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Segurança pública em tempos de coronavírus

Dados do ISP mostram uma diminuição nos crimes em Campos na 1ª quinzena da quarentena da Covid-19

Campos
Por Kamilla Póvoa
6 de abril de 2020 - 0h01

Segurança | Patrulhamento segue reforçado durante o período da quarentena do coronavírus

O Brasil começou a ter um número grande de infectados pelo novo coronavírus durante a primeira quinzena de março e consequentemente após pedidos das autoridades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), decretos municipais e estaduais fizeram com que o fluxo de pessoas nas ruas diminuísse para tentar combater o contágio. E, em Campos não tem sido diferente. Com comércios fechados, escolas sem aulas, além do trabalho em home office, a segurança pública também ganhou um novo viés.

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram uma diminuição nos crimes em Campos, na 1ª quinzena da quarentena da Covid-19, no período de 16 à 30 de Março de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019.

O indicador de letalidade violenta, que inclui homicídio doloso (com intenção), latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agente do Estado, caiu de oito para sete. O roubo de rua apresenta uma grande diminuição se comparado a 2019. De 71 casos, desce para cinco.

O roubo de veículo, que em março de 2019 registrou oito casos, no mesmo período desse ano contabilizou cinco. Já o roubo a estabelecimento comercial, que teve 10 casos em 2019, não registrou nenhum caso durante a 1ª quinzena de março deste ano, já que a maioria das lojas fechou em cumprimento ao decreto que prevê o isolamento social da população.

Outros números e casos

O tenente-coronel Luiz Henrique Monteiro, comandante do 8° Batalhão de Polícia Militar (BPM) em Campos, esclareceu que os boletins de ocorrências estão sendo feitos on-line por conta do coronavírus. Segundo ele, o que pode estar acontecendo é uma subnotificação dos casos, mas com a validação do registro on-line pela autoridade policial, o registro poderá, de fato, integrar a estatística. O fato de a delegacia estar fechada também desestimula a procura e, consequentemente, o registro.

“Apesar de ter diminuído o fluxo de pessoas nas ruas, nós mantivemos todo nosso policiamento rotineiro para garantir que os bairros continuem com policiamento normal, lógico que diariamente aferíamos a mancha criminal para saber os ajustes operacionais, que por ventura precisam ser feitos, para que possamos reduzir as possibilidades de crimes”, disse.

Apesar da delegacia estar fechada, o tenente-coronel orienta a população de que qualquer eventualidade seja comunicada a polícia pelo 190, para que os agentes verifiquem os fatos. Em caso do Disque Denúncia, a população pode ligar para o (22) 2723-1177.

“A participação de todos é importante para que possamos executar um serviço de prevenção com excelência”, esclareceu.

Quarentena

O isolamento social serve para evitar que o vírus se dissemine e faz com que as pessoas que geralmente passavam longas horas fora de casa, passem a ficar mais horas juntas, resultando em um provável aumento de conflitos interpessoais que pode levar a violência doméstica.

Segundo a Polícia Civil, os dados estatísticos de violência doméstica não estão sendo divulgados, porque somente estão sendo feitos os registros essenciais que foram determinados pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.

Ainda de acordo a com a Civil, não está havendo expediente nas delegacias e os registros on-line estão sendo monitorados, além de casos específicos que estão sendo registrados.

O Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro (TJRJ) também não divulgou números de violência doméstica durante o período de quarentena.

Patrulha Maria da Penha

O monitoramento das mulheres vítimas de violência doméstica, com medidas protetivas de urgência deferidas pelo Judiciário, continua sendo realizado normalmente em todos os 92 municípios do Estado, por meio da Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida, da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Houve, porém, algumas adaptações nos protocolos de atendimento com vistas à prevenção de contágio pela Covid-19 das mulheres assistidas pelo programa, assim como das equipes de policiais. Portanto, nos contatos de monitoramento diário têm sido priorizados recursos como telefonemas, Whatsapp e chamada de vídeo, além do patrulhamento nas proximidades das residências das assistidas. Em casos emergenciais, as equipes atuam em contato presencial. A PM ainda alerta para a importância de denunciar. Em situações de flagrante, a recomendação é ligar 190.

Lei do feminicídio

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a taxa de feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo: são 4,8 mulheres mortas a cada 100 mil. Sancionada em 2015, a Lei do Feminicídio foi considerada um passo importante por reconhecer a ocorrência de crimes motivadas por questões de gênero: mulheres que foram mortas simplesmente por serem mulheres. A medida alterou o Código Penal para introduzir o feminicídio como um agravante do crime de homicídio. A pena pode variar entre 12 e 30 anos de prisão.