×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Os desafios na Infraestrutura

Prefeitáveis discutem propostas para velhos problemas estruturais de Campos

Política
Por Marcos Curvello
5 de abril de 2020 - 0h01

Após abordar Saúde, Educação e Economia, a série de reportagens especiais com os pré-candidatos a prefeito de Campos, publicada com exclusividade pelo Jornal Terceira Via, continua, neste domingo (5), com o tema Infraestrutura.

Embora seja a segunda economia do Brasil, com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 671,362 bilhões em 2017, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio de Janeiro ocupa somente a 10ª posição no Ranking de Competitividade dos Estados publicado em 2019 pelo CLP – Liderança Pública. Com uma nota geral de 50.2 em uma escala que vai de 0 a 100, é o último colocado da Região do sudeste, atrás de São Paulo, que encabeça a lista, do Espírito Santo, que ocupa a sexta posição, e de Minas Gerais, que aparece em oitavo lugar.

Embora se destaque nos quesitos capital humano, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social, onde recebeu as notas mais altas, o Estado do Rio de Janeiro recebeu no nota 37.8 no pilar infraestrutura, em 2019. Embora a pontuação venha crescendo em relação aos anos anteriores, ainda está ligeiramente abaixo da média nacional, que é de 37.9.

Em novembro do ano passado, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) entregou ao Governo Federal um estudo chamado “Mais Rio, mais Brasil”, que apontou a necessidade de R$ 40,4 bilhões em investimentos em áreas prioritárias, como educação, habitação, mobilidade urbana e segurança pública, para que o Estado do Rio retome uma rota de desenvolvimento socioeconômico. Isso, antes da pandemia do novo coronavírus.

E o problema se reflete nos municípios.

Desafios à espera

Campos, que teve o sétimo maior PIB do Brasil em 2013 e é até hoje o segundo maior do Rio de Janeiro, possui 100% de atendimento urbano de água e 90% de atendimento urbano de esgoto. Mas, vem perdendo posições no Ranking do Saneamento Básico do Instituto Trata Brasil, devido aos inúmeros distritos em área rural. Passou da 34ª posição, em 2018, para a 47ª, este ano. No Estado, fica atrás de Niterói (18ª) e Petrópolis (20ª).

Mas, é na temporada de chuvas que os transtornos se tornam mais visíveis, com alagamentos na região central e cheias dos rios Paraíba, Muriaé e Ururaí, que eventualmente rompem diques e causam cheias e enchentes, deixando desabrigados e desalojados em comunidades ribeirinhas, como as localidades de Três Vendas e Ururaí, por exemplo.

Outra reclamação comum a respeito da infraestrutura diz respeito à malha viária do Município. As operações tapa buracos promovidas pela Prefeitura não conseguem acompanhar a velocidade da deterioração das vias, castigadas pela circulação, em perímetro urbano, de caminhões de todos os portes, de passagem pelas BRs 101, que traz para dentro da cidade o tráfego com destino tanto à capital quanto ao Espírito Santo, e 356, que dá acesso à Região Noroeste Fluminense e ao Porto do Açu.

Completam a lista, queixas sobre o serviço de transporte público, que a Prefeitura se propôs a reorganizar com o sistema alimentador de passageiros, integrando ônibus, no centro, e vans, atendendo distritos e localidades. Ainda em implantação, a novidade, porém, não foi suficiente para pôr fim a denúncias de insuficiência da frota e da falta de atendimento a localidades mais afastadas do Centro.

Os pré-candidatos

Oito pré-candidatos responderam ao pedido de posicionamento feito pelo Jornal Terceira Via: Alexandre Tadeu (REP), Caio Vianna (PDT), Cláudio Rangel (PMN), Gil Vianna (PSL), Lesley Beethoven (PSDB), Marcelo Mérida (PSC), Rafael Diniz (CDN) e Roberto Henriques (PCdoB).

Além de pré-candidatos declarados, a equipe de reportagem procurou, ainda, nomes considerados presença provável nas eleições municipais de outubro. Citados com frequência nas listas de pretendentes ao Executivo municipal em 2020, o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) e o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) participação na corrida pela Prefeitura de Campos.

