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A obesidade e o novo coronavírus

Risco de agravamento do quadro existe e médica afirma que é preciso adoção de algumas mudanças de hábito

Saúde
Por Redação
12 de maio de 2020 - 16h41

Principal fator de risco para indivíduos com menos de 60 anos infectados pelo novo coronavírus, de acordo com o Ministério da Saúde, a obesidade atinge um a cada cinco brasileiros. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) explica que a doença crônica causa inflamação e o tecido adiposo fragiliza o sistema imunológico, logo quanto mais obeso, mais vulnerável o paciente é à ação de vírus e bactérias. Os números da Covid-19 no Brasil mostram que 57% dos mortos fora da terceira idade tinham excesso de peso. Mas, afinal o que é preciso destacar nessa relação entre obesidade e o vírus?

Segundo a endocrinologista, Dra. Patrícia Peixoto, a obesidade tem se mostrado um fator de risco para pior evolução da infecção pela Covid-19 não só aqui no país, mas também fora dele, como nos Estados Unidos e no Reino Unido. Para ela, o que chama a atenção é o fato de serem pacientes mais jovens em que a única doença é a obesidade, sem as outras manifestações metabólicas que geralmente são logo percebidas, como diabetes, dislipidemia e doença cardiovascular. “Há estudos avaliando se o tecido adiposo (gordura) visceral serviria como um reservatório viral e fonte de disseminação viral prolongada, o que justificaria quadros mais graves.

Além disso, o excesso de peso corporal, em especial abdominal, afeta a capacidade de expansão dos pulmões, criando uma dificuldade extra na respiração, já afetada pela infecção. Há ainda casos de pacientes que apresentam apneia do sono e outros distúrbios de ventilação devido ao excesso de peso, dificultando a passagem do ar pelas vias aéreas e sobrecarregando mais ainda a função pulmonar. Soma-se a isso o fato de ser mais difícil nestes pacientes a mobilização e o uso de técnicas como da ventilação em posição de bruços”, ressalta.

Dra. Patrícia Peixoto, endocrinologista (Foto: Carlos Grevi)

Riscos com o novo coronavírus

A especialista detalha que no caso de indivíduos obesos, em relação ao contágio são recomendadas as mesmas atitudes gerais preconizadas pelas autoridades de saúde, como lavagem das mãos, distanciamento físico, uso de máscaras caseiras quando precisar ir a rua, entre outros. A vacina contra a gripe também é indicada. “Aos pacientes que já estão em tratamento, não parem com medicamentos e demais medidas e mantenham contato e seguimento com o médico endocrinologista que os acompanha. Para os que não estão em tratamento, não iniciem medicamentos por conta própria para perda de peso ou melhora da imunidade, nem dietas restritivas, mas estejam mais atentos aos cuidados com alimentação, busquem se exercitar e procurem tratamento médico tão logo seja possível, uma vez que obesidade é sim uma doença com importante base genética”, esclarece.

Tratamentos atuais para a obesidade

O tratamento da obesidade busca primeiramente uma perda de cerca de 10% do peso inicial, já capaz de reduzir inflamação, distúrbios metabólicos e risco cardiovascular, mesmo que não se atinja o Índice de Massa Corporal (IMC) “normal”, de acordo com a médica. Agora, a escolha do tipo de terapêutica vai considerar as causas da doença, questões individuais, presença de transtornos alimentares, como compulsão e de transtornos de ansiedade, muito frequentes. “O paciente deve ser informado de que é um tratamento crônico (emagrecer e parar o seguimento leva a reganho) que deve incluir mudanças alimentares, exercícios físicos, melhora de qualidade do sono e uso de medicamentos autorizados e seguros para agir em pontos que são alterados em quem tem obesidade, além do tratamento de outros transtornos associados. Vale destacar que a cirurgia bariátrica também é uma opção de tratamento seguro e eficaz quando bem indicado”, revela.

Para todos, o momento de redução do ritmo corrido de vida que a quarentena nos impôs pode se tornar propício para adoção de algumas mudanças que, independente de levarem a uma perda de peso na balança de forma rápida, os tornarão mais saudáveis e com uma imunidade melhor, lembrando que é o mais importante é pensar e agir sempre com equilíbrio. “Além das recomendações para manter uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos. O sono interrompido ou por períodos menores que 7 horas dificulta a perda de peso e afeta hormônios ligados ao estresse. Evite também o consumo de bebidas alcoólicas, que agridem o fígado e afetam o sistema imunológico. E nada de dietas radicais ou cobranças extremas”, completa.