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EDITORIAL | Rio fura o isolamento social e compromete o esforço coletivo

Ficar em casa é a única forma até agora de se minimizar a escala de contágio do Covid-19

Editorial
Por Aloysio Balbi
9 de abril de 2020 - 14h29

Turistas no Corcovado, Rio de Janeiro (Foto: Arquivo/Ilustração)

É preocupante o alerta do secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, de que parte da população da cidade do Rio de Janeiro está furando o isolamento social, única forma até agora de se minimizar a escala de contágio do Covid-19.

Ele está certo quando afirma que isso compromete quase três semanas de um esforço coletivo, e que tudo que se conseguiu pode se perder. Não em outras palavras, mas exatamente com estas palavras, a perda da qual ele se refere é a de vidas.

Furar o isolamento social como se verifica, significará o aumento da curva de casos de infectados. É bom lembrar que quando o número de casos explodir, não haverá como furar a fila para atendimento nas unidades de saúde, principalmente nas UTIs.

Pessoas que furam o isolamento social parecem querer morrer sob forma de um suicídio assistido. Compreende-se o efeito “Escolha de Sofia”, porque existem pessoas que precisam ir para o mundo da rua à cata de sua sobrevivência, pois a fome também mata.

Então cabe ao Estado, em todos os seus níveis, não furar; e socorrer essas pessoas sem condições de sustento, ou seja, os pobres. Em uma cidade com características urbanas e sociais como o Rio, com os mais pobres se expondo, logo essa péssima relação entre as classes vai se transformar em um divórcio litigioso.

Hoje, recomenda-se que o isolamento social na rua observe uma distância de dois metros entre uma pessoa e outra. Os moradores da Zona Sul vão querer um perímetro de distância muito maior, empurrando as pessoas socialmente mais vulneráveis para um abismo onde todos tendem a despencar.

O isolamento social é uma espécie de bolha de proteção contra o contágio, uma bolha feita literalmente de sabão. Estamos entrando em uma furada, como se diz na gíria carioca.