rust)
Foram alteradas algumas rotinas no IMNE. O laboratório o XY Diagnose foi deslocado para o Bedalab.
“Temos contribuído com resultados de exames para Covid-19 em prazo hábil e com segurança. Há pessoas que não estão levando a sério o novo coronavírus, circulando nas ruas sem necessidade. Precisamos atentar para a gravidade da doença, mantermos o isolamento e os cuidados de higiene”, destaca. A Covid-19 nos tira do rumo, nos faz perder oportunidades, interrompe projetos, faz a gente refletir sobre como é importante a vida”, destaca Martha.
Cartas de amor
Durante a internação de Cláudio Martins, ele recebeu cartas escritas pela esposa e pelos quatro filhos. Ele é avô de uma menina. “A gente declarou nosso amor. Os enfermeiros leram as cartas para ele, assim que ele entubou. Apesar de não se lembrar, por estar inconsciente, cuidamos dele também desta maneira. Seguiremos assim, confiantes em Deus”, conclui Keli Martins.
