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Entrevista | O novo pastor da Segunda Igreja

Pastor Adonias Júnior veio do Espírito Santo para substituir Éber Silva na maior congregação Batista de Campos

Entrevista
Por Redação
27 de janeiro de 2020 - 0h01

Ex-militar da Força Aérea Brasileira (FAB), hoje pastor sênior da Segunda Igreja Batista de Campos, uma das maiores e mais tradicionais de Campos. Adonias Júnior tem 38 anos, é casado com a psicoterapeuta Aline Alves e é pai de Maria Eduarda e Mariana. Assumiu neste início de 2020 o ministério pastoral em substituição a Éber Silva, que foi jubilado. Adonias é filho de pastor, nasceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense e já atuou como pastor sênior em Juiz de Fora (MG), na Baixada Fluminense e também na cidade de São Mateus, no Espírito Santo. Ele conheceu Campos ainda criança, época em que passava férias na casa de parentes. Agora, mora na cidade e lidera quase 2 mil pessoas na Segunda Igreja Batista. Formado em Teologia e Administração, Adonias foi aprovado em concurso público na FAB no ano de 1998 e entregou a farda em 2006. Nessa entrevista, ele fala sobre os desafios à frente da nova igreja e política, caminho que, segundo ele, decidiu nunca trilhar. Mas o que mais gostou de contar foi sobre sua paixão ministerial.

 

O Sr. assumiu há poucos dias uma das igrejas mais importantes e tradicionais de Campos, a Segunda Igreja Batista. O que isso representa para o Sr?

Um grande privilégio! A Segunda Igreja Batista de Campos tem, ao longo dos anos, cumprido a missão de exaltar o nome de Jesus, participando na transformação da história de inúmeras pessoas preciosas para Deus.

Como foi o processo de sucessão pastoral e como surgiu o seu nome nessa ação?

Em uma igreja Batista, é eleita uma comissão (denominada comissão de sucessão pastoral), que recebe as indicações de nomes feitas pelos membros, e a partir de um perfil pré-estabelecido, aponta o candidato a ser considerado. Foi desta forma que o meu nome passou a ser trabalhado como um candidato em potencial a assumir a presidência da SIB Campos.

O Pr. Éber Silva, a quem o Sr. substituiu deixou um legado na instituição. Que mudanças o Sr. pretende implementar para deixar a igreja com sua identidade, digamos assim?

Cada pastor tem seu DNA ministerial próprio, resultado não apenas de estudos, mas também de experiências pessoais com Deus. Acredito que o chamado de Deus para este tempo é que a SIB Campos seja caracterizada como uma comunidade de fé profunda (no relacionamento com Deus e no relacionamento interpessoal), leve (pois não precisamos de mais regras, mas de uma obediência irrestrita aos mandamentos de Deus) e funcional (usando toda a estrutura para servir às pessoas, e não o contrário).

O corpo eclesiástico da Segunda Igreja Batista é grande, fale um pouco sobre ele…

Viver o ministério pastoral é ter a certeza de que não somos donos, mas apenas mordomos. E isso implica acreditar que as pessoas que estão conectadas à igreja que pastoreamos são ovelhas do Supremo Pastor. Sinto-me grato, diante do verdadeiro dono da igreja, trabalhar ao lado de gente qualificada, mas acima de tudo devota a Jesus Cristo.

Como foi a sua conversão ao Protestantismo?

Apesar de ser filho de pastor e ter nascido em um lar cristão, minha conversão se deu no início da juventude, quando decidi não mais viver debaixo da fé dos meus pais, mas confessar Jesus Cristo como meu salvador e crucificar minha autonomia fazendo Dele também o Senhor da minha vida.

Apesar de jovem, o Sr. possui bastante experiência como pastor. Por onde o Sr. passou antes de chegar a Campos e que cargos já ocupou nas igrejas por onde atuou?

Iniciei o ministério pastoral bem jovem, passando por Juiz de Fora (MG), Baixada Fluminense (RJ), São Mateus (ES) e, agora, Campos dos Goytacazes. Apesar de ter exercido a função de pastor sênior em todas as igrejas por onde Deus me permitiu passar, cada uma delas possuía características bem distintas. Acredito que essas diversidades me possibilitaram uma visão maximizada do que uma igreja local pode ser diante dos desafios hodiernos.

Qual a passagem bíblica que mais toca o Sr? Por quê?

