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Respeitável artista, Fernando Rossi

Ele comandou a produção cultural do SESI por 25 anos e há três dirige o Teatro de Bolso

Cultura
Por Aloysio Balbi
9 de março de 2020 - 0h01

Fernando Rossi (Foto: Divulgação)

Você vem de um período de 25 anos comandando a parte cultural do SESI em Guarus e colocou o teatro da instituição no topo. Agora você está no Teatro de Bolso, que leva o nome de Procópio Ferreira. O teatro vai completar 52 anos. O que você planeja para ele?

Então, a convite do Prefeito Rafael Diniz assumi há três anos a direção artística e administrativa do Teatro de Bolso Procópio Ferreira, encarei como um grande desafio e também como reconhecimento pelo meu trabalho desenvolvido junto a cultura no SESI nos meus 25 anos de serviço prestado. Estamos indo para o quarto ano com o Teatro comemorando 52 Anos. Junto a minha equipe, programamos um série de apresentações privilegiando as produções locais. Uma programação diversificada e qualidade que sempre foi a pauta de nossas ações.

Voltando às duas décadas e meia de teatro do SESI consta que sua saída foi porque reduziram o orçamento do sistema S, e você teria ficado muito caro para a instituição. Conta aí?

Várias instituições estão passando por diversas dificuldades no momento atual em nosso país, e sempre a cultura é a primeira a sofrer cortes, lamentavelmente. Essa é a realidade.

Nestes 25 anos de SESI você colocou o teatro no topo, abrigando um grande circuito da Música Popular Brasileira de qualidade. A nata da música passou por lá. Como anfitrião você recebeu quase todos eles, gente como Roberta de Sá e o titãs Arnaldo Antunes. Fale um pouco sobre essa experiência?

O SESI ainda faz, mesmo com toda redução no orçamento. Não mais com o mesmo volume de antes. Mas me considero um privilegiado por ter participado de um momento tão importante dentro da Cultura de nossa cidade. Grandes nomes passaram pelo palco do Teatro SESI Campos e vivi ao lado desses artistas não somente da música, mas do Teatro também, uma experiência inesquecível

Mas consta que, de todos, o João Bosco te encantou pela simplicidade do artista. É isso?

O Cantor e compositor João Bosco foi um desses grandes nomes. Um profissional e ser humano de primeira grandeza. Um grande poeta.

Sobre o teatro de Bolso, você pensa em algo como um circuito de música de artistas locais?

O Teatro, ao longo desses três anos, tem apresentado diversos grupos musicais, o que certamente enriqueceu nossa programação. Um dos desafios da nossa gestão foi dar espaço para o artista local o que prontamente temos tentado atender da melhor forma.

O TB foi palco de muita coisa boa, mas também de muitas polêmicas. Você participou de algumas delas, como as do ar condicionado e do cadeado arrombado pelo ex-prefeito Garotinho?

Um dos momentos polêmicos recentes foi o movimento ‘Ocupa Teatro de Bolso’, de 2016. Resultado do fechamento do teatro por quase três anos da gestão anterior. É bom deixar claro que se hoje o Teatro de Bolso encontra-se em funcionamento, deve-se ao grupo que participou desse movimento.

Muita gente fala das peças do saudoso jornalista Hervé Salgado Rodrigues, pouco lembradas. Não seria interessante o TB voltar a montar espetáculos de autores regionais como resgate?

Para esclarecimento, o Teatro de Bolso não produz espetáculo, é apenas um palco aberto para que as produções locais possam apresentar o seus trabalhos. Acho muito interessante o resgate de grandes autores campistas. Seria interessante que isso fosse tema de estudo do curso de Licenciatura de Teatro do IFF.

Falamos de Hervê, mas existem outros nomes importantes do teatro campista que já passaram, como o de Kapi. Não cheguei a ver uma homenagem à altura da importância de um Kapi. Concorda?

Acho que ele ficaria muito mais feliz se as homenagens fossem realizadas em vida. O ano passado ele recebeu in memorian o Prêmio Alberto Lamego. Era para mim um gênio que faz muita falta no cenário artístico atual.

Como anda o movimento do teatro amador em Campos? Estaria se distanciando ainda mais daquele dos anos 70 e 80, ou você vê uma recuperação de terreno?

São outros tempos. A produção cultural dos anos 70 e 80 em Campos, é totalmente diferente atualmente, não tem como comparar. Até mesmo o termo Teatro amador, não é mais utilizado.

Pensa em alguma coisa para o TB como oficinas?

O Teatro abriga nesses três anos, diversas oficinas e Projetos – Projeto EPA – Escola de Práticas Artísticas em parceria com a Secretária de Educação do Município, Curso Livre de Teatro e Dança de Salão e Ritmos Latinos da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Fora parceria com SATED RIO nos Festivais de Esquetes e o Intercâmbio UNIRIO – Artes Cênicas.

Quantas vezes você pisou no palco do TB como ator?

Como ator, pela primeira vez, em 1975 depois mais algumas vezes…

Pisar como gestor faz diferença?

Acredito que sim. Procuro tratar a todos os artistas da mesma forma como eu gostaria de ser tratado.

Rapidinho. Sua opinião sobre a Ministra da Cultura, a atriz Regina Duarte?

A Postura dela é contraditória. Embora seja uma artista consagrada, neste momento, ela não representa a maioria da classe artística brasileira. Ela fará parte de um governo que tem censurado e perseguido a classe artística. Se fosse coerente não deveria ter aceitado o cargo. Definitivamente, não vejo com bons olhos sua gestão à frente da Cultura.