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Editorial: Bolsonaro fala em “maior desafio desta geração” e dá uma meia volta, volver

Presidente fez novo pronunciamento sobre a pandemia do coronavírus em tom bastante diferente do que vinha empregando

Editorial
Por Redação
1 de abril de 2020 - 8h19

(Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)

“Esse é o maior desafio desta geração”. A frase é do presidente Jair Bolsonaro, durante seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, na noite de terça-feira (31), quando deu uma meia volta, volver, diante de suas polêmicas falas e gestos sobre a pandemia do coronavírus. Criticado pelas autoridades médicas no Brasil e no exterior, Bolsonaro recuou, o que deve ser encarado como um avanço, pois, ao fazer isso, abriu uma janela para a retomada do diálogo com governadores e prefeitos a respeito do tema.

Não poderia ser diferente. O Brasil acordou, nesta quarta-feira, com 201 mortes provocadas pelo coronavírus e certamente vai dormir com um número de óbitos ainda maior. Durante o sono, certamente alguns pesadelos, porque existe a previsão de evolução dos casos que assustam. Certa e infelizmente, em muitas cidades, o prazo de isolamento social deverá ser dilatado, o que é uma péssima notícia para a economia, mas um remédio amargo para evitar o pior.

Em Campos, como mostrou reportagem do Terceira Via, alguns bairros e distritos estão furando o isolamento. As fotos exibidas mostram cenas de aglomerações, o que é extremamente perigoso. Com esse comportamento, certamente o número de casos aqui irá aumentar. Por outro lado, no cenário mais amplo, Campos tem se comportado dentro das regras, mas um deslize como acontece na praia do Farol pode comprometer todo o esforço coletivo.

No mundo, a cena que mais chocou nesta quarta-feira foi a de corpos sendo recolhidos por empilhadeiras e colocados em caminhões frigoríficos em Nova York, onde os números de casos e de mortes já superou os da China, onde tudo começou. Os Estados Unidos trabalham com a projeção de mais de dois milhões de mortos, o que seria indiscutivelmente uma catástrofe sem precedentes.

Voltando ao recuo do presidente Bolsonaro, uma informação de bastidores dá conta de que ele tem beirado às lágrimas, estando com o emocional bastante abalado. Isso ilustra a situação de estresse que cada brasileiro vive no momento. E a todo momento, vão-se acumulando informações preocupantes. Nesta quarta-feira, foi confirmada a morte de uma professora de 58 anos, por coronavírus, em São Gonçalo, um formigueiro humano na região metropolitana no Grande Rio.

Como disse o presidente Bolsonaro, esse é o maior desafio desta geração. Não falou em histeria, em gripezinha ou outros termos que usava para minimizar a pandemia. Bolsonaro percebeu que estava isolado e na contramão do mundo no caso do coronavírus. Parece que deu um cavalo-de-pau e procura o rumo certo. Que ele siga o fluxo do resto do mundo.