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Transporte Público em pauta

Prefeitáveis debatem soluções para problemas de mobilidade na maior cidade do interior

Política
Por Marcos Curvello
13 de abril de 2020 - 7h56

Neste domingo (12), na série de entrevista com pré-candidatos à Prefeitura de Campos, os prefeitáveis discutem ideias e propostas sobre o sistema de transporte público do município, o maior e extensão do Estado do Rio de Janeiro. Alvo consistente de reclamações e protestos ao longo dos anos e governos, a mobilidade deverá se mostrar uma das principais preocupações do próximo governante, seja ele quem for, na medida em que dela depende tanto a qualidade de vida da população quanto a saúde da economia local, especialmente do comércio de bens e da prestação de serviços.

O histórico do transporte público nos últimos anos inclui incontáveis protestos contra a falta de ônibus em distritos e localidades, bloqueio de vias e até incêndio a coletivos. Mas não só os usuários que reclamam. Já os empresários do setor veem concorrência desleal nas vans e no transporte alternativo. Enquanto isso, os governos expressaram, em diversos momentos, insatisfação com os serviços prestados pelas empresas, em um raro caso de unanimidade na, no caso má, avaliação de um serviço no município.

Para tentar pacificar a situação, o governo Rafael Diniz implantou em Campos o transporte alimentador de passageiros. O novo sistema redefiniu a cobertura do município para evitar a concorrência entre vans e micro-ônibus, que passaram a atender distritos e localidades, e ônibus, que circulam pela região central. Terminais de integração conectam ambos modais e a tarifa é única, regulada por bilhetagem eletrônica.

Embora seja semelhante ao operado em outras cidades do país e do estado, como Curitiba, Rio de Janeiro, Niterói e Macaé, o novo sistema não foi suficiente para encerrar as queixas sobre o transporte público, que continuará a ser um desafio para o próximo prefeito de Campos.

Participação

A partir desta semana, a série inclui mais um pré-candidato: Jonathan Paes (PMB). Ele se junta aos outros prefeitáveis que vinham participando desde a primeira reportagem: Alexandre Tadeu (REP), Caio Vianna (PDT), Cláudio Rangel (PMN), Gil Vianna (PSL), Lesley Beethoven (PSDB), Marcelo Mérida (PSC), Rafael Diniz (CDN) e Roberto Henriques (PCdoB).
Além de pré-candidatos declarados, a equipe de reportagem procurou, ainda, nomes considerados presença provável nas eleições municipais de outubro. Citados com frequência nas listas de pretendentes ao Executivo municipal em 2020, Wladimir Garotinho (PSD) e Rodrigo Bacellar (SD) negaram participação na corrida pela Prefeitura.

Já o PT não havia apresentado pré-candidatura até o fechamento desta edição. Três nomes postulam a vaga: Odisséia Carvalho, Hélio Anomal e José Maria Rangel. O Jornal Online Terceira Via encaminhou o pedido de participação a Odisséia, que é presidente do diretório municipal da sigla e se posicionou em nome da legenda.

Alexandre Tadeu (REP)

O desenvolvimento de uma cidade passa, necessariamente, pela mobilidade. É preciso garantir a fluidez de pessoas e veículos. Daí, a importância de um sistema de transporte público eficiente. Bem diferente do que acontece em Campos. Há pelos menos 20 anos, o sistema de transportes dos campistas sofre intervenções desastrosas do governo municipal. Programas destruíram empresas e permissionários, deixando milhares de passageiros quase a pé. É preciso ampliar as linhas de ônibus e vans e garantir a quem mora em distritos e localidades o direito de frequentar a área central. Isso vai movimentar a economia, gerando novos empregos. É preciso que as vans voltem a circular até o centro de Campos, sem que haja concorrência com os ônibus. Elas oferecem um serviço diferenciado, para passageiros também diferenciados. Por isso, devem ter preços diferentes dos cobrados nos ônibus.

Cláudio Rangel (PMN)

Precisamos fazer uma avaliação muito especial, convidando os empresários do setor de transporte e os serviços de vans para alinharmos as idéias. O que não pode ocorrer, em hipótese alguma, é os usuários de ônibus e vans ficarem em segundo plano. É preciso que o transporte público municipal seja impecável, mas sem prejudicar a ninguém. Sabemos que é preciso melhoramento de carros e qualificação dos motoristas, para termos na nossa cidade um transporte de qualidade para nossa população. Eu tenho certeza que, com a junção do poder público, de empresários de ônibus, das vans e dos usuários, o transporte de Campos vai melhorar bastante e todos nós vamos poder comemorar juntos a evolução nesse setor, que é essencial. O que não pode acontecer é a população campista, de modo geral, ficar sem o sustento para levar para suas casas por conta do transporte público municipal estar irregular.

Caio Vianna (PDT)

Esse sistema de transporte atual é uma tragédia consumada. Existe uma sistema integrado imaginário, que encareceu o custo da passagem e não devolveu o transporte público a população. No primeiro momento devemos tornar o sistema pelo menos funcional para atender a massa de passageiros. Ao mesmo tempo fazer com que ele volte a operar como um fomentador da circulação de consumidores na área central, recuperando a atividade no comércio. O que se implantou como modernização do transporte fez da área central uma zona fantasma.

