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Incidentes com pipas na rede elétrica de Campos quadriplicam durante quarentena

De janeiro e abril de 2020, foram 42.514 clientes afetados na cidade, mas problema se estende por todo o estado

Cidade
Por Redação
29 de abril de 2020 - 15h23

Brincadeiras com pipas implicam em riscos (Foto: Arquivo/Silvana Rust)

Problemas com pipas na rede elétrica são frequentes em todo o país. Porém, no estado do Rio de Janeiro, segundo a concessionária de energia Enel,  neste período de quarentena por causa do novo coronavírus, os incidentes mais que dobraram afetando milhares de residências. Em Campos dos Goytacazes os dados são alarmantes. O número cresceu cerca de quatro vezes em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2019, a Enel identificou 9.418 clientes impactados. Entre janeiro e abril de 2020, foram 42.514.

A Enel Distribuição Rio identificou aumento significativo no número de incidências na rede elétrica de algumas regiões do estado por conta do contato com pipas. Os dados de janeiro a meados de abril de 2020 mostram que, entre as áreas mais afetadas, estão a cidade de Niterói, municípios da região Serrana, Norte e Sul estado. O intervalo analisado coincide com o período da recomendação das autoridades para o distanciamento social por conta da contaminação do Covid-19.

Pipas geram  prejuízos a vários consumidores (Fotos: Silvana Rust/Arquivo)

“No momento em que a recomendação das autoridades é que a população que pode evite sair de suas casas, precisamos minimizar os impactos na rede para que, quem está em cumprindo o distanciamento social, não seja prejudicado. Além disso, quem solta pipa perto da rede elétrica, se expõe a um sério risco de acidente”, enfatiza Artur Tavares, presidente da Enel Distribuição Rio.

A companhia reforça que contato de pipas com a rede elétrica é uma combinação perigosa. A brincadeira pode provocar acidentes graves e ocasionar danos à rede, prejudicando diretamente o fornecimento de energia. Nesses casos, equipes da distribuidora são mobilizadas para realizar os reparos necessários e substituir parte dos fios para restabelecer o serviço.

Orientações e riscos

Não encoste em qualquer objeto estranho e não tente recuperar nada que esteja pendurado na rede elétrica. Somente técnicos da distribuidora, treinados para este trabalho que exige o uso de equipamentos de segurança, estão aptos a manusear a rede.

Soltar pipas perto da rede elétrica é extremamente perigoso, sob risco da linha ou da pipa enroscar nos fios, ocasionando descarga elétrica. Além disso, materiais metálicos não devem ser utilizados na fabricação da pipa, pois conduzem eletricidade, aumentando a chance de choque elétrico, com risco de morte.

O uso de cerol (pó de vidro com cola) oferece mais um risco: ele corta os fios de alumínio ou de cobre. Além disso, o uso de cerol também pode provocar acidentes com motociclistas.

O uso da chamada linha chilena, que possui poder de corte quatro vezes maior que o cerol tradicionalmente usado nas pipas, tem agravado a situação. O risco de acidentes fatais é alto para pedestres e motociclistas e os danos à rede elétrica também são maiores.

Em casos de cabos partidos, os clientes devem manter-se afastados e avisar imediatamente a distribuidora pela Central de Atendimento (0800-62-0196), ou pelos perfis nas redes sociais Facebook (www.facebook.com/EnelClientesBR) e Twitter (@EnelClientesBR).

Entre a pipa e a lei

Vereador Marcelo Perfil (PHS) defende pipas com responsabilidade (Reprodução)

Há uma semana, o vereador campista Marcelo Perfil (PHS) publicou em sua conta no Instagram um vídeo soltando pipa em um bairro residencial. Aparentemente, um momento de lazer e descontração, mas em área com muita fiação elétrica. Questionado, o parlamentar se defende, incluindo a criação de uma lei para destinar locais específicos para a prática da brincadeira. Disse que “soltar pipas é uma importante atividade de integração entre pais, mães, filhos, filhas, crianças e adultos, que encontram na pipa uma forma de atividade saudável ao ar livre”.

Marcelo Perfil afirmou que soltar pipas em locais onde o trânsito é intenso e existe concentração de fiação em postes também é um grande perigo para crianças e adultos.

“Diante do número crescente de acidentes, tenho visto que a prática de soltar pipas tem sido reprimida e a atividade tem sido classificada como perigosa. Pensando nisso, aprovei em nossa Casa de Leis, no início do ano com o apoio unânime dos meus pares, uma Indicação Legislativa visando a criação ou disponibilização de um local que possibilite soltar pipa com segurança, o Pipódromo Municipal. Um local devidamente preparado para que os amantes dessa atividade possam promover lazer, socialização e cultura, através de eventos, festivais e campeonatos em nossa cidade.

O vereador condena o uso de cerol e outras linhas proibidas que provocam acidentes graves. Ele apresentou na Câmara Municipal  proposta de lei para criar o Festival de Pipas denominado “Legal é pipa sem cerol”. Ainda não houve resposta do executivo para a realização da ideia.