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Ficção dos anos 50 vira realidade no século 21

E mais: ações do município de combate ao coronavírus

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
22 de março de 2020 - 0h01

Do clássico “O Dia em que a Terra Parou”, ficção científica de grande sucesso exibido nos cinemas há 70 anos, à realidade que hoje assombra as populações de todos os países, as narrativas têm em comum algo nada fantasioso: o pânico.
Não se trata aqui da maior ou menor gravidade do Covid-19, ou se as medidas adotadas – algumas extremas – são, de fato, necessárias ou exageradas. Disso, cuidam as autoridades de Saúde Pública dos diferentes países, ainda tentando entender a extensão e formas de tratamento da doença.
A reflexão que se faz é quanto ao pânico provocado – este sim sem precedentes nos últimos 100 anos –, o que significa dizer da gripe espanhola para cá.
Se há dois ou três meses alguém imaginasse algo parecido, seria internado por insanidade. Mas o inacreditável está batendo à nossa porta.
Em ‘O Dia em que a Terra Parou’ – um clássico da ficção científica de altíssimo padrão, tão atual quanto admirável pela mensagem pacifista e crítica à Guerra Fria então travada entre os EUA e a antiga União Soviética – o personagem Klaatu é confundido com uma ‘criatura perigosa’.
Mas quanto ao coronavírus não há confusão alguma. Só resta descobrir o quão vilão ele é.

Em linhas gerais, pouco há para se dizer do coronavírus sem que se repita o que já fora dito. Ou, em sentido contrário, sem que a informação fique defasada a cada instante e comprometa também a análise e interpretação do fato – missão prioritária desta página.
De certo, ainda não há protocolo consensual e seguro, tampouco decisões governamentais – no Brasil e em outros países – que não estejam sendo corrigidas ou aperfeiçoadas dia após dia.
Na esteira da incerteza, procedimentos são adotados e revistos. É um novo vírus, que obriga a que se conviva com experimentos, erros, improvisações e insegurança.
Histórico – O que se diz com relativa segurança é que os primeiros casos do Covid-19 foram registrados na China, em dezembro de 2019, sendo que os infectados trabalhavam na província de Wuhan, num mercado de carnes variadas, exóticas e animais silvestres vivos, comercializados em ambiente pouco salubre. Relatos incluem cobras e morcegos.
Inicialmente tratados como pneumonia, rapidamente o vírus se espalhou por mais 100 países e, ato contínuo, alcançou os quatro cantos do planeta.
Catástrofe mundial – Em velocidade meteórica, o mundo virou de ponta-cabeça, com mudanças extremas para tentar acompanhar e conter a disseminação da doença que atinge todos os continentes, menos a Antártica.
No dia 11 de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a classificação, de epidemia, para pandemia, tendo em vista a expansão do Covid-19.
Vale ressalvar que, ao contrário do que muitos pensaram e ainda pensam, a nova definição não aumentou a gravidade do vírus sob o aspecto da ameaça que representa, mas sim que passou a considerá-la como fora controle e que atinge pessoas, simultaneamente, em todo mundo.
China e Itália – Onde tudo começou, na China, é também o país em que a expansão do vírus está sendo contida. Com mais de 80 mil infectados, o governo chinês informou o fim do pico após contabilizar mais de 3.200 mortos.
Por outro lado, até a sexta-feira (20), quando se ‘fechou’ esta página, a Itália apresentava o percentual drástico, com mais de 3.400 óbitos entre os quase 42 mil infectados. Mas, como já mencionado, os números mudam a cada dia.

Os esforços​ do Brasil para conter o coronavírus

Com informações desencontradas acerca das decisões dos governos estaduais, bem como críticas abertas ao presidente Bolsonaro, inclusive de sua própria base (para não citar o comentário, como de costume irresponsável e inoportuno do ‘filho presidencial’, Eduardo Bolsonaro, desta vez – ainda que com razão, absolutamente inapropriado – atacando o o governo chinês que havia anunciado ajuda ao Brasil com apoio científico ao combate do vírus, e que, agora, pode não se confirmar), o País vem travando batalha feroz para conter o Covid-19.
O ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, trabalha de forma incessante. Mas adverte que a transmissão continuará a crescer pelos próximos meses – o que se torce não chegue a tanto.
Prevenção – De toda sorte, o Brasil busca conter a expansão do vírus com medidas extremas. Isolamento social, fechamento de fronteiras, de comércios, de shoppings e restrições até no transporte público são alguma das iniciativas consideradas até excessivas – o que deixa claro que o sistema de Saúde não tem condições de disponibilizar tratamento caso a pandemia se espalhe e atinja, em particular, os mais vulneráveis.
Frisando que os números mudam com grande velocidade, até sexta-feira (20) o Brasil registrava quase mil casos de contaminações, com 11 mortes, sendo nove em São Paulo e duas no Rio de Janeiro.

O governo de Campos ante a pandemia

“…Desde que foram constatados os primeiros casos na China, nós iniciamos nosso trabalho e quando foi constatado o primeiro caso no Brasil nós intensificamos as nossas ações…” (Rafael Diniz).
As linhas acima reproduzem parcialmente fala do prefeito Rafael Diniz, que em vídeo gravado no último dia 13, disse que Campos iniciara o trabalho desde que foram constatados os primeiros casos na China. Com todas as vênias, difícil não enxergar no referido pronunciamento gigantesca dose de exagero.
Com efeito, se o município tivesse “iniciado o trabalho” desde janeiro (quando os casos na China foram divulgados), teria se antecipado às ações até mesmo de alguns países, inclusive do governo federal brasileiro. Consequentemente, Campos estaria na posição de ‘referência’ ao combate da pandemia o que, salta óbvio, passa longe da realidade. Mas, enfim…
Suspeitos – De toda sorte, o mais importante é que até sexta-feira (20) não havia nenhum caso confirmado de coronavírus em Campos, que registrava, então, 10 suspeitos. Uma excelente notícia que esperamos se mantenha.
Resumo – Ao longo da semana o executivo intercalou altos e baixos nas ações para conter o vírus, algumas delas gerando protestos, como o anúncio do fechamento da Unidade Pré-Hospitalar da Saldanha Marinho, sendo que após manifestações contrárias, voltou atrás e manteve a unidade aberta.
Também houve denúncias sobre os ‘velhos’ problemas de estrutura, como a suposta ausência de médicos nos postos indicados no combate ao coronavírus, sendo que profissionais chegaram a reclamar da falta de insumos básicos, inclusive álcool gel.
Contudo, ante o grave problema, o governo mostrou-se bem mais ágil e atuante do que de costume, particularmente nas ações preventivas recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Para evitar aglomerações, o prefeito determinou o fechamento do comércio local no período de 23 de março a 5 de abril. Estabelecimentos como farmácias, supermercados, padarias, mercados, feiras livres, peixarias e outros considerados indispensáveis ao consumidor estão fora do decreto.