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Propagação do coronavírus no Brasil pode se tornar catástrofe anunciada

Sem medidas preventivas extremas e urgentes, mortes por Covid-19 tendem a dobrar no País em três semanas

Saúde
Por Guilherme Belido
10 de maio de 2020 - 15h44

O quadro é gravíssimo: organismos nacionais e universidades do exterior advertem que o País está muito perto de se tornar o novo epicentro mundial do coronavírus.

Centros de pesquisas alertam que o quadro vem piorando de forma assustadora, com dados que mostram que o Brasil já tem a maior taxa de contágio do vírus dentre 48 países analisados (levantamento feito pelo Imperial College de Londres), lembrando que quanto maior o número, maior a velocidade de transmissão e o risco de lotação dos hospitais.

O que se constata, portanto, é que enquanto o sistema de saúde entra em colapso, o Brasil alimenta uma crise política como se não houvesse uma pandemia. A Covid-19 se propaga em rapidez alucinante e o governo federal parece não entender o momento dramático.

O Ministério da Saúde, a quem cabe liderar as ações preventivas de combate à doença, não apresenta plano efetivo e categórico para frear a transmissão do vírus, limitando-se a “estudar” e a “analisar a situação”, como se a população não estivesse vulnerável, praticamente entregue à própria sorte, diante de uma crise sanitária sem precedentes na História.

Ao contrário, o que se observa é um relaxamento nas medidas de isolamento, coincidindo com o avanço no número de infectados.

Enquanto o Brasil amargava número recorde de mortes em um dia (751, na 6ª-feira, 08) o presidente Bolsonaro passeava no dia seguinte (09) de moto aquática pelo Lago Paranoá, em Brasília, depois de publicar em rede social que o churrasco, por ele mesmo anunciado, era “fake”. Na verdade, não era ‘brincadeirinha’: os convidados foram avisados do cancelamento após repercussão negativa do churrasco então marcado para o Palácio Alvorada.

Avanço das mortes e lockdown

Segundo projeções feitas por pesquisadores da Universidade de São Paulo, em conjunto com outros grupos de especialistas da USP, se não forem tomadas medidas de impacto para conter a propagação do vírus, o número de mortes pode dobrar nas próximas três semanas.

É grande a preocupação, também, para com comunidades carentes e favelas, onde não há saneamento básico e a falta de água é frequente. Nesses locais, quando a doença avançar com velocidade ainda não vista, o espalhamento poderá trazer consequências brutais.

O retardamento da adoção do lockdown, que só agora está sendo considerado por alguns estados – não obstante complexo e que exige uma série de ações do poder público –, pode cobrar um preço altíssimo.

Segundo relatório da Fiocruz enviado ao governo do Rio de Janeiro, o atraso na aplicação da medida pode “resultar numa catástrofe humana inimaginável num país da dimensão do Brasil”.

— O lockdown já deveria ter sido implantado — diz a pneumologista Margareth Dalcomo, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, concordando com os outros especialistas da Fundação.