A notícia da morte do fenomenal ator trouxe muita comoção aos corações sensíveis e não julgadores.
Flávio, antes de tirar a sua própria vida, escreveu que a humanidade não deu certo e pediu que cuidemos de nossas crianças.
Inicialmente, me desculpem os covardes, os hipócritas e os falsos pregadores da fé, mas a dor sentida antes de se matar é algo completamente fora da razão e não pode ser relativizada por ninguém. Calem-se, humanos rasos!
Os que se suicidaram levaram consigo a dor de não aguentar mais suas próprias adversidades. Não se mataram por não quererem viver e sim por não resistir aos obstáculos que o mundo terreno colocou-lhes à prova.
Mesmo diante de uma pandemia, que já matou mais de sete mil pessoas no Brasil, há gente por aí descrente, egoísta, irracional e que por maldade ou desinformação, relativiza a necessidade da cooperação entre os povos.
O eterno ‘Seu Chalita’, mesmo desesperançado e prestes a se matar, lembrou-se das crianças e nos deixou uma obrigação enorme que sempre soubemos, mas muitos ignoraram. Educar!
Para Migliaccio o mundo ainda não acabou por causa das crianças, que são verdadeiros anjos a nós emprestados por Deus e que nascem em nossas famílias para que possamos ser pessoas melhores.
No que tange às religiões, o espiritismo não entende a morte como o fim da vida. É o fim apenas de uma experiência com determinado corpo. Nesse sentido, seria mesmo mais adequado dizer passagem. Passagem deste modo de viver para outro, sem o corpo físico.
Por outro lado, as igrejas evangélicas, na maioria dos casos, têm uma posição bem mais radical quanto à temática. Condenam todo ato suicida como pecado digno do inferno, que Deus não perdoa. A ideia, seguindo na mesma linha do catolicismo, é que a vida é um dom de Deus e, por isso, somente ele pode retirá-la. Desse modo, não é da alçada humana dar fim à própria vida.
Particularmente, como legislador fui autor da lei 8.808 de 21 de dezembro de 2017 que instituiu em Campos dos Goytacazes a semana de prevenção e combate ao suicídio, pois sempre tive preocupação com esse tão delicado tema.
Deixando de lado as posições religiosas sobre o tema, o importante é que Flávio, como em um roteiro de teatro, antes de morrer foi sábio. Ele reclamou dos adultos e pediu para que cuidássemos das crianças. Cuidando delas, estaríamos, na verdade, nos reeducando. Afinal, só dá amor quem tem e quem não tem, aprende com as crianças, pois essas amam sem a maldade que insiste em estar entranhada na maioria dos homens.