Já o PT ainda não havia apresentado uma pré-candidatura até o fechamento desta edição. Três nomes postulam a vaga: a presidente do diretório municipal da sigla, Odisséia Carvalho, o sindicalista Hélio Anomal e petroleiro José Maria Rangel. O Jornal Online Terceira Via encaminhou o pedido de participação a Odisséia, que afirmou que a legenda ainda não se reuniu em decorrência da quarentena contra o coronavírus e se posicionou em nome da legenda.

 

 

ALEXANDRE TADEU (REP)

“O sistema de Infraestrutura tem que funcionar de forma harmônica: saúde, transportes, saneamento, energia, comunicação e outros. Mas, não é assim que acontece em Campos. Grande parte da população tem dificuldade para usar ou não tem acesso a esses serviços. É preciso levar água e esgoto tratados aos quatros cantos da cidade. É uma questão de saúde pública, pois todo investimento em saneamento reflete na qualidade de vida e na saúde de todos. É preciso refazer o sistema de transportes, unindo o município através de ônibus e vans, sem concorrência entre eles. O crescimento de uma cidade depende dessa mobilidade. Não há desenvolvimento sem transporte, estradas ou rodovias decentes. Não podemos esquecer, também, do sistema de comunicação. Cidadãos estão isolados em distritos por falta de sinal de Internet e telefonia. É fundamental garantir a todos essa infraestrutura básica.”

 

CAIO VIANNA (PDT)

“No atual estágio, temos que devolver as vias públicas à população. A cidade está esburacada. Estão pintando buracos de verde. O mínimo que se espera é uma operação tapa buracos. Imagino a aflição das pessoas que estão desempregadas e tentando salvar o orçamento com empregos informais e provisórios. Ainda que o cobertor seja curto, existem iniciativas que não podem ser retardadas. Aprendi com meu pai que, para um governo conseguir funcionar, é fundamental identificar, desde o começo, as prioridades. Será que é realmente primordial que a Prefeitura gaste milhões com jardinagem, por exemplo?”

 

CLÁUDIO RANGEL (PMN)

“A infraestrutura é essencial para uma cidade! Temos que ter uma secretária de Infraestrutura forte e atuante, com profissionais capacitados, que fiscalizam e colocam os serviços estruturais do Município para andar. Mas, eu quero ouvir o povo campista, porque paga seus tributos para ter e ver uma cidade com evoluções, como por exemplo: transporte público, limpeza pública, energia elétrica, rede de saneamento básico e entre outras áreas. Temos que dar qualidade de vida para população de Campos. O serviço público tem que estar na frente, com ordem e disciplina.”

GIL VIANNA (PSL)

“O município é o maior do Estado do Rio, sendo referência em vários segmentos, até mesmo para outros estados. O petróleo é um grande exemplo disso, apesar do momento crítico que atravessamos. Entre as ações do nosso plano de governo para melhorar a infraestrutura de Campos, acreditamos que a malha rodoviária do município, que é de 2.200 quilômetros, maior que de algumas capitais brasileiras, seja um desafio grande e que precisa ser enfrentado pela próxima gestão. Campos não tem mais como crescer horizontalmente e isso é visível para todos. Portanto, precisamos, de forma urgente, até buscando uma recuperação econômica para o município, pensar em construção de viadutos, facilitando o acesso, especialmente na área central da cidade, que, hoje, está entre os maiores problemas enfrentados diariamente pelos campistas, além de ser uma demanda antiga dos empresários da região.”

