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Novos métodos de prevenção ao HIV

Em Campos, a média é de 1.500 testes rápidos feitos anualmente para diagnóstico da doença

Saúde
Por Redação
8 de março de 2020 - 0h01

O paciente é atendido por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e demais profissionais (Foto: Divulgação)

O preservativo continua sendo o maior meio de evitar as doenças infectoparasitárias (como o vírus HIV), as hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Contudo, em casos específicos, podem ser utilizados outros métodos de prevenção. Em Campos, o programa Dst/Aids e Hepatites Virais oferece alternativas do conjunto de estratégias da Prevenção Combinada do Ministério da Saúde. Anualmente, segundo dados do órgão, são realizados na cidade cerca de 1.500 testes rápidos para diagnóstico do HIV, sífilis e hepatites B e C. Somente no passado, foram diagnosticados na cidade 252 pacientes com o vírus da Aids.

A mais recente estratégia de prevenção ao HIV começou a ser utilizada no município em maio do ano passado, a chamada Prevenção Pré-Exposição (PrEP). É um tratamento com medicação que impede o desenvolvimento do vírus no organismo, antes mesmo de a pessoa ter o contato. O PrEP começa a fazer efeito em um período de 7 a 20 dias.

“Em 2019, foram 57 casos de PrEP no programa. Qualquer pessoa pode tomar? Existe um grupo de risco: homens que fazem sexo com homens, moradores de rua, profissionais do sexo, e pessoas que podem estar expostas ao vírus HIV. É importante ressaltar que esse método não protege de outras infecções sexualmente transmissíveis. Toda pessoa indicada ao PrEP passa por uma avaliação para verificarmos a real necessidade”, explica o coordenador de Enfermagem do programa, Rodrigo Rodrigues de Azevedo.

Outra forma é a Prevenção Pós Exposição (PEP). Também utiliza medicamentos para reduzir o risco de infecções, só que em casos de violência sexual, relação sexual desprotegida e acidente ocupacional.

“Existe um período de 72 horas após um episódio de risco para que o paciente inicie o processo. O índice de infecção nesses casos é de menos de 1%. No programa, as medicações em casos de PrEP ou PEP são fornecidas gratuitamente”, esclarece.

Coordenador de Enfermagem
do programa, Rodrigo Rodrigues
de Azevedo (Foto: Carlos Grevi)

Número de casos de HIV
O programa Dst/Aids e Hepatites Virais acompanha atualmente mais de 5 mil pacientes com vírus HIV na cidade. Segundo o coordenador de Enfermagem, o número expressivo de assistidos tem uma explicação: como a Aids não tem cura, esse paciente não recebe alta e por isso os casos vão se somando anualmente. O espaço também recebe para tratamento pessoas diagnosticadas com as demais infecções. Em 2019, foram 111 casos de hepatite B e C, 329 de doenças infectoparasitárias, como toxoplasmose, e mais 392 registros de pacientes com infecções sexualmente transmissíveis (IST). A maioria dos diagnósticos era de sífilis.

“Em casos de HIV, a regularidade com que este paciente vai precisar retornar ao programa para avaliação mensal é em média a cada quatro meses, além de ter que vir buscar a medicação a cada trinta dias”, diz.

Aumento após o carnaval
Muito se fala no aumento do número de casos, principalmente de HIV, após o carnaval. Rodrigo explica que em anos anteriores, a procura pela realização de testes rápidos no programa nesse período realmente aumentava.

“Hoje, há uma descentralização, pois todas as unidades básicas de saúde fazem a testagem. E mesmo com o aumento na procura pelo teste, isso não quer dizer que o índice de diagnósticos teve uma alta. São em média 20 casos mensais. Existe um grupo de risco, logo a maioria dos casos são de pessoas que fazem parte dele. O que tem crescido bastante são casos envolvendo jovens e aí entra o reforço de campanhas para o uso do preservativo”, revela Rodrigo

Preconceito
O programa também conta com um serviço de busca ativa dentro do Hospital Ferreira Machado. De lá, muitos pacientes são encaminhados para o diagnóstico. A equipe também atua na realização de campanhas de conscientização e na capacitação de profissionais para a realização de testes rápidos nas unidades de saúde do município. Mesmo com muito avanço do tempo, a resistência da sociedade em falar sobre o assunto é grande e essa questão é uma das inúmeras razões para que muitos abandonem o programa. De acordo com Rodrigo, o índice de má adesão é grande, cerca de 50%.

“Alguns não retornam porque escondem o problema da família. No programa, todas as informações sobre qualquer pessoa são mantidas em sigilo. Nós incentivamos o paciente a contar para algum parente ou amigo, mas é uma opção dele. Aqueles que mantêm o tratamento de forma correta têm uma qualidade de vida como qualquer outra pessoa. Lidamos diariamente com crianças, jovens, adultos e idosos. Pessoas de todos os tipos. Apesar de existir muita informação disponível, falta justamente essa disseminação. O preconceito ainda está presente e o paciente sente isso na pele”, completa.