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Partiu Everest!

Os campistas Fábio Paes e Marcos Vasconcelos rumo ao topo do mundo

Lazer
Por Redação
6 de fevereiro de 2020 - 8h59

Fábio Paes E Marcos Vasconcelos , aventura nas alturas _viagem ao Everest
Fotos – Divulgação

Chegar ao topo da montanha mais alta, conhecida por estar situada em uma das regiões mais inóspitas, hostis e arriscadas do mundo: essa é a próxima missão dos amigos Fábio Paes e Marcos Vasconcellos. Eles se conhecem desde a adolescência e agora encaram, juntos, um dos maiores desafios de suas vidas: escalar o Everest. Os dois — um campista morador da cidade e outro que mora em Salvador, mas passou parte da vida em Campos — sairão do Brasil no dia 12 de fevereiro com a bagagem cheia de expectativa e coragem, mas medo quase nenhum.

São oito dias de subida. Pelo menos oito horas por dia. Em temperaturas abaixo de zero. Uma missão desgastante que exige, além do preparo físico, um controle emocional tremendo. Para muitas pessoas, essa ideia pode parecer absurda, mas para Fábio e Marcos trata-se da realização de um sonho antigo (e ousado). Desde 2004 eles planejam essa aventura que ficou mais séria nos últimos dois anos, quando eles começaram a pesquisar a fundo os trâmites para enfrentar o desafio e voltar com segurança.

Para Fábio, que já viajou para mais de 50 países, conhecer o Nepal e escalar o Everest é uma loucura lúcida. “Quem já conhece os destinos mais óbvios tem essa vontade, quase necessidade de se aventurar por locais que nos tiram da zona de conforto de maneira mais brusca, intensa. Tenho certeza que essa será uma experiência transformadora. É que eu espero”, declarou ele que já subiu o Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil, quatro vezes e achou “fácil”.

Acontece que o desafio será ainda maior devido ao período que os amigos escolheram para enfrentá-lo. Fevereiro não é o mês mais indicado para fazer essa escalada. A temperatura nesse período fica ainda mais baixa e o risco de ter o que chamam de “mal da montanha” — sofrimento físico causado pela dificuldade em se adaptar à menor pressão de oxigênio em altitudes elevadas que pode aparecer como uma dor de cabeça e náusea ou até mesmo ocasionar uma isquemia e trombose e pode ser fatal.

Para evitar qualquer dado mais grave, os amigos aventureiros tiveram de encarar outro desafio: uma rotina intensiva de treinos físicos. Marcos já é maratonista e Fábio adepto ao ciclismo e pratica musculação. Ainda assim, os dois precisaram aumentar a frequência dos exercícios, principalmente daqueles que estimulam o sistema cardiovascular. Mas a verdade é que não há treino que se compare ao que os espera no Everest.

“Porque, além do esforço físico, há também o psicológico. Imagine: estaremos praticando trekking em um local extremamente hostil com um clima nada acolhedor. Muitos desistiram, outros morreram no caminho. Pensar nisso pode ser desesperador. Mas para nós é estimulante (risos)”, afirmou Fábio. Quando questionado sobre o que a família achou da ideia, ele respondeu: “Eles já estão acostumados com as minhas loucuras”.

Fábio Paes E Marcos Vasconcelos , aventura nas alturas _viagem ao Everest
Fotos – Divulgação

O Everest
O monte Everest é a montanha de maior altitude da Terra e também a mais mortal. Seu pico está a 8.848 metros acima do nível do mar, na cordilheira dos Himalaias. Apesar do ar rarefeito e congelante, da falta de oxigênio e do risco iminente de morte, o Everest atrai muitos alpinistas, alguns deles experientes, outros nem tanto. Esses últimos podem subir até aproximadamente seis mil metros, que é nível máximo para quem não é profissional. Mesmo assim, mais de 200 alpinistas profissionais ou amadores morreram ao tentar subir o pico.

