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Editorial: Orçamento de Guerra contra a pandemia

No momento, é preciso gastar primeiro e fazer a conta depois

Opinião
Por Redação
2 de abril de 2020 - 8h03

Brasília – Palácio do Planalto (Wilson Dias/Agência Brasil)

Além do isolamento social como única forma de atenuar o contágio do coronavírus, o Brasil não pode escapar do que está sendo chamado de Orçamento de Guerra. Isso significa que o governo terá não somente que abrir, mas escancarar os cofres. Pode sugerir uma irresponsabilidade fiscal, mas, no momento, é preciso gastar primeiro e fazer a conta depois.

Desde de o primeiro momento da pandemia no país, os principais economistas têm defendido a liberação de recursos em larga escala, simultaneamente para Saúde e para a Economia, criando uma grande rede de proteção social para quem, por conta de quarentena, já não pode arcar com o custo de sua vida, e a vida não tem preço.

Ontem, o presidente Bolsonaro sancionou vários projetos aprovados pelo Congresso, como liberação de dinheiro para trabalhadores informais e facilitação fiscal para as empresas manterem os empregos, entre uma série de medidas que começam a ser operacionalizadas.

Mas, os especialistas acham que isso ainda é pouco, e estão certos. É preciso atropelar a burocracia e criar um Orçamento de Guerra, com um caixa robusto, permitindo ao Governo Federal tomar medidas de emergência sem precisar dos ritos estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Até agora, o pacote de medidas para socorrer a economia parece ter substância. Mas, os economistas acreditam que não é o momento para o governo contar dinheiro e sim gastá-lo, para que a crise econômica provocada pelo coronavírus não crie, no Brasil, uma epidemia de fome, que também mata.

Vivemos um momento de crises dentro da crise. Fazer com que os mais ricos paguem mais impostos é justo. Porém, as propostas que estão sendo feitas por auditores da Receita Federal parecem arriscada neste momento, pelo menos nos percentuais propostos, pois a riqueza, em sua maioria, vem de grandes empresas e as dificuldades são proporcionais.

Todas essas medidas de socorro em todos os níveis, quer no âmbito da Saúde quer no social, vão começar a ter seus efeitos percebidos a partir do final da primeira quinzena deste mês, e em tempo de quarentena, os dias são longos.

Para vislumbrar um cenário menos pior, a proposta de uma Orçamento de Guerra é extremamente necessária. É como acontece quando um familiar tem um grave problema de saúde — trata-se primeiro e depois todos se unem para pagar a conta. Esse Orçamento de Guerra é pela vida.