 

 

LESLEY BEETHOVEN (PSDB)

“Nos primeiros 100 dias, nossas ações serão: 1° a manutenção dos hospitais, postos de saúde e escolas será uma prioridade contínua; 2° “Mutirão da Limpeza nos Bairros” + “Operação Campos Sem Buraco” + “Programa Campos Mais Luz” + “Programa Bueiro Sempre Limpo”, tudo realizado em conjunto; 3° “Programa Contínuo de Limpeza e Manutenção das Rodoviárias de Campos e do Terminal Central de Ônibus”. Com essas ações de zeladoria, temos a certeza que a cidade voltará a funcionar, passo importante para devolvermos o bem estar da população e recebermos a instalação de empresas. Reestruturando a Prefeitura, transformaremos a atual EMAHB (Empresa Municipal de Habitação) na EDU (Empresa de Desenvolvimento Urbano), que terá equipes especializadas, como por exemplo a GeoCampos. A EDU cuidará do Plano Diretor e aplicará o Projeto Cidade Inteligente.”

 

 

MARCELO MÉRIDA (PSC)

“A forma como União, Estados e Municípios se relacionam sobre a infraestrutura das cidades tem que começar a mudar. Existem papéis que precisam ser compartilhados, como no saneamento, por exemplo. Vamos buscar com propostas sérias trazer recursos para a infraestrutura e ampliar a ações hoje existentes, que são muito reduzidas. Investimentos na infraestrutura alimentam a economia, a construção civil, geram empregos. A gente acredita nas vocações de Campos, como o agronegócio, a indústria de gás e petróleo, a atração de empreendimentos pela cadeia produtiva do Porto do Açu. Isso demanda projetos fortes de infraestrutura, como rodovias e distritos industriais, que precisam da presença maior do Estado e da União, gerindo parcerias junto com a prefeitura. Como lojista, gestor da iniciativa privada, eu sei que o melhor é dialogar, sem vaidades políticas.”

 

(PT)

“Campos sofre com a herança dos governos anteriores e o descaso do atual. Houve redução investimento em infraestrutura e obras públicas, tendo como consequência destinação inadequada de resíduos sólidos, suspensão da coleta seletiva, déficit habitacional, falta de infraestrutura de saneamento, alagamentos constantes, buracos por toda a via, falta de planejamento urbano, descaso com o patrimônio histórico e enchentes nas áreas urbanas. Defendemos planejamento urbano sustentável, com investimento em obras e limpeza pública, gerando empregos e prevenindo enchentes. Não aceitamos que famílias sofram sem esgoto, iluminação pública e água. Devemos revisar o Plano Diretor e realizar o Orçamento Participativo. A sociedade determinará onde aplicar recursos a favor da qualidade de vida.”

 

RAFAEL DINIZ (CDN)

“Infraestrutura traz investimentos e gera empregos. Na falta de recursos públicos, vamos fortalecer as Parcerias Público Privadas (PPP), a exemplo do que fizemos no Aeroporto Bartolomeu Lisandro. Com as obras de ampliação já iniciadas, estaremos conectados via aérea com os principais centros econômicos do Brasil, atendendo inclusive a uma demanda reprimida do Porto do Açu. Continuaremos nossos esforços para viabilizar o contorno da BR-101 e a construção da RJ244 (novo acesso ao Porto do Açu). Vamos concluir o processo de concessão do Heliporto do Farol de São Thomé, mantendo os voos da Petrobras e ampliando os serviços. Implantaremos o Ceascam – Polo Agroalimentar do Norte Fluminense. E a partir do trabalho que iniciamos junto a diversas empresas, Campos vai se tornar um grande polo de geração de energia fotovoltaica, com milhares de novos empregos.”

 

ROBERTO HENRIQUES (PCdoB)

“É inadiável que os orçamentos para a Infraestrutura sejam gastos orientados por um plano de obras que garanta qualidade, estética, mobilidade, planejamento estratégico e participação comunitária, além da drenagem tão esquecida. Como fazer: definir recursos próprios e fazer o que não se faz há muito tempo, batendo nas portas do Governo Estadual e dos Ministérios com projetos consistentes e de acordo com as fontes existentes nos orçamentos do Estado e do Governo Federal. Os governantes do período da fartura dos royalties, além de realizarem obras de má qualidade, desprezaram a captação de recursos externos (“rico não faz conta”). É urgente reconectar Campos com as linhas de financiamentos dos órgãos estaduais e federais.”