Existem duas rotas principais de escalada: uma que se aproxima ao cume pela face sudeste, no Nepal (conhecida como a rota padrão, a escolhida por Fábio e Marcos) e outra pela face norte, no Tibete. Apesar da rota padrão não colocar desafios substanciais na técnica de escalada, o Everest apresenta perigos, tais como “mal da montanha” já citado, condições climáticas adversas, bem como outros perigos como avalanches, por exemplo.

Quem escala o Everest hoje encontra mais estrutura do que aqueles que se desafiaram no passado. Agora há o que chamam de “lodges”, espécie de alojamentos em pontos específicos da montanha, onde os aventureiros podem dormir e/ou se alimentar. Eles também contam com a ajuda dos “xerpa”, nativos que conhecem o trajeto e estão acostumados a percorrê-lo levando cargas pesadas. Então, além de servirem como guias, eles também se responsabilizam pelos equipamentos necessários para a escalada, como barracas e alimentos. Na mochila de Fábio e Marcos, estarão apenas casacos, gorros e luvas extra, além do oxigênio suplementar.
“Mas a maior bagagem não será a que levaremos, mas a que traremos de lá. Certamente voltaremos ainda mais fortes e corajosos, mas, sobretudo, humanos”, afirmou Fábio.

Missão
Mas escalar o Everest não é o único desafio de Fábio Paes. Ele, que é missionário e já praticou ações dessa natureza em países em situação de extrema pobreza como Moçambique e Camboja, antes de subir o pico, passará três dias em Katmandu atuando em um projeto que objetiva resgatar crianças vítimas de prostituição.

Após enfrentar 19 horas de voo, Fábio desembarcará na capital do Nepal e encontrar o pastor Sílvio Silva que desde 2000 organiza esse trabalho chamado “Meninas dos Olhos de Deus” cuja missão é, por meio diferentes maneiras (casas, programa de prevenção, escola, etc.) criar o ambiente para que meninas e meninos em situação de tráfico, abuso, abandono ou risco tenham o destino mudado e recebam condições adequadas de vida.
“Não faria sentido para mim, considerando a minha história e o meu propósito, viajar para tão longe para me desafiar e não fazer algo pelo outro no caminho. Eu conheço o pastor Sílvio, é um homem exemplar, e será gratificante poder contribuir para esse lindo trabalho que ele executa junto a essas crianças que tanto precisam”, disse Fábio.

Mais informações sobre o programa Meninas dos Olhos de Deus podem ser obtidas por meio site: https://www.theappleofgodseyes.com/.

CURIOSIDADES
– Já foram feitas mais de 7 mil escaladas ao Everest até o momento, realizadas por várias rotas por mais de 4 mil pessoas diferentes.

– O vento pode soprar lá em velocidades que chegam a 320km/h.

– A temperatura pode cair a até -62ºC.

– Em média, os alpinistas gastam mais de 10 mil calorias por dia, e este número pode dobrar durante a escalada do cume. No geral, os alpinistas perdem de 5 a 10 kg durante suas expedições.

– Através da história, relatou-se que 282 pessoas (incluindo 169 montanhistas ocidentais e 113 xerpas) morreram no Everest entre 1924 e agosto de 2015 (quando últimos números oficiais foram divulgados). Com relação às causas das mortes, 102 montanhistas morreram enquanto tentavam escalar sem o uso de oxigênio suplementar. A maioria dos corpos mortos estão até hoje nas neves da montanha, apesar de a China alegar ter removido vários corpos de lá.

– O principal motivo das mortes é devido a quedas, seguido por avalanches e exposição ao frio, e também por causa da doença de altitude.

– A pessoa mais jovem a ter subido foi o garoto americano Jordan Romero, com 13 anos, no dia 23 de maio de 2010 (ele subiu pelo lado norte). E a mais velha foi MiuraYiuchiro (do Japão), com 80 anos de idade, em 23 de maio de 2013.