Gil Vianna (PSL)

Como já citei em outras entrevistas, a última reformulação do sistema de transporte público de Campos poderia ser uma solução eficaz para acabar com os problemas enfrentados pela população campista hás anos. O projeto, se executado de forma coerente e com planejamento, faria o município avançar em diversos setores, já que essa é uma pendência em muitas outras cidades. Para que o trabalho apresentasse resultados satisfatórios, no meu ponto de vista, o governo municipal, antes de articular com a população e com os profissionais que atuam no transporte público, deveria dialogar e melhorar a gestão interna, o que iria contribuir nas ações. É preciso encarar o povo e entender que trabalhamos para eles, somos eleitos por eles e temos o dever de atender suas necessidades. Gestão para algumas classes é inadmissível e iremos atuar para que isso acabe de uma vez em nossa cidade.

Jonathan Paes (PMB)

Nossa cidade vem sofrendo com inúmeros problemas relacionados ao transporte público, recorrente da falta de infraestrutura urbana e planejamento viário. É necessária a contratação de serviço técnico especializado para a elaboração de plano de mobilidade urbana e projetos estruturantes que possibilitem reorganizar o sistema de concessões e linhas, escalonando os modais de transporte conforme o deslocamento e o número de usuários evitando o déficit do transporte público principalmente em horários de pico. Para promover a integração entre bairros e distritos é necessária a construção de um novo terminal central, moderno que facilite uma melhor utilização das pessoas, principalmente as com deficiência e as com restrições de mobilidade. Vale a pena ressaltar que o projeto se estende aos bairros, restaurando os pontos de embarque e desembarque dentro das regras de acessibilidade e mobilidade urbana.

Lesley Beethoven (PSDB)

Nossa proposta é a partir de 1° de Janeiro de 2021 colocar em prática as seguintes soluções: “Ônibus & Vans Expressas”, saindo dos bairros ou distritos diretamente para o centro da cidade, diminuindo pela metade o tempo das viagens. Por exemplo: “Linha Direta – Morro do Coco X Centro”. Colocaremos também os “Ônibus & Vans Corujão”, que circularão das 23h às 5h da manhã para atendermos os mais de 2 mil profissionais que trabalham nas noites e madrugadas do nosso município, tais como garçons, enfermeiros etc. Vamos colocar pra rodar aqueles ônibus articulados, chamados de BRT, que possuem bem mais espaço para os passageiros, nas linhas mais sobrecarregadas tais como CEASA X Santo Antônio e Centro X Santa Rosa. Serão mantidas as gratuidades para idosos, estudantes e portadores de necessidades especiais.

Marcelo Mérida (PSC)

Unir pessoas é tornar uma cidade viva. Isso promove saúde pública, fomenta a economia, libera ciclo de desenvolvimento. É preciso integrar os transportes públicos de verdade, para mover pessoas e a economia local. Nós vamos ouvir a sociedade e discutir um projeto moderno de mobilidade urbana, e com diálogo construir parcerias junto à União e Estado. A cidade viu o impacto no comércio quando o programa da passagem subsidiada foi suspenso. As pessoas deixaram de circular e os recursos também. Isso afeta o turismo, afeta o comércio, afeta o dinamismo da economia. Campos vai crescer muito a partir da zona de influência do Porto do Açu e precisa recuperar anos perdidos para se preparar a onda de expansão que a cidade vai enfrentar.

(PT)

O prefeito perdeu a oportunidade de organizar o transporte público da cidade na construção do Plano Municipal de Transportes. O resultado foi um sistema de “terminais” (precário), deixando usuários expostos ao tempo e a longas esperas. A Prefeitura faz um trabalho ruim, que só poderá ser solucionado com a reorganização da mobilidade urbana. É necessário o aumento e modernização da frota, criação de novas linhas, valorização do trabalhador, fim da dupla função (motorista e cobrador ao mesmo tempo) e a reconstrução do Plano Municipal de Transporte, a fim de beneficiar o usuário, e não o empresário. Fundar a Empresa Pública de Transportes (EPT) e instituir passe livre para todos, com tarifa zero, permitindo que empresas privadas continuam tendo concessão, com cobrança de passagem, ambas podendo fazer trajetos semelhantes, modelo de transporte instituido em Maricá.

Rafael Diniz (CDN)

Fizemos a maior transformação no sistema de transporte coletivo da história de Campos, com o fim da concorrência desleal entre ônibus e vans e implantação de um sistema integrado. Queremos consolidar este sistema e implantar os terminais de integração. Queremos ampliar o aplicativo Mobi Campos, avançando no conceito de MaaS (Mobilidade como Serviço). A proposta é que, através de um aplicativo, o cidadão tenha acesso a uma integração muito mais ampla, incluindo ônibus, micro-ônibus, vans, táxis, caronas, companhias de transportes privados, carros compartilhados, transporte ativo (bicicletas, skate, patins, patinetes etc.), estacionamento e parquímetros. Também está no nosso planejamento a modernização da frota de ônibus e vans, a criação de corredores exclusivos de transporte (BRT), a revitalização da linha férrea para cargas e transportes e a implantação do transporte aquaviário.

Roberto Henriques (PCdoB)

Por vários governos, o sistema público de transportes vem sendo desprestigiado. Para melhorá-lo, é preciso, a curto prazo: exigir frotas higienizadas e em perfeitas condições, obedecendo horários e itinerários. A médio prazo: fazer uma reengenharia do sistema, ouvindo profissionais e moradores de bairros e distritos, para transformar o caos atual em eficiência solidária; definir linhas, paradas, pontos de integração e modelos adequados ao transporte em cada região (ônibus ou van); instalar equipamentos e sinalização ao longo das linhas; subsidiar, de acordo com nosso Plano de Recuperação da Receita, a passagem social; implantar projetos de mobilidade e acessibilidade; fiscalizar com eficácia e promover campanhas educativas. A Prefeitura deve buscar fontes de recursos para executar planos futurísticos na urbanização e nos transportes rodoviário, aquaviário, ferroviário e aeroviário.