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Dia do Trabalho com o mundo confinado

Nos anos anteriores, data já vinha perdendo força institucional, valendo apenas pelo feriado. Hoje, o planeta está em isolamento

Opinião
Por Guilherme Belido
1 de maio de 2020 - 17h36

Vargas discursa para trabalhadores, com transmissão para o Brasil inteiro

O 1º de Maio, uma das datas de maior importância do calendário, está passando em branco. Em tempos de Covid-19, não havia mesmo como ser diferente: o distanciamento social veta qualquer tipo de aglomeração, o que impede as tradicionais manifestações em homenagem ao trabalhador.

Cabe ressalvar, contudo, que surtos, epidemias ou pandemias à parte, há muito o Dia do Trabalho vem perdendo força em termos de homenagens ou de anúncios de medidas favoráveis à classe. Ao contrário, no Brasil dos últimos anos, a data vinha servindo apenas para as manifestações de protestos aos presidentes e seus respectivos governos, em especial entre 2014 e 2018, nos períodos Dilma e Michel Temer.

Anos de Ouro – No Brasil, a fase áurea do Dia do Trabalho aconteceu em alguns períodos da Era Getúlio Vargas, quando o ex-presidente aproveitava a data para anunciar o novo Salário Mínimo e iniciativas em favor do trabalhador. Não por acaso, Vargas começava seus discursos com o tradicional ‘Trabalhadores do Brasil’, nos pronunciamentos de corpo presente no Estádio lotado de São Januário, no Rio, transmitidos para todo o Brasil.

Neste período, sim, o Brasil fazia festa – comemorava o dia inteiro – porque a data era premiada com anúncios que informavam a construção de novos conjuntos habitacionais, de hospitais, da abertura de postos de trabalho, de obras de saneamento e, principalmente, de novos direitos trabalhistas incorporados à legislação vigente.

Getúlio chega ao estádio para o tradicional pronunciamento de 1º de Maio

História – O Dia do Trabalho, frequentemente chamado, também, de Dia do Trabalhador, tem origem no longínquo 1º de maio de 1886, em Chicago, nos EUA, quando uma multidão de trabalhadores foi para as ruas para protestar contra as desumanas condições de trabalho, contra uma jornada exaustiva que chegava a 16/18 horas por dia e outras reivindicações.

Nos dias seguintes os trabalhadores seguiram com as manifestações e decidiram fazer greve para que fossem ouvidos e pudessem alcançar condições mínimas de trabalho. Houve confrontos com os policiais, muitas prisões e mortes de operários.

A situação toda acabou num banho de sangue. Mas o movimento inspirou trabalhadores de outras cidades americanas, de outros países, e se internacionalizou. A partir daquela data começaram, de início em ritmo muito lento, as conquistas da classe trabalhadora. Entretanto, ainda levariam décadas para que as condições de trabalho fossem menos desfavoráveis.