Mateus 6. 25-33, pois me encoraja todos os dias a permanecer sob a direção de Deus e tratar como prioridade o que é prioridade para Deus. Ser pastor é uma função nobre e só pode ser executada debaixo da condução do Espírito Santo.

Você é um apaixonado por sua vida ministerial. Fale sobre isso…

Vivo e sobrevivo para contribuir a fim de que Deus construa uma Igreja menos isolada do mundo no qual ela está inserida, mas também menos influenciada pelos valores mundanos que a cercam.Vivo e sobrevivo para fazer parte de uma Igreja mais relevante às necessidades da sociedade, mais compassiva, mais direcionada a alcançar pessoas, em vez de apenas entreter com suas múltiplas atividades.Vivo e sobrevivo para um dia me tornar, juntamente com cada um de vocês, uma Igreja menos materialista, porém mais redentora, mais transformadora. Vivo e sobrevivo para ser uma Igreja que funciona como Igreja não apenas no domingo, mas também nos outros seis dias da semana, uma Igreja que continua sendo Igreja além do estacionamento da Igreja, uma Igreja onde a celebração é um transbordar da vida e presença de Jesus, uma Igreja que não apenas canta algo acerca de Deus, mas acima de tudo canta para Deus, uma Igreja que adora genuinamente e não apenas observa. Vivo e sobrevivo para participar de uma igreja viva, apaixonada por Jesus, altamente frutífera, onde cada pessoa é chamada e capacitada por Deus para influenciar outras a seguirem Jesus, uma igreja cuja essência não se limita ao prédio que possui, uma igreja que desfruta de relacionamento significativo e saudável, relacionamento que permanece em tempos desafiadores. Vivo e sobrevivo para participar de uma Comunidade de Fé, onde o pecado é tratado seriamente, onde a glória é dada somente a Jesus, onde o ensinamento é bíblico, uma igreja onde a adoração é dinâmica, onde os dons espirituais são utilizados, onde a comunhão é intensa, onde a evangelização é eficiente e eficaz, onde as celebrações são alegres e festivas. Vivo e sobrevivo pela visão de uma igreja influente na sociedade, que não se corrompe, que não negocia princípios, que não comercializa suas ovelhas, mas que promove uma revolução, transformando cenários e restaurando histórias, lapidando personalidade e conformando o caráter de pessoas simples ao caráter de Cristo. Esta é a minha paixão ministerial!

Sei que o Sr. é bastante adepto às redes sociais e solidifica seu ministério pela internet. É uma ferramenta para atingir a um público específico?

Tenho aprendido, ao longo de minha jornada pastoral, que é imprescindível a um líder fazer a leitura correta do tempo em que está imerso. Para uma geração chamada de nativos digitais, penso que podemos nos tornar relevantes também anunciando o evangelho nas redes sociais.

No atual cenário político do Brasil, em que cristãos têm ocupado cada vez mais cadeiras no Congresso Nacional, o que o Sr. pensa sobre essa representatividade, visto que muitos brasileiros defendem a ideia de que isso se trata de uma ameaça ao Estado Laico?

 

Minha decisão em votar em um candidato é fundamentada em sua história de vida, idoneidade e projetos de trabalho. Acredito que todo cidadão deva exercer sua capacidade de decisão, escolhendo aqueles que melhor representarão a cosmovisão que possui. Isso ultrapassa, em minha opinião, qualquer outra perspectiva de escolha política que se deve fazer.

Por conta da influência cristã na política, a igreja e os cristãos recebem muitas críticas e até ataques. Isso te incomoda de alguma forma?

A mim, não incomoda. Não é inteligente nivelar por baixo, acreditando que o mal comportamento de um cristão representa todos os discípulos de Jesus. Acredito que devemos e podemos usar tudo o que recebemos para influenciarmos positivamente esta geração com os princípios do Reino de Deus. Alguns serão motivos de alegria, outras serão motivos de vergonha. Porém a Bíblia diz que no final, cada um prestará contas de suas respectivas ações.

O Sr. já atuou na política alguma vez ou tem alguma pretensão de que isso aconteça?

Não atuei e não atuarei. A ordem que recebi foi pastorear o rebanho de Deus. Desde que decidi crucificar minha autonomia e viver integral e incondicionalmente para o ministério, também decidi considerar qualquer outra atividade como menos importante. Não se trata de “pretensão”, mas de uma decisão. A maior tragédia em minha vida será perder a voz profética por ter me envolvido em avenidas paras as quais eu não fui chamado